Seis explicações científicas de como a música influencia sua vida

2015-04-10_190211
Agora talvez você entenda porque sente vontade de dançar fazendo “passinhos coordenados” quando ouve Modern Talking, ou de morrer chorando quando ouve Henrique e Juliano, ou ainda de sair quebrando tudo que vê pela frente quando toca Ramones

Não é novidade nenhuma que a música tem um efeito quase mágico sobre as pessoas. Algumas nos fazem querer correr uma maratona inteira (qualquer uma do AC/DC), outras nos fazem querer cair na cama e chorar (a Rainha do “descorneamenteo”, Marília Mendonça) e outras fazem até a gente viajar no tempo (Duran Duran). Podemos não saber exatamente porque essas coisas acontecem, mas não é exatamente isso que torna a música tão especial? Sim, e não.
Se você quer saber as explicações para tudo nessa vida, se acomoda melhor aí na cadeira que lá vem história.
A ciência, nossa capitã, tem examinado bem de perto essas e muitas outras questões e chegou a conclusões perfeitamente racionais que explicam alguns mistérios antigos da música. Agora talvez você entenda porque sente vontade de dançar fazendo “passinhos coordenados” quando ouve Modern Talking, ou de morrer chorando quando ouve Henrique e Juliano, ou ainda de sair quebrando tudo que vê pela frente quando toca Ramones.

Por que algumas músicas dão vontade de fazer sexo?
As pessoas têm motivações diferentes para ficarem excitadas, mas a maioria das pessoas vai concordar que as canções de Marvin Gaye têm essa capacidade inerente. Mesmo que seja a primeira vez que você tenha ouvido essa música, confesse: você sentiu alguma coisa. Se ainda não ouviu, tá perdendo tempo!
Por mais estranho que pareça, além de “Let’s Get it On”, o clássico “Bolero” é oficialmente o tema do “partiu cama”, de acordo com uma pesquisa realizada com 2.000 usuários entre as idades de 18 e 91 do aplicativo Spotify.
Dr. Daniel Mullensiefen, um psicólogo de música na Universidade de Londres, explica que ambas as músicas são “suaves e não têm orquestração perturbadora”, o que é uma maneira mais inteligente de dizer que são muito fáceis de ouvir e, portanto, provocam seus órgãos genitais.
Outra coisa conta a favor de “Bolero”: a trilha tem 17 minutos de duração, que corresponde ao tempo perfeito para uma transa – de acordo com o incrivelmente otimista Dr. Mullensiefen.
Também são músicas populares para a hora H: “Take My Breath Away”, “Unchained Melody”, toda a trilha sonora de Dirty Dancing e, literalmente, qualquer uma do Barry White (corre lá e joga no youtube).
Outra coisa que essas músicas têm em comum é que possuem o que o Dr. Mullensiefen chama de “qualidade de circular”. Basicamente, se repetem muito. Portanto, se você for para cama com uma melodia simples, repetitiva (adicionando vocais roucos sensuais), alguém, em algum momento, vai ficar animado. Enquanto isso, apesar de ter sido classificado como “melhor do que sexo” por usuários Spotify, Mullensiefen afirma que “Bohemian Rhapsody” é uma das piores canções para atividade sexual, porque tem muitas mudanças repentinas e seções que exigem sua atenção. Além disso, ela é uma assassina de clima quando os vocais começam a gritar “Galileo!” com todo o ar de seus pulmões. “Love of my life” poderia ser acrescentada nessa lista indicada para o “rala e rola”, mas tem aproximadamente 4min., então, melhor não, né?

Por que algumas músicas grudam na nossa cabeça e não saem mais?
O nome dela é Jeniffer…
Tente ler essa frase sem cantar mentalmente. (Me desculpe por isso).
Se você tem essa melodia presa na sua cabeça agora, pelo menos você não está sozinho. Esses verdadeiros “vermes de ouvido” têm taxas de infecção extremamente elevadas, já pedindo desculpas para quem é fã da música, mas continue lendo, você irá entender.
Um estudo descobriu que 91% sofrem deste mal pelo menos uma vez por semana, e 26% sofrem de com músicas grudadas na cabeça feito chicletes mais de uma vez na semana, o que no Brasil não é muito difícil de acontecer.
Apesar da dificuldade em estudar este fenômeno, já que você não pode consistentemente forçar alguém a ficar com uma música presa na cabeça, alguns pesquisadores foram capazes de determinar características comuns em todas as canções grudentas. Não só elas têm que ser simples e repetitivas, como também têm que ter “alguma incoerência”, como quando o grupo Baha Men canta “Woof, woof, woof, woof” em “Who Let The Dogs Out”. São os próprios cães que cantam ou a pessoa que quer saber sobre os cães?!
Nossos cérebros também parecem gostar de canções que têm notas com durações mais longas, mas intervalos menores entre elas, tornando-as mais fáceis de cantar. Quem não se lembra da terrível “eu quero tchuuuuuu / eu quero tchaaaaaa” ? Misericórdia!
Se uma música não exige NENHUM esforço para ser cantada na vida real, meus queridos “morangos do Nordeste”, ela também exige nenhum esforço para que algumas pequenas partes de seu cérebro a memorizem. Ai se eu te pego…
E você provavelmente deve achar que isso acontece quando ouvimos uma música o tempo todo. Mas o temível efeito-chiclete também acontece quando você está cansado, estressado, ou ocioso que é, naturalmente, o momento ideal para segurar o tchan e iniciar uma playlist infinita de uma música em sua cabeça. Já que você precisa pensar em várias coisas ao mesmo tempo, para o cérebro é mais fácil repetir aquele pedacinho de música chiclete, que já foi decorado, como uma forma de alívio, de fuga para Nárnia.
Felizmente, existem coisas que você pode fazer para se livrar de uma música chata – que não envolvem uma chave de fenda em seu ouvido, ou chutar as caixas de som quando você está passando em frente às lojas de eletrodomésticos do centro da cidade.
Fazer algo relacionado à linguagem, como falar com alguém ou tentar um jogo de palavras cruzadas, pode renovar seus pensamentos e mandar a melodia grudenta para bem longe. Alternativamente, você também pode mergulhar e ouvir a música inteira algumas vezes. Ouvir a coisa toda ajuda a “superar” a música-chiclete. Pelo menos, até alguém aparecer dizendo “e nessa loucura…”

Por que algumas músicas nos transformam?
Se você já foi a um concerto de punk rock, já percebeu que as pessoas mais próximas do palco têm uma tendência a ficarem bastante agitadas. Elas ficam se batendo, surfam na multidão, mostram os peitos para a geral sem o menor pudor e fazem outras coisas que nenhuma pessoa em sã consciência faria sem a influência da música. Isto não é novidade. Mas por que algumas músicas fazem isso com a gente? Porque quando uma música traz para fora o animal que existe dentro de nós, ela realmente está trazendo para fora o animal que existe dentro de nós.
De acordo com pesquisadores da UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles, nos Estados Unidos), a música que compartilha características fonéticas com as vocalizações de animais capta a atenção humana e é exclusivamente excitante.
Você conscientemente sabe que está ouvindo uma guitarra chorar no palco, mas uma parte primordial do seu cérebro está pensando que um animal está morrendo ali. Não é difícil para o raciocínio dar esse salto, na verdade. Ainda mais se a gente pensar no grito estridente de um solo de guitarra de Jimi Hendrix, que soa como um gato selvagem sendo atacado por uma matilha de tambores selvagens.
E o que acontece quando um animal ouve outro animal em perigo? Ele surta. Sua adrenalina atinge picos sinistros, e você tem de escolher se quer ficar e lutar ou correr como se não houvesse amanhã. A música pode provocar uma reação semelhante em um show. Ela pode fazer as pessoas ficarem violentas, podem provocar uma onda de choro e desespero, e podem fazer com que os mais sensíveis sintam tanto a melodia que queiram subir ao palco e pegar um pedaço do cantor.

Que tipo de música nos faz relaxar?
Obviamente, esta pergunta ardente manteve cientistas acordados por noites e mais noites, e verdadeiras guerras foram travadas sobre a resposta…Uns relaxam com The Who, outros com Amado Batista, e outro ainda com Sandy e Júnior. Felizmente, alguns cientistas brilhantes têm se empenhado bastante para colocar um ponto final nesta questão. E a resposta é surpreendente.
E se por acaso fosse um som muito barulhento do Metallica? Sim, por incrível que pareça, macacos da raça Tamarin encontram conforto em músicas do Metallica, de acordo com um estudo realizado pela Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos. Para chegar a essa conclusão, cientistas fizeram 14 macacos ouvir quatro músicas: “Adagio For Strings”, de Samuel Barber, uma peça sem nome para piano de Nine Inch Nails, parte de “O Grito”, de Tool, e uma música heavy metal do Metallica.
Eles queriam comparar como os macacos reagiam a nossa música. Depois deste experimento, descobriu-se que a única música humana que obteve uma reação nos macacos foi justamente a do Metallica – mas em vez de fazê-los bater a cabeça e fazer sinais do diabo com a mão, eles se acalmaram.

Por que isso aconteceu?
A explicação é muito simples. Os macacos têm usos diferentes dos nossos para a função “gritar”. Micos, em particular, têm certos gritos que significam, essencialmente, “Ei, pessoal! Aqui! Estou relaxado!”. Enquanto outros gritos espalham a agitação, estes espalham calma. Então, quando os macacos ouviram a música que tem uma melodia que se assemelha a macacos gritando em um certo nível (só que com a voz suave e linda de James Hetfield), eles ficaram calminhos.

Quantos movimentos musicais POP foram verdadeiramente revolucionários?
Todo mundo acha que sua banda favorita foi a mais inovadora da história. O YouTube é palco de inúmeros debates sobre como INXS mudou o cenário da música para sempre, como o Creed agitou tudo, e (claro) como o One Direction praticamente inventou a música (jura, né?). Na realidade, quem sabe quantos dos movimentos representados por estas bandas foram legitimamente influentes? A ciência, é claro.
E a resposta é: precisamente três (adoramos a ciência).
Pesquisadores da Queen Mary University e da Imperial College, em Londres, estudaram mais de 17.000 músicas da Billboard Hot 100, olhando para coisas tais como timbre, harmonia e mudanças de acordes, e como essas variáveis mudaram ao longo do tempo através da música popular.
Fazendo isso, eles foram capazes de determinar quais movimentos causaram as mudanças mais radicais e permanentes mais ouvidas do mundo da música. Alguns de vocês podem ter adivinhado o primeiro: a invasão britânica, liderada pelos Beatles
Há uma diferença clara e quantificável na música feita antes e depois da invasão britânica, o que significa que quando alguém diz que “os Beatles são superestimados”, essa pessoa está cientificamente errada. Mas, obviamente, revoluções musicais não são necessariamente todas positivas.
O segundo grande movimento que aconteceu no mundo da música foi em 1983, quando bandas como o duo Eurythmics começaram a usar sintetizadores para tudo.
O último foi o surgimento do rap e do hip-hop em 1991, com atos como LL Cool J e Public Enemy trazendo uma mudança maior ainda. Como o rap é falado, as paradas de sucesso foram subitamente preenchidas com canções sem harmonias. Por outro lado, o estudo determinou também que movimentos foram os menos revolucionários.

Por que a música popular fica uma porcaria quando “envelhece”?
Se há uma coisa que quase todos os mais velhos concordam é que a música de hoje é “tudo uma porcaria”.
A música popular atingiu seu pico quando eles eram adolescentes, quando artistas tinham talento de verdade e escreviam do fundo do coração, ao contrário do que vemos “hoje em dia”. Claro. Mas o que é realmente interessante é que isso se aplica não importa quantos anos você tenha.
É quase como se em algum momento de sua vida, um interruptor virasse dentro de você e fizesse com que você odiasse coisas novas. Na verdade, os cientistas conseguiram identificar o exato momento em que ouvir rádio se transforma em uma tortura absoluta: isso acontece aos 33 anos de idade.
Outro estudo realizado utilizando dados de usuários do Spotify determinou que, quando as pessoas estão nos seus 20 anos, elas constantemente param de ouvir música popular no rádio e começam a ouvir música mais antiga. Afinal, elas agora são “adultas sofisticadas que sabem do que gostam, principalmente o que era popular quando elas eram crianças”.
No momento em que você está em seus 30 e poucos anos, você já se transformou em um idoso durão que fica ativamente longe das tendências atuais (das quais você é tão irônico quanto é ignorante). Há algumas razões para esta mudança.
No momento em que você assume a idade adulta, novos gêneros estão ficando populares, e você decide que gostaria de começar a ouvir a música confortável que ouvia durante a sua juventude. Além disso, sua capacidade de distinguir diferentes sons começa a diminuir com a idade, e os seus ouvidos, literalmente, não conseguem lidar com sons novos.
Então, infelizmente, os nossos filhos vão estar certos. A música que eles vão ouvir não vai ser essencialmente terrível; você simplesmente não vai conseguir assimilá-la. E, provavelmente, não há nada que você possa fazer sobre isso.
Então, o negócio é aproveitar enquanto ainda se pode dar aquela “Festa no Apê”, porque a vida é “Trem Bala” e não estamos podendo dar aquela “Paradinha”, (me desculpe por isso também)!