Safra do pêssego deste ano deve ser até 30% menor que 2016

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Segundo Engenheiro Agrônomo, produção deve ser de no máximo 18 mil quilos por hectares. Em 2016 foi em torno de 24 mil quilos por hectare

A safra do pêssego, que encerra em janeiro deve ser marcada por uma produção dentro do esperado. A expectativa do Engenheiro Agrônomo, Alexandre Frozza, é que sejam cultivados em torno de 110 hectares de pêssego em 2017, representando cerca de 18 mil quilos por hectare. Os números devem ser inferiores ao último ano, que teve uma das maiores safras da década. Segundo Frozza, em 2016 foram colhidos em torno de 24 mil quilos de pêssego por hectare. O clima tem sido o principal influenciador da safra.
“No ano passado tivemos uma super safra, muito pelo fato de termos tido um inverno rigoroso e bem definido. Por conta do pouco frio (que interferiu na floração) deste ano a safra está em torno de 20 dias antecipada. O grosso mesmo da safra começou no dia 10 de novembro”, explica.
Frozza comemora, não apenas os números da safra 2017, mas também o maior controle com relação a moscas da fruta. Neste ano foi iniciado o trabalho de monitoramento da fruta para identificar o momento da entrada da mosca, e então repassar as informações para os agricultores. “A maior preocupação dos agricultores agora em diante é em relação a mosca da fruta. Mas a boa notícia é que até o momento não detectamos nenhuma mosca nas armadilhas”, afirma.
Ainda segundo o engenheiro agrônomo, o ideal é a utilização de inseticidas com menor grau de carência. “Os agricultores estão bem conscientes de que é necessário utilizar inseticidas que agridam menos o meio ambiente, e que não tenham produtos tão maléficos para nós que consumimos as frutas”, diz.

Mosca-das-frutas: 8 dicas para combater a praga dos pomares
A mosca-das-frutas é uma praga presente em todo o território brasileiro. Mas, ela causa problemas especialmente no Sul do Brasil, onde há uma concentração de pomares e vinícolas. Os frutos contaminados não podem ser recuperados. Após o depósito dos ovos da mosca na planta atacada, há contaminação por patógenos que causam o apodrecimento dos frutos. Pesquisas indicam que, sem controle e monitoramento, o ataque da mosca-das-frutas pode gerar perdas de até 100% do pomar.

Maneiras de evitar a praga
1 – Como identificar a mosca-das-frutas?
Existem várias espécies de mosca-das-frutas, porém a principal espécie no país, especialmente no Sul, é a Anastrepha fraterculus. “A espécie A. fraterculus apresenta em torno de seis a sete milímetros de comprimento, corpo de coloração amarela e asas com faixas sombreadas escuras na forma de “S” e “V” invertido”, explica Janaína. Nas fêmeas, o abdômen termina numa porção afilada que forma um ovipositor. Dentro dele, fica uma estrutura chamada “acúleo”, utilizada pelas moscas para depositar os ovos no interior dos frutos.
2 – Sintomas da infestação no pomar
Os frutos são prejudicados pela postura dos ovos e por servirem de alimento para as larvas que nascem em seu interior. Ao se alimentarem, as larvas criam galerias nos frutos. Isso altera o sabor, causa amadurecimento precoce, apodrecimento e, em algumas espécies, pode provocar queda e deformação dos frutos. “Além disso, o ferimento realizado durante a oviposição pode propiciar a infecção por fungos e bactérias, tornando-os impróprios para a comercialização e consumo”, afirma Janaína.
Maçãs e ameixas atacadas quando ainda estão verdes crescem deformadas. Algumas cultivares de citrus e kiwi podem sofrer queda dos frutos e com processo acelerado de decomposição. Já uvas, se atacadas no estádio de grão ervilha, no início da compactação dos cachos ou início da maturação, sofrem queda ou deformação das bagas.
3 – Onde a mosca se aloja?
Os frutos são os mais atacados por essa praga. As fêmeas colocam os ovos no interior dos frutos, onde eclodem as larvas que se alimentam da polpa. Após o desenvolvimento das larvas, elas saem do fruto e caem no solo. Lá, formam as pupas, que são outra fase de desenvolvimento das moscas, como um casulo. Depois, emergem os insetos adultos, iniciando uma nova geração da praga.
4 – Quando ocorre?
A infestação por mosca-das-frutas pode ocorrer o ano todo, já que as lavouras de frutas se desenvolvem bem em todos os meses. A temperatura também influencia nas populações de moscas. O ideal para o desenvolvimento delas é uma faixa entre 15,3 e 26,8 ºC. A ação da temperatura sobre a população das moscas não é independente de outros fatores ecológicos. Na época da colheita, quando os frutos encontram-se fisiologicamente maduros, observa-se aumento da população da praga e do número de frutos danificados.
5 – Disseminação
A praga se dissemina através da migração de moscas vindas de outros pomares ou de árvores frutíferas silvestres.
Além disso, frutos descartados durante a produção, temporões ou caídos no solo do pomar são um atrativo que ajudam na multiplicação da mosca. O manejo integrado é a melhor opção para reduzir a população do inseto. Para isso, é necessário técnicas de monitoramento e controle. Mas uma medida simples e que também contribui no combate à praga é o recolhimento dos frutos caídos.
6 – Monitoramento
O monitoramento é uma etapa importante para que o produtor tome decisões sobre como combater a praga. Dependendo do nível populacional das moscas, é preciso realizar alguma forma de controle, como a pulverização. Janaína explica que o monitoramento é realizado com armadilhas que tenham um atrativo alimentar, que pode ser feito de proteínas hidrolisadas ou suco de frutas.
O parâmetro em que o monitoramento deve se basear é chamado de índice MAD, que analisa a quantidade de moscas por armadilha. O nível de infestação aceitável é de 0,5 moscas por armadilha por dia ou 3,5 moscas por armadilha por semana. É recomendado a instalação de armadilhas logo após a floração ou formação dos primeiros frutos (2 a 3 cm de diâmetro). O número de armadilhas usadas vai depender do tamanho do pomar.
7 – Como é feito o controle?
As formas de controle mais comuns da mosca-das-frutas são o uso de isca tóxica ou a pulverização de inseticidas em cobertura total. Essas iscas são aplicadas nas bordas do pomar ou nas áreas de matas adjacentes, para impedir a entrada dos insetos. Por conta da exigência dos países importadores de frutos frescos em relação a ausência de pragas e resíduos químicos, outras formas de manejo menos agressivas têm sido procuradas.
Esse movimento é motivado também por uma conscientização ambiental de consumidores e produtores brasileiros. Janaína conta que uma alternativa é a captura massal de moscas, que consiste na captura do maior número de adultos usando muitas armadilhas na área. Isso contribui para reduzir a população de moscas-da-fruta no pomar e, dessa forma, minimizar os danos. Outra alternativa é o ensacamento de frutos. É uma técnica muito utilizada em áreas cultivadas no sistema de produção orgânica e vem apresentando resultados promissores em várias espécies frutíferas.
O cultivo também pode ser feito protegido com um tipo de telado, usando telas nas laterais e em cobertura, maneira popularmente conhecida como “envelopamento”. Esta é uma técnica relativamente nova e que pode ser uma opção viável para pomares de produção orgânica, se os outros sistemas forem ineficientes.
8 – Controle biológico
É importante que o produtor realize a coleta de frutos caídos e os armazene em valas cobertas por telas, para que retenha as moscas adultas e, ao mesmo tempo, permita a passagem de inimigos naturais, em especial os parasitoides, que são importantes agentes de controle de moscas. Estudos a campo indicam baixo parasitismo natural, portanto, a manutenção de refúgios que propiciem a multiplicação desses insetos é fundamental.