Segundo estudo, meninas acham que meninos são mais inteligentes

2015-04-10_190211

Um estudo sugere que as meninas com idade próxima aos 6 anos, já são levadas a pensar que os homens são mais inteligentes e talentosos que as mulheres. O resultado? Elas se sentem menos motivadas a desbravar novas áreas ou tentar construir carreiras de sucesso.
O fato de esse estereótipo existir infelizmente não é uma surpresa, mas os resultados da pesquisa mostram o quanto isso pode afetar as crianças desde muito jovens. “Dentro da sociedade, em geral, nós associamos um alto nível intelectual muito mais aos homens do que às mulheres — e o nosso estudo aponta que essa relação é absorvida desde muito cedo, a partir dos 6 ou 7 anos”, disse Andrei Cimpian, professor de psicologia da Universidade de Nova York e co-autor da pesquisa que analisou 400 crianças com idades entre 5 e 7 anos.
Na primeira parte do estudo, é contada uma história a meninas e meninos sobre uma pessoa que acreditam ser “realmente inteligente”. Depois, elas são solicitadas a identificar essa pessoa, entre várias fotos de dois homens e duas mulheres.
As pessoas nas imagens se vestem de modo formal, têm idades parecidas e parecem felizes nas fotos. Aos 5 anos, tanto os meninos quanto as meninas tendem a associar o brilhantismo ao seu próprio gênero. Ou seja, as meninas escolhem mais as mulheres e os meninos escolhem mais os homens.
Mas, à medida que elas vão crescendo e frequentando mais as escolas, as crianças parecem passar a endossar certos estereótipos. Com 6 ou 7 anos, as meninas começam a associar muito menos a inteligência a uma mulher.
Na segunda parte do estudo, os pesquisadores apresentaram dois jogos às crianças. O primeiro continha a descrição: “para crianças que realmente são muito inteligentes”.
O segundo era descrito para ser jogado por aqueles que “realmente se esforçam”. Aos 5 anos, tanto os meninos quanto as meninas ficaram mais propensos a escolher o primeiro, para as crianças “mais inteligentes”. Aos 6 e 7 anos, porém, os meninos continuaram dispostos a eleger o primeiro jogo, enquanto as meninas pediram para jogar a segunda opção.
Os resultados da pesquisa mostram que as meninas, a partir dos seis anos, tendendo a achar que não são tão inteligentes quanto os homens, deixam muitas vezes de buscar protagonismos. Isso se reflete em grandes diferenças na vida adulta em termos de aspirações e escolhas de carreira.
“Esses estereótipos desencorajam as mulheres a perseguir uma carreira mais ambiciosa e fazem com que elas estejam sub-representadas em áreas cujos membros valorizam a inteligência”.
Os autores, contudo, apontam que não ficou claro de onde esses estereótipos surgem. Pais, professores, mídia ou o círculo mais próximo de relacionamento são sempre os mais suspeitos, diz Cimpian. Mas ficou evidente que algo precisa ser feito para estimular as mulheres, desde jovens, para que mantenham suas aspirações profissionais.
“É preciso incutir a ideia de que sucesso, em qualquer tipo de trabalho, não é uma habilidade inata, mas sim fruto de esforço e paixão pelo que se faz”, afirma.