Sete escolas de Bento aderem à greve dos professores estaduais

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Professores da rede estadual exigem do governo do estado o fim do pagamento parcelado

Segundo diretora do Cpers, é a maior paralisação dos professores nos últimos cinco anos. Mais de 1050 alunos serão prejudicados com a paralisação. Pelo menos 70% das escolas gaúchas aderiram à greve

Ao menos sete escolas estaduais de Bento Gonçalves aderiram a greve dos professores. Com salários parcelados e pouco diálogo com o governo estadual, educadores exigem o fim do parcelamento dos salários. É o 21° parcelamento em menos de três anos. De acordo com a diretora geral do Cpers, Juçara de Fátima Borges, a greve é legal e ainda não tem previsão de término.
“A decisão sobre a continuação ou não do ano letivo é do governo estadual. Tudo isso está nas mãos do governador. Ainda não tivemos um sinal positivo sobre garantia de salários sem parcelamento”, lamenta. Juçara confirma que sete escolas da cidade aderiram a greve, sendo que a Escola Estadual de Ensino Médio Mestre Santa Barbara aderiu integralmente.
“O movimento ganhou força em Bento. Nesta sexta-feira, às 14 horas haverá ainda um ato público em frente a coordenadoria de educação. O objetivo é pressionar o governo. Todos estão convidados, entre educadores e alunos”, afirma. Ainda de acordo com a educadora, historicamente Bento Gonçalves não adere à manifestações, mas em virtude da gravidade da situação, instituições da cidade começaram a apoiar o movimento.

Escolas em greve
Colégio Estadual Dona Isabel
Escola Estadual de 1° Grau imaculada Conceição
Escola estadual de 1° Grau General Bento Gonçalves da Silva
Escola Estadual Mestre Santa Barbara (greve integral)
Escola Estadual de Ensino Fundamental Maria Goretti
Escola Estadual de Ensino Fundametal Comendador Carlos Dreher Neto
Escola Estadual General Amaro Bittencourt

Governo diz que greve é ilegal
O governador critica a decisão dos professores do Estado de anunciarem greve por tempo indeterminado, dizendo que “embora compreenda os motivos, lamenta a decisão”. O anúncio veio logo após o governo pagar a menor parcela de salários desde que os parcelamentos começaram, em 2015. No dia 31 de agosto servidores do estado receberam R$ 350. Na última semana o governo voltou a adiar o depósito de uma nova parcela dos vencimentos.
“O parcelamento de salários constrange a todos nós, mas não é fruto de vontade política deste governador ou do nosso governo. Agradeço à imensa maioria dos servidores públicos que, mesmo diante de todas essas dificuldades, segue atendendo à população. Permaneçam, resistam, sigam em frente – e vamos juntos construir uma condição de sustentabilidade para todos”, seguiu.
Sartori, que assumiu o governo em janeiro de 2015, afirma ainda no documento que a situação de crise do Rio Grande do Sul é fruto de “muitos erros históricos”, que seu governo “está procurando corrigir” e critica governos anteriores que adotaram medidas, segundo ele, na linha “da velha política do ‘quanto pior, melhor’”. “O Estado foi se voltando para dentro, criando gastos maiores do que a sociedade tem condições de pagar. Não existe fórmula mágica, e essa situação não se resolve de uma hora para outra”.
O governador ainda afirma que “sempre quis pagar primeiro quem ganha menos, mas ações judiciais movidas por sindicatos de categorias com salários mais elevados” o impediram. “Não me conformo em tratar igualmente os desiguais, ainda mais numa situação como essa. Quem ganha menos sofre mais, e isso é uma injustiça. Antecipo que já pedi novos estudos para que se encontre uma alternativa que amenize a situação dos servidores com salários menores”, complementa.

Estado em crise
Desde fevereiro do ano passado, os salários dos servidores do Poder Executivo vêm sendo pagos de forma fatiada e consecutiva. Em 2015, também houve parcelamento, no início do governo Sartori, mas por dois meses.
Contando com pouco mais de R$ 221 milhões em caixa, a Secretaria Estadual da Fazenda conseguiu creditar apenas as duas primeiras faixas de uma folha líquida que fechou o mês em R$ 1,143 bilhão (sem considerar as consignações e tributos). A Fazenda confirmou também depositou da nona parcela do 13º salário de 2016, o que significa mais R$ 102 milhões.
Já as consignações bancárias, que chegam a R$ 150 milhões, devem ser pagas até o dia 22 do próximo mês.
Os servidores vinculados às fundações receberão os vencimentos integrais no próxima segunda-feira (4), segundo dia útil do mês. A folha dos 5,2 mil celetistas representam R$ 25 milhões.
Antes, a última vez em que os servidores tiveram os salários parcelados, havia sido em 2007, durante o governo de Yeda Crusius.