Segundo coach, nova geração deve transformar o conhecimento especializado em ação efetiva para obter sucesso

2015-04-10_190211
Thuany Thomé destaca algumas características desses jovens profissionais: dinamismo, conhecimento e habilidades com as novas tecnologias, desapego em relação às fronteiras geográficas e forte responsabilidade social

Jovens que estão iniciando sua vida profissional buscam flexibilidade, dinamismo e qualidade de vida ligada ao trabalho

Uma nova geração de profissionais está chegando ao mercado de trabalho. São jovens entre 14 e 29 anos, que iniciam a vida profissional em meio a grandes mudanças socioeconômicas. O perfil dessa nova geração – que cresceu plugada, em plena sintonia com os inúmeros avanços tecnológicos e com uma incrível facilidade de acesso à informação – não poderia ser mais dinâmico.
Segundo Thuany Thomé, Coach e Diretora Administrativa do Instituto Bordin, esse jovens possuem características bem específicas desta geração. “São dinâmicos, gostam de desafios, possui muito conhecimento, habilidades com as novas tecnologias, desapego em relação às fronteiras geográficas e forte responsabilidade social (demonstram um posicionamento mais coletivo)”. Além disso, são dotados, em sua maioria, de um grande senso empreendedor.
Outra característica desses jovens profissionais é a desconcertante facilidade em mudar de emprego e recomeçar. A nova geração rejeita trabalhos desagradáveis, monótonos ou em locais que não sintam possibilidade de crescimento e valorização. Muitos não compreendem o atual modelo e hierarquia empresarial, e não os aceitam com passividade. Ansiosos, precisam receber constantemente avaliações, retornos em relação aos trabalhos executados e não se importam em trabalhar com pessoas de outras gerações, contanto que seja de igual para igual.
Mas vale destacar que isso não está relacionado com arrogância ou insubordinação, mas em grande parte, com um anseio pela aquisição de conhecimento, pautada por igualdade e respeito e fluidez. “Afinal, com a internet, eles conseguem aprender quase tudo de forma autônoma. Então, é a experiência da troca com outros profissionais que vai oferecer um diferencial, uma vez que atualmente, eles conseguem acesso á informação através de uma infinidade de canais, de modo informal.”, frisa Thuany.
Trabalho e qualidade de vida
Outro ponto que fica evidente nesses jovens é o fato de importarem-se muito mais com a qualidade do tempo de trabalho do que com a determinação de um objetivo estático, estendido até o final da vida. “Eles demonstram a capacidade de reconhecer oportunidades e agarrá-las sem receio, mas sempre buscando atrelar esse ímpeto ao prazer de fazer o que se gosta, à realização profissional que vai muito além da questão financeira”, avalia a coach.
Os novos profissionais que estão chegando ao mercado carregam uma grande necessidade de sentir prazer no desempenho da atividade profissional que escolheram, e essa característica está diretamente relacionada com uma exigência latente de manutenção da qualidade de vida, do bem-estar.
Esses jovens também não costuma dissociar locais e horários de trabalho, ou seja: eles estão conectados o tempo todo e conseguem realizar suas atividades profissionais a qualquer hora e em qualquer lugar, até mesmo deitados no sofá da sala de casa em pleno domingo. Por isso, a tendência de homes office ou escritórios compartilhados é um caminho sem volta.
É um modo de trabalhar que veio para ficar, e que tende a assimilar esse novo comportamento, essa necessidade de flexibilidade de horários e fluxo livre para a criatividade – afinal, segundo essa lógica, boas ideias não têm hora para chegar.
Alias, nesse ponto, surge a chave para compreender essa nova geração: flexibilidade.E Thuany ressalta “Esses jovens profissionais podem oferecer muito às empresas, mas também é preciso uma abertura substancial em relação à cultura empresarial para que essa geração consiga produzir de forma plena, usando todo o seu potencial”.

Poder e trabalho ao longo da história
Thuany chama a atenção para o fato de que, ao longo da história, o poder foi se transformando. “No início dos tempos, era uma questão fisiológica: o mais forte e o mais rápido é que detinha maior poder”. Ela explica que com o desenvolvimento das civilizações, o poder passou a ser atrelado a heranças. “O rei governava com autoridade máxima, e outros podiam conseguir poder por sua ligação com ele. Já na era Industrial, capital era poder, e quem tinha acesso ao capital dominava o processo industrial. Mas hoje os tempos mudaram”, avalia.
Ela ressalta que hoje em dia, temos uma nova geração que está fortemente ligada ao conhecimento “Hoje uma das maiores fontes do poder é derivada do conhecimento especializado, portanto os jovens que focarem em conhecimento especializado e tiverem habilidade para coloca-lo em prática, podem chegar muito longe”, ressalta. Mas alerta. “Eles deve ter consciência de que esse conhecimento é apenas um poder em potencial até que chegue às mãos de alguém com persistência e habilidade suficientes para transformá-lo em ação efetiva”.

As dificuldades de adaptação – para ambos os lados
Mas a nova geração de profissionais costuma sentir um choque em relação ao modelo tradicional de trabalho que, mesmo persistindo, já está em processo de transformação. “A dificuldade entra nas questões de estabilidade, porque muitos desses jovens permanecem pouco tempo no mesmo emprego, e por ter tantas informações acabam por se tornarem um tanto generalistas e ansiosos”, avalia Thuany. E acrescenta. “Eles têm resistência em entender que primeiro devem mostrar sua capacidade para depois sim ser promovidos e ganharem mais”.
Ela esclarece. “Podemos dar um exemplo disso com o futebol. Primeiro o jogador mostra que é bom, e depois de comprovar sua competência pode ser escalado para a copa do mundo. No mercado de trabalho, estes jovens querem primeiro ser escalados para a copa para depois se desenvolverem, o que acaba gerando o sentimento de frustração”.
Por fim, vale lembrar que o mundo vem mudando numa velocidade desconcertante e as adaptações acabam tendo que acompanhar essa agilidade. Mas a tal palavra chave – flexibilidade – tona-se necessária em ambos os lados: empregados e empregadores.
O reconhecimento dos pontos positivos e negativos, a tolerância e a identificação de potencialidades podem sim vir, tanto da parte dessa nova geração de profissionais quanto do mercado que o acolhe. Novos tempos, sem dúvida, pedem novas posturas, um novo olhar sobre o mundo que se apresenta. E quando isso acontece, o ganho acaba se estendendo a todos os envolvidos.