Sessão legislativa mais uma vez recheada de inutilidades

2015-04-10_190211

Fica difícil exercer o papel de informar e não ignorar que as sessões da Câmara de Vereadores não está cumprindo o papel de legislar. Fora um plano de manejo de uma reserva biológica que faz parte de uma medida compensatória a sessão da última segunda-feira (05) foi de uma inutilidade ímpar

Novas críticas à BM
O vereador, José Antônio Gava desdenha a maior crise pandêmica que mata quase 5 mil pessoas por dia no país e critica os gasto de recursos com a fiscalização dos Decretos de Distanciamento Controlado do Governo do Estado.

O vereador desprovido de amadurecimento intelectual acredita que “se perde tempo fiscalizando espaços públicos como praças, parques e comércio”. Também criticando a migração em busca de oportunidade de trabalho ele acusa que “pessoas, que estão sem provento, acabam invadindo terras públicas para morar. Pessoas vindas de outras cidades e mesmo aquelas que já estavam em Bento Gonçalves. Vamos ter que trabalhar apenas pelo social. Vai ter fila de gente nas sinaleiras pedindo dinheiro. As famílias que vem pra cá, vem sem emprego, três, quatro filhos e já trazem mais os parentes e assim “vem vindo” (sic), sem sequer fez menção de alguma proposição que ele esteja trabalhando para sanar o que ele chama de “problema”.

Em um dos momentos mais confusos do edil, volta a bater no lockdown, ignora que seu próprio partido defende ideologias da esquerda e centro-esquerda, e sugere que o presidente Jair Bolsonaro deveria renunciar ao cargo e deixar que o Partido dos Trabalhadores (PT), ou o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), assumissem o comando da nação.

“Se juntar os últimos dois presidentes, é um pior que o outro, um que começou o mensalão e outro que se lambuzou todo. Acho que o Bolsonaro deveria renunciar sim, porque ele é uma pessoa decente e honesta, considero, e deixar a esquerda assumir lá e quanto pior melhor”, esquecendo que o país atravessa na gestão de Bolsonaro o pior cenário econômico dos últimos tempos e com grandes possibilidade de retrocesso nas conquistas democráticas com um, ainda não descartado golpe de Estado, ensaiado às vésperas do aniversário do golpe de 64.

Crítica ao uso de armas pela Brigada Militar
Gava também voltou a criticar ações da Brigada Militar no município: “não entendo, muitas vezes (sic), porque que um brigadiano entra num estabelecimento com uma arma, ou com uma 12 (arma de grosso calibre). Só tem dois sentidos, ou para intimidar ou para atirar.

Outro motivo não tem”, esquecendo, ou se fazendo de desentendido, que um militar não tem permissão de porte, sendo que a arma de fogo é apetrecho indispensável ao profissional da segurança pública, sendo que o policial não pode, em hipótese alguma, dispensar seu mais importante equipamento de trabalho.

Sabedor que toda a população deve estar consciente das regras do decreto quanto a horários de funcionamento de comércio e distanciamento, o vereador aposta no clichê do coitadismo, defende infratores e critica a BM novamente:“tratar trabalhadores que nem bandido, de entrar no estabelecimento com uma 12 (sic), que não vejo motivo nenhum. Qual a dificuldade de chegar num barzinho desses e dizer que está ilegal e que vai notificar? Precisa entrar com a brigada, polícia, armados, mas pra que (sic)?”

Atirando no próprio pé
Jogando com a desinformação o vereador Anderson Zanella (PP) usou a tribuna para propagar fake nwes quando afirmou:“quando o STF tira o poder do presidente da república e o repassa para estados e municípios. Se o Estado, ao longo de um ano, só se beneficia financeiramente e espera tudo do Governo Federal, não admita sua incompetência e passe o poder aos municípios”.

Não é verdade que o STF (Supremo Tribunal Federal) tenha tirado poderes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no combate à Covid-19 no Brasil, como afirmou o vereador.

Em decisões recentes, a corte entendeu que todas as instâncias da administração pública — governo federal, estados e municípios — têm o poder e o dever de agir para conter o avanço da pandemia.

Outro ponto a ser esclarecido é o inverdade sobre os repasses feitos, pelo Governo Federal, por conta das perdas de arrecadação dos Estados e dos municípios (Lei Complementar 173), recursos que não eram vinculados à saúde, ou seja, o Governo do Estado poderia usar livremente em despesas correntes. Levianamente o vereador não apontou quais valores que foram destinados ou quais gastos seriam irregulares.

“Cada prefeito conhece a sua realidade, cada prefeito sabe onde pode avançar, ou não. Nós nunca tivemos lockdown no RS. O que se tem, é tirar para vilão dois ou três segmentos no estado, que pagam a conta por todos. Se é para fazer lockdown então que se feche tudo, por 15 ou 20 dias, aí sim teremos um isolamento social”, avaliou Zanella.

De fato, o vereador acertou nos dados, pois o RS não fez um verdadeiro lockdown. E, sim, seria preciso fechar tudo pelo prazo mínimo de 15 dias para que se possa observar uma diminuição significativa da circulação dos vírus na população gaúcha. Lockdown é uma medida de bloqueio total que, em geral, inclui também o fechamento de vias e proíbe deslocamentos e viagens não essenciais.

Na onda
Quem entrou nesse mesmo discurso falacioso foi o vereador Jocelito Tonietto (PSDB), que se disse desanimado com as legislaturas brasileiras e indignado com o STF tirar os poderes do presidente da república. “Pelo motivo de “dignação” (sic), nem tinha vontade de vir aqui. Nós como legisladores no Brasil, nós não somos nada.

No começo da pandemia, o STF barra o executivo, que é o presidente, e os poderes vão para os governadores e prefeitos. Mas que palhaçada é essa. Por isso não dá vontade de vir nem falar.”, admitindo a sua parte do “não faz nada”.

Enfim, melhor seria se últimas duas sessões da Câmara não houvessem existidos e os recursos dos salários destes 50% do mês, fossem melhor empregados nas obras de conclusão do hospital da Upa.