Região Sul registra 23% dos casos de suicídio no país

2015-04-10_190211

A região Sul concentra 23% da taxa de suicídios no Brasil. A porcentagem foi divulgada na quinta-feira (21) pelo Ministério da Saúde, que pela primeira vez, lançou o boletim epidemiológico sobre suicídio no país. No Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, há a maior taxa de mortalidade por número de municípios, embora seja também onde há mais unidades de Centros de Atenção Psicossocial (Caps).
Segundo a diretora do departamento de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Fátima Marinho, “intriga o fato de os casos se registrarem numa área onde há um alto nível de renda, pouca desigualdade”. A região é acompanhada há uma década pelo Ministério, que trabalha com indícios de que o problema possa estar relacionado à cultura do fumo e aos agrotóxicos usados nas lavouras.
“Pesticidas manganês aumentam o risco de provocar danos ao sistema nervoso central”, observa a diretora. “Além do suicídio, a ação do pesticida está associada a outros agravos, que também precisam ser avaliados, como câncer e más-formações congênitas. Esse assunto precisa estar na agenda”, considera.
O objetivo da pasta é reduzir em 10% o número de casos até 2020 e para isso pretende aumentar o número de centros (em 2016, abriu 8 no Estado). Em todo o Brasil, o número de suicídios cresceu 12% em quatro anos, de 10.490 em 2011 para 11.736 em 2015. O lançamento do boletim coincidiu com o Setembro Amarelo, que é a campanha para conscientizar a população e alertar contra o suicídio.

Mais comum em homens, mais tentativas nas mulheres
Entre 2011 e 2016, foram registradas 62.804 mortes por suicídio no país, quatro vezes maior nos homens (79%) que nas mulheres (21%). No sexo masculino, é a terceira causa de morte na faixa dos 15 aos 29 anos. Nas mulheres, é a oitava. O sexo feminino é a que mais tem tentativa de suicídio: 69% contra 31%. 58% delas são por envenenamento e intoxicação. As mulheres são também mais reincidentes, em 31,3%, delas tentam se suicidar novamente depois de uma tentativa frustrada, contra 26,4% dos homens. A forma que os homens mais escolhem para cometerem o suicídio é por enforcamento: 62%.

Risco entre jovens e idosos
O Ministério da Saúde demonstrou preocupação com o avanço da suicídio entre jovens. No mundo, o suicídio é a segunda causa entre a população dos 15 aos 29 anos. Os idosos, de 70 anos ou mais, são outro grupo de alertas, com 8,9 casos para cada 100.000 habitantes. Mas o ministério ressalta que essa população também aumentou e que o índice é alto no mundo todo já que essa população sofre mais com doenças crônicas, depressão e abandono familiar.

População indígena
Entre 2011 e 2015, a taxa de mortalidade por suicídio no Brasil foi maior entre a população indígena, sendo que 44,8% ocorreram na faixa etária de 10 a 19 anos. A cada 100.000 habitantes são registrados 15,2 mortes entre indígenas; 5,9 entre brancos; 4,7 entre negros; e 2,4 morte entre os amarelos.

Fatores de risco e proteção
Os fatores de risco para o suicídio são: transtornos mentais, como depressão, alcoolismo, esquizofrenia; questões sociodemográficas, como isolamento social; psicológicas, como perdas recentes; e condições incapacitantes, como lesões desfigurantes, dor crônica e neoplasias malignas.
Desde 2015, o Ministério da Saúde tem uma parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV), que começou com um projeto-piloto no Rio Grande do Sul. O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail, chat e voip 24 horas todos os dias. Os gaúchos podem ligar gratuitamente, mesmo que pelo celular, para o telefone 188.