Cesáreas diminuem em 30% na cidade

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Gráfico apresenta queda de cesáreas também no país

O momento do nascimento do bebê é um dos mais importantes na vida de uma mãe. Para que ocorra tudo bem, é necessário que ela seja bem assistida durante o Pré-Natal e auxiliada pela equipe médica durante o parto. O Ministério da Saúde, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), implantou uma estratégia no Brasil que visa princípios da humanização e assistência à mulher. Chamado de Rede Cegonha, o programa garante, entre outros, acompanhamento no parto de livre escolha da gestante e acesso ao planejamento reprodutivo. Com o objetivo de reduzir a mortalidade materna e infantil, Bento Gonçalves aderiu à Rede ainda em 2012, e cinco anos depois, já é possível ver algumas mudanças neste contexto.
Isso porque a Rede Cegonha também divulga e orienta os benefícios do Parto Normal, portanto é possível verificar uma queda no número de cesáreas na cidade. Por exemplo, em 2015 foram realizadas 1144 cesáreas, já em 2016 foram 803, o que significa uma queda de cerca de 30% neste tipo de procedimento. Segundo a enfermeira Evelise Bender, Coordenadora do Programa Saúde da Mulher, os números oficiais do primeiro trimestre de 2017 ainda não foram fechados oficialmente, mas aproximadamente foram 917 partos, sendo que apenas 329 desses, cesáreas. Ou seja, 588 mulheres optaram pelo parto normal, o que significa um percentual 64,12%. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) determina que o índice ideal de cesáreas é entre 25 e 30%, um pouco abaixo do apresentado em Bento (previamente, no primeiro trimestre, 35,88%).
Para a médica ginecologista e obstetra Camila Da Ré Pisani, um dos fatores que também pode ter contribuído para a queda das cesáreas é que o hospital oferece dois plantonistas durante o dia. “Há dois anos são dois plantonistas de dia, por conta do segundo plantonista aumentou o número de partos”, explica. Por outro lado, de acordo com a médica, as gestantes que são atendidas pelo SUS são as que mais optam pelo parto normal, já as que possuem convênio de planos de saúde escolhem entre 80 a 90% pelas cesáreas.
“Através da Rede Cegonha, desde o pré-natal há estímulo pelo parto normal. A estratégia é muito complexa e exige bastante coisas, e o Hospital está aos poucos fazendo as melhorias. Teve uma mudança de estratégia de atendimento, e aumento de métodos de alívio de dor, além da enfermagem mais capacitada para atender a parte obstétrica. Existe uma reforma planejada para o ano que vem, na qual o centro vai passar por uma adaptação para ter mais estrutura para o parto normal e medidas mais humanizadas para das assistência ao parto”, comenta Camila.
A obstetra ressalta, porém, que o ideal seria o SUS fornecer a analgesia de parto (analgesia epidural) gratuita, o que aumentaria ainda mais o número de partos. “Para a mãe e para o bebê a escolha pelo parto normal é melhor, porque ele tem a vantagem da não intervenção cirúrgica. Qualquer cirurgia pode ter complicações. Mesmo assim, o parto pode causar infecções ou sangramento. Mas o lado negativo mesmo, é a dor. Seria ótimo o SUS fornecer a analgesia gratuita”, pontua.

Brasil é vice-líder em cesáreas no mundo
A cesárea começou a ser febre entre as mulheres na década de 70, quando elas aproveitavam a mesma cirurgia para ligar as trompas, como método contraceptivo. A OMS emitiu em 2016, que o Brasil foi o vice-líder em cesáreas no mundo (55,5%), perdendo apenas para a República Dominicana (56,4%). Em contrapartida, o percentual nacional foi abaixo que o registrado em 2014, de 57%. A Agência Nacional de Saúde (ANS) desde 2015 tem tentado diminuir as taxas de cesáreas. No corrente ano, a ANS publicou uma resolução (de número 368), que torna obrigatória a distribuição de um cartão de registro de pré-natal à gestante, no qual consta informações “para que a mulher tenha subsídios para tomar decisões e vivenciar com tranquilidade esse período tão especial (…) Além disso, cabe ainda às operadoras a orientação para que os obstetras utilizem o partograma, documento gráfico onde são feitos registros de tudo o que acontece durante o trabalho de parto”, diz o documento.
Segundo a resolução, não há obrigatoriedade para a gestante optar pelo parto, podendo ela escolher a cirurgia cesariana, desde que assine um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Em 2016, o Ministério da Saúde publicou o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas para Cesariana, com parâmetros que devem ser seguidos pelos serviços de saúde, com a proposta de orientar os profissionais da saúde a diminuir o número de cesarianas desnecessárias.

A história da cesárea

O procedimento chamado “cesariana”, “cesária” ou, ainda, “parto em cesariana” tem sua raiz etimológica na palavra latina“caedere”, que significa “corte”, “cortar”. Outra referência do nome é o de Júlio César, líder da República Romana. Fontes historiográficas garantem que o general foi retirado do ventre de sua mãe, Aurélia, após a morte dela. Médicos da época teriam cortado o ventre dela para retirar César.