Registrado segundo caso de sobrevivência por raiva humana no Brasil

2015-04-10_190211
Morcego transmitiu doença para 5° sobrevivente da raiva humana no mundo

Um adolescente de 14 anos, morador de Barcelos, na Amazônia, é considerado o segundo sobrevivente da raiva humana no país, segundo a Secretaria de Saúde do Amazonas (Susam). Entretanto, em nota, o Ministério da Saúde informou que ainda não recebeu todos os relatórios neurológicos do paciente.
O primeiro caso foi registrado em 2008, em Pernambuco. De acordo com o Ministério da Saúde, no restante do mundo, existem relatos de apenas mais três casos de cura: dois nos Estados Unidos, em 2004 e 2011, e o outro na Colômbia, em 2008, sendo que este faleceu por outras causas associadas, após atingir a cura.

Caso
Segundo a secretaria, o adolescente foi internado no dia 2 de dezembro do ano passado, na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT) e submetido ao Protocolo de Milwaukee, um tratamento responsável por outros casos de cura da doença registrados no mundo.
De acordo com o Ministério da Saúde, o protocolo estabelece que, após o diagnóstico laboratorial confirmado positivo, deverão ser realizadas mais três coletas de amostras para exame, um por semana, as quais serão suspensas quando houver três amostras negativas. Nesse caso registrado no Amazonas, segundo o ministério, a cura depende da eliminação do vírus rábico no organismo do paciente em tratamento e também da recuperação clínica.

Tratamento
Um dos principais fatores que contribuiu para a cura foi o diagnóstico precoce da doença e a internação imediata. Magela relatou que o adolescente chegou ao hospital consciente, sem nenhum sintoma neurológico, mas foi tratado desde o primeiro momento com o Protocolo de Milwaukee, por conta do histórico de agressões de morcego.
O tratamento consiste na sedação do paciente e uso de medicações – um antiviral e outro medicamento precursor de neurotransmissores, controle da motricidade dos vasos sanguíneos do sistema nervoso central e prevenção de convulsões. No processo, o paciente é mantido em coma induzido, ventilação mecânica e cuidados intensivos de suporte à vida.
Logo nos primeiros dias de contágio, o quadro clínico do adolescente se agravou, característica da infecção viral, ficando em estado gravíssimo, mas após o período considerado crítico do vírus, passou a responder bem ao tratamento.
A melhora clínica tem sido progressiva. Devido à melhora, teve alta da UTI e agora está em enfermaria, tendo acompanhamento de pediatras, fisioterapeutas, nutricionista, neurologista e outros profissionais. Apesar da recuperação, o menino deve seguir internado, por tempo indeterminado, para tratamento das complicações causadas pela raiva humana.

A doença
A raiva é uma doença infecciosa aguda causada por um vírus que acomete mamíferos, inclusive o homem, e é transmitida principalmente por meio da mordida de animais infectados (cães, gatos ou morcegos). Em 2017, foram cinco casos, sendo um em Pernambuco, um em Tocantins, um na Bahia e três no Amazonas.
A pessoa mordida por um animal infectado pode sentir mal-estar geral, febre, anorexia, náuseas, dor de garganta, entorpecimento, irritabilidade, inquietude e sensação de angústia.
Devido ao período de incubação da infecção a recomendação é procurar atendimento médico imediatamente e relatar a mordida ao agente de saúde.