Segundo técnico da Emater, poda de inverno é crucial para garantir safra de sucesso no verão

2015-04-10_190211

Tratamento da planta no período de dormência diminui a quantidade de fungos patogênicos e insetos. Em dias de frio intenso a prática de adubação também funciona de forma satisfatória

O Rio Grande do Sul tem no clima um aliado para a produção de frutas de caroço, como o pêssego. Hoje, o Estado conta com 13 mil hectares cultivados e uma produção estimada em 130 mil toneladas, tanto de mesa como para a indústria. No inverno, as fruteiras estão em dormência, período apropriado para o desenvolvimento de algumas técnicas de manejo visando à próxima safra. No pessegueiro, a poda é imprescindível para garantir uma boa colheita e frutos de valor comercial maior, devendo começar a ser feita ainda no mês de junho.
Abrir a copa das plantas com a poda, favorecendo a entrada de luz e a circulação de ar, vai garantir frutos com boa coloração, boa sanidade, elevados teores de açúcares, o que é desejado tanto para frutos de mesa quanto para a indústria. Além disso, a maioria das doenças fúngicas, nas fruteiras, se desenvolve com maior intensidade quando a planta fica mais tempo molhada. A poda bem feita vai favorecer o secamento mais rápido da copa das plantas e, com isto, diminuir a incidência de doenças.
Cada variedade de pêssego tem diferentes hábitos de floração e, conseqüentemente, formas de poda específicas para se obter boas produções. Tradicionalmente, fala-se em três diferentes tipos de poda para o pessegueiro: de formação, de frutificação e a poda verde e raleio de frutos.

 Thompsson Benhur Didone, enólogo da Emater de Bento Gonçalves

As dicas do técnico da Emater
A poda de plantas no inverno exige cuidados especiais por parte dos agricultores. Para o técnico da Emater, Thompson Didoné, os meses de junho, julho, agosto e setembro são cruciais para garantir uma safra de sucesso no verão. De acordo com o técnico, já começou a poda de frutas de caroço (Pêssego, Ameixa e Nectarina), principalmente de pêssegos. Para ele, a poda é a principal prática cultural feita no inverno.
“Os tratamentos de inverno são importantes para diminuir a quantidade de fungos patogênicos e insetos. É nesse período de frio intenso que a prática de adubação também funciona de forma satisfatória”, diz.
Didoné é cauteloso ao explicar sobre a poda de inverno e garante que tão logo feita a poda, é necessário que se faça a aplicação do tratamento de inverno, justamente para proteger o corte que foi feito na poda e para evitar a entrada de fungo e praga”, afirma.
Ainda segundo Didoné é importante que o agricultor consulte um técnico de confiança para esclarecimentos de dúvidas. “A poda interfere diretamente na quantidade e no tamanho das plantas.
Se o tratamento não for feito de forma correta, aumenta a possibilidade de ter ataque de doenças e pragas no próximo ciclo”, salienta.

Os cuidados com o pessegueiro
No inverno, as fruteiras estão em dormência, período apropriado para o desenvolvimento de algumas técnicas de manejo visando à próxima safra. No pessegueiro, a poda é imprescindível para garantir uma boa colheita e frutos de valor comercial maior, devendo começar a ser feita ainda no mês de junho.
O pessegueiro, como diversas outras espécies, requer a poda para equilibrar o crescimento da planta e manter uma relação adequada entre o tamanho da copa e o volume de produção.
Em princípio, quanto mais reduzirmos os pontos de brotação, maior será o vigor que obteremos no próximo ciclo vegetativo e maiores serão os frutos produzidos. Como não é apenas o tamanho que define o preço e a renda da safra, o segredo é saber qual o ponto de equilíbrio para se obter ótimos frutos e bons rendimentos, avalia o assistente técnico estadual em fruticultura da Emater/RS-Ascar, Antonio Conte.
Uma das dicas da Emater consiste em abrir a copa das plantas com a poda, favorecendo a entrada de luz e a circulação de ar, garantindo frutos com boa coloração, boa sanidade, elevados teores de açúcares, o que é desejado tanto para frutos de mesa quanto para a indústria.
Além disso, a maioria das doenças fúngicas, nas fruteiras, segundo Conte, se desenvolve com maior intensidade quando a planta fica mais tempo molhada. O técnico garante que a poda bem feita vai favorecer o secamento mais rápido da copa das plantas e, com isto, diminuir a incidência de doenças.
Cada variedade de pêssego tem diferentes hábitos de floração e, consequentemente, formas de poda específicas para se obter boas produções. Tradicionalmente, fala-se em três diferentes tipos de poda para o pessegueiro: de formação, de frutificação e a poda verde e raleio de frutos

Poda de formação
A poda de formação é realizada em pomares novos para dar o formato desejado à planta, que pode ser de taça, em Y ou em V, e ainda há o meio cone invertido. O corte é feito nos galhos principais da planta a uma altura entre 35cm e 40cm do chão, facilitando o manuseio da mesma no futuro. Nessa altura, localizam-se os galhos primários que darão o formato definitivo da copa.

Poda de frutificação
É a escolha dos melhores galhos, mais bem posicionados na planta e em quantidade para garantir produção suficiente. Esta poda também visa diminuir o trabalho de poda verde e o raleio de frutos. Ela deve ser feita em período bastante curto e requer muita mão de obra.
A poda de frutificação é feita desde o início da floração e se estende até o final da mesma. Segundo o técnico, a prática não pode ser muito antecipada senão induz a planta a iniciar a brotação, o que a tornará mais sensível a possíveis geadas tardias.
Esta poda visa, também, à retirada de ramos afetados por pragas e doenças remanescentes do ciclo anterior. Galhos secos são prováveis focos de dispersão de doenças, como a podridão parda do pêssego, assim como múmias de frutos que ficaram da safra anterior. Tanto estes galhos como estes frutos deveriam ter sido retirados nas podas verdes anteriores, mas se não o foram devem ser eliminados na poda de inverno.

Poda verde e raleio de frutos
O pessegueiro tem grande capacidade de brotação e, dependendo de seu vigor, necessita de até três intervenções de poda verde para que a copa fique bem arejada e permita uma boa entrada de luz. A qualidade de galhos produtores para a safra do ciclo seguinte vai depender muito da poda verde realizada no ciclo em andamento.
A adubação equilibrada e a poda verde bem executada são fundamentais para garantir a sanidade do pomar. É nesta poda que se retira do pomar todos aqueles brotos e galhos que morreram por podridão parda, bem como aqueles frutos que apodreceram e ficam fixos na planta. A manutenção da copa aberta é uma garantia de sanidade da planta.
O raleio de frutos deve ser feito imediatamente após a queda natural dos mesmos. Os que estão na planta terão um diâmetro aproximado de um a dois centímetros e começaram a endurecer o caroço. Este é o momento ideal do raleio, que deve ser ajustado de acordo com a mão de obra disponível e o tipo de fruta que o mercado exige.
A falta de raleio levará à produção de frutos de tamanho muito pequeno e sem valor comercial quando se destinam ao consumo de mesa. Para fins industriais, às vezes são comprados, mas o preço é bem mais baixo.
No cultivo do pessegueiro as práticas de poda são fundamentais para se ter sucesso na atividade. Por isso, se o produtor tiver dúvidas, é importante buscar assistência técnica para ter mais orientação. Mesmo que se tenha cometido erros nos ciclos anteriores, a versatilidade desta cultura permite algumas correções e a obtenção de bons resultados.

Raleio de frutos
O raleio de frutos na cultura do pessegueiro é uma das práticas mais importantes para obter-se produção de frutos com boa qualidade e com rentabilidade satisfatória. Em geral, a planta fixa muito mais frutos do que o necessário para a produção com qualidade.
Como os frutos competem entre si e também com o crescimento vegetativo por água e nutrientes, o desenvolvimento das plantas e dos frutos fica prejudicado com o excesso de frutos.
De um modo geral, são necessárias 30 a 40 folhas por fruto, e o raleio é feito com base na capacidade produtiva da planta e no tamanho do fruto característico de cada cultivar.

Os objetivos do raleio são:
Aumentar o tamanho, a qualidade e a coloração dos frutos. Com o raleio, a competição entre frutos é reduzida, favorecendo o seu crescimento. Cada fruto necessita em torno de 30 a 40 folhas para a sua adequada formação e crescimento.
Reduzir o custo de colheita, devido à menor quantidade de frutos a serem colhidos.
Evitar quebra de ramos pelo peso excessivo.
Padronizar a qualidade dos frutos na colheita, pela eliminação de frutos danificados por pragas ou doenças ou com algum defeito.
Manter equilíbrio entre a vegetação e a frutificação da planta.
Reduzir o risco de alternância na produção em anos consecutivos.
Diminuir o ataque de pragas e doenças pelo aumento do espaço entre um fruto e outro.
Melhorar a eficiência dos tratamentos contra pragas e doenças.
A época de maior resposta ao raleio é o período compreendido entre a floração até 30 dias após a queda das pétalas. Porém, quando os frutos são raleados muito precocemente, pode haver gasto excessivo de mão-de-obra, já que, neste período, há queda natural dos frutos.
Por esta razão, o raleio pode ser feito mais tardiamente. Recomenda-se fazer o raleio quando os frutinhos atingirem de 1,5 a 2 cm de diâmetro, ou a partir de 35 a 40 dias após a floração.
Nesse momento, pode-se deixar a quantidade desejada e definitiva de frutos por planta. É importante e indispensável deixar os frutos distantes um do outro. Deve-se evitar deixar dois ou três frutos juntos, porque ali se alojam insetos e as doenças são mais danosas.
Começa-se o raleio pelos frutos doentes, menores, mal colocados e os da parte de cima do ramo. Na prática deve-se deixar um fruto a cada 5 a 8 cm e, nos raminhos finos, deixar um fruto ou no máximo dois.