Refrigerante aumenta em até 31% as chances de morte prematura, diz nova pesquisa

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Grupo de Harvard analisou as dietas de mais de 100 mil pessoas por 34 anos e constatou que o consumo constante das bebidas açucaradas leva a mais mortes por doenças cardíacas e dois tipos de câncer. Um novo estudo da Escola de Saúde Pública de Harvard confirmou algo que as comunidades médica e nutricional já dizem há tempos: o consumo de refrigerante aumenta as chances de morte prematura – sobretudo por doenças cardíacas e alguns tipos de câncer.

A pesquisa é uma das mais amplas já publicadas sobre o assunto. Os cientistas acompanharam 37 mil homens e 80 mil mulheres durante um período de 34 anos (de 1980 a 2014) e foram informados pelos próprios participantes sobre seu consumo diário de refrigerantes – também foram considerados outros tipos de bebidas gaseificadas e não gaseificadas, mas cuja recorrência na dieta comum das pessoas é bem menor. Eles documentaram, nesse período, mais de 20 mil mortes por problemas relacionados ao consumo de bebidas açucaradas, num universo de 36 mil óbitos por problemas diversos. Foi constatado que pessoas que bebem refrigerantes açucarados duas ou mais vezes por dia têm um risco 21% maior de morrer prematuramente do que aquelas que bebem uma vez por mês ou menos. Mesmo quem toma apenas um copo por dia já tem um risco 14% maior em relação àqueles que não tomam refrigerante ou tomam eventualmente.

O risco é ainda maior se consideradas apenas as mortes por doenças cardíaca. Nesse caso, os fissurados por refrigerante (que tomam dois ou mais copos diariamente) têm 31% mais chances de morrer prematuramente por uma falha no coração. Em média, cada copo de refrigerante consumido diariamente representa um risco 10% maior, dizem os pesquisadores. Em um patamar menor, também foi identificada uma relação entre o consumo de refrigerantes com açúcar e a ocorrência de dois tipos específicos de câncer: de mama e colorretal. Embora a pesquisa se baseie em depoimentos dos próprios participantes – o que pode acarretar em imprecisões ou dados falsos –, os responsáveis pela nova pesquisa estão seguros da sua confiabilidade como referência para questões de saúde envolvendo os refrigerantes. “Não é aleatório. Há uma grande consistência nas informações que encontramos”, diz um dos autores, Vasanti Malik.

Refrigerante diet ajuda, mas não resolve
A pesquisa também avaliou o consumo de refrigerantes adoçados artificialmente – os famosos refris diet. A situação melhora um pouco: trocar um copo de refrigerante comum por um com adoçante diminui em 4% o risco de morte prematura de forma geral, e de 5% o de morte relacionada a problemas cardíacos. Isso não quer dizer que eles sejam benéficos à saúde ou não tragam nenhum tipo de problema. O consumo de quatro ou mais copos de refrigerantes diet aumenta, particularmente entre as mulheres, o risco de morte prematura, em especial por problemas cardíacos, segundo os autores.

Segundo o professor de epidemiologia e nutrição de Harvard, Walter Willett, os resultados são consistentes com os já obtidos anteriormente em relação aos malefícios do açúcar, como a relação dele com o desenvolvimento de diabetes tipo 2 – outra causa comum de morte prematura. Para ele, tantas evidências já conhecidas deveriam servir para embasar políticas públicas que coíbam o consumo excessivo de açúcar. “Os resultados dão suporte a políticas como a limitação do marketing de bebidas doces para crianças e adolescentes e a implementação de impostos para esses produtos, uma vez que o preço cobrado atualmente não considera os custos do tratamento de suas consequências para a saúde”, afirma. Os refrigerantes são hoje a maior fonte de adição de açúcar na dieta diária dos americanos. No Brasil, o consumo da bebida é grande, mas está em queda. A Euromonitor projeta que, em 2022, o consumo no país será 22% menor em relação a 2012.