Saiba como lidar com um cão ciumento

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Criar um cachorro é muito parecido de como criar uma criança. E quando se sujeitamos demais às vontades do cão também podemos desencadear o ciúme. “Não faça tudo o que ele pede, pois, se sempre for atendido, entenderá que essa atitude é aceitável e fará dela um padrão”, completa a especialista. Um cachorro que passa muito tempo no colo e não tem o hábito de ficar sozinho certamente está mais propenso ao problema, acredita a especialista Carla. Outro ponto importante é que, quando, na ausência dos tutores, o pet fica livre na casa, pode interpretar que tudo aquilo é território dele e que ali é ele quem manda.

De onde vem isso?
São muitas as possíveis causas para o desenvolvimento do ciúme, mas a raiz do problema está no fato de que os cachorros, assim como seus ancestrais – os lobos –, são acostumados a viver em grupos e têm um instinto de proteção.
“Quando eles passam a fazer parte de uma família, começam a vê-la como seu bando”, afirma Adriane Tomimassu, de um Centro Veterinário. A veterinária explica que o cão produz o citocina, hormônio relacionado ao ciúme humano, portanto suas interações sociais também ocasionam o problema, assim como acontece conosco nas nossas relações afetivas.

A culpa é do dono?
Ter um comportamento possessivo é a maneira que os cães – especialmente os mais inseguros – encontram para guardar aquilo que valorizam, seja um brinquedo divertido, uma comida boa ou, principalmente, uma pessoa querida. “Os tutores não são exatamente culpados, mas podem contribuir para o hábito”, opina Malu Araújo, uma adestradora. A profissional chama atenção para a importância de estabelecer limites e impor regras para tornara convivência harmônica. Mas criar um limite não pressupõe repreensões ou broncas, pelo contrário, os cães precisam de autoridade dentro da casa. “O problema surge quando o tutor dá a entender que sua autoridade é contestável, possibilitando que o cão se torne dominante e estipule regras”, acrescenta Adriane.

Acerte no diagnóstico
Os donos muitas vezes não se dão conta de que algumas manias dos pets podem ser sinais de que eles são, sim, animais ciumentos e, por isso, farão tudo para chamar nossa atenção quando notarem um novo elemento em cena – e o pior é que isso pode deixá-los profundamente estressados! Quando você cumprimenta uma pessoa, seu cachorro se enfia entre vocês, pula, late muito, rosna ou mostra os dentes? E quando, apesar de já estar careca de saber qual o lugar certo para urinar, ele faz xixi onde não pode e olha para você como quem diz “estou aqui!”, será mesmo que o mascote esqueceu algo tão básico? Provavelmente ele só está querendo voltar a ser o centro das atenções de todos à sua volta.
Os problemas decorrentes de posse são diversos. Do tipo que o cão fica mais irritado e ansioso, e também pode se tornar ansioso, medroso e tímido. Casos extremos podem trazer prejuízos maiores, como automutilação, isolamento e anorexia.

Como lidar
“Tanto a prevenção como a correção do ciúme excessivo passam por um aumento da frequência de atividades físicas e de atividades de interação com pessoas e outros cães”, afirma o adestrador. Isso sem falar no estímulo às brincadeiras, que deve ser constante. “Quando for alimentar o cachorro, instigue-o a caçar a comida”, exemplifica o comportamentalista.
Um erro comum dos tutores é reagir de forma positiva ao ciúme canino. Abraços e carinhos extras nessas horas só irão incentivá-lo a continuar se portando dessa maneira no futuro. O que os especialistas recomendam é que o dono aja naturalmente, sem dar tanta atenção ao bicho nem recriminá-lo, de forma que ele entenda que sempre terá seu espaço. Há ainda alguns treinamentos que podem acabar com esse contratempo. “E é possível ensinar o animal em qualquer fase da vida, mas é claro que lidar com filhotes é mais fácil, porque não há necessidade de mudar um comportamento já existente”, informa Malu Araújo.
Para evitar que o peludo se aborreça quando o dono assiste a um filme, faz uma ligação ou usa o computador, você pode seguir a seguinte estratégia: conduza-o até sua caminha usando um biscoito ou bifinho e agrade-o. Repita o procedimento até que ele entenda o que deve ser feito apenas com um gesto. Deixe-o ali por 10 segundos e vá aumentando gradativamente o tempo de permanência para a compreensão.
Agora, se o que mais incomoda seu melhor amigo é a presença de outras pessoas “disputando” sua atenção com ele, esforce-se para ignorar os latidos e rosnados, pois atendê-lo nessa hora colocará vocês em um círculo vicioso. Quando o estresse passar, volte a interagir, para que ele associe o contato entre vocês com esse momento de mais tranquilidade. Vale também fazer um passeio antes da chegada de uma visita que já está programada. Pode até ser que a medida não seja totalmente eficaz, mas com certeza os latidos serão menos intensos.