Rede municipal com falta de professores depois de 35 dias de aula

2015-04-10_190211
Depois de 35 dias de aula ainda faltam professores nas escolas do município

Secretária de educação admite que desde janeiro está chamando profissionais. Dos 233 concursados chamados, assumiram apenas 120

Depois de uma denúncia, de uma professora que não quis se identificar, que a Escola Municipal Professora Liette Pozza, não está com o quadro completo de professores desde o dia 20 de fevereiro e que os alunos estão sendo prejudicados. A reportagem da Gazeta constatou que faltam educadores de artes, além de profissionais das séries iniciais. “Estamos bastante indignadas com tudo isso, e já está fazendo dois meses do início do ano letivo e ainda não estamos com o quadro completo de professores. A Smed só enrola, diz que vai nomear concursados. Eles tiveram dois meses para fazer isso, mas esperaram começar as aulas”, desabafa.
A falta de professores, de acordo com ela, prejudica o aprendizado dos alunos, mas mesmo sem profissionais, educadores de outras áreas suprem a deficiência do quadro. “Os pais não reclamam porque os alunos são atendidos. A escola sempre dá um jeito para gerenciar. Eu trabalhou durante um mês de graça para o município. Todas trabalhavam 20 horas para compensar falta de professores. É um descaso do poder público”, comenta.
A escola Professor Noely Clemente de Rossi também havia registrado deficiência no quadro de educadores no início do ano, mas o problema, segundo a direção já foi resolvido.
A Gazeta entrou diversas vezes em contato com a diretora, mas em todas as oportunidades a informação era de que a profissional estava em “reunião”.
Um pai que não se identificou revela que seu filho tem reclamado por não ter um professor para auxiliar nas tarefas da escola. “Eu trabalho todo o dia, e quando chego em casa sempre converso com meu filho, que desde o início das aulas me fala que não tem professor de artes”, afirma.
O descontentamento do pai, não é apenas pelo filho, mas, segundo ele, por outras crianças que estudam com ele. “Só quero que professores qualificados possam possam fazer a parte deles, não podemos ficar com esse déficit por tanto tempo”, diz.

A explicação da secretária
A secretária de educação, Iraci Vasques se negou por diversas vezes, em várias tentativas, de conversar com a reportagem, limitando-se depois de muita insistência em responder laconicamente por escrito os questionamentos sobre falta de profissionais nas escolas do município.
Em uma nota desconexa a secretária escreveu: “ Desde o mês de janeiro estamos chamando profissionais para fechar os quadros das escolas. Chamamos concursados, poucos assumiram, pois eram de outros municípios.Chamamos dos contratos temporários remanescentes, ninguém assumiu. Passamos a contemplar regimes suplementares, e nesta data está faltando apenas três professores, um da parte diversificada, um de anos iniciais e um de educação física. Na referida escola está faltando o da parte diversificada, mas eles têm atendimento com a professora titular.
Foram 233 pessoas chamadas e assumiram apenas120 profissionais.”
Quando a reportagem foi checar a informação surpreendente que o município está em déficit de 113 profissionais em sala de aula – segundo os cálculos da nota enviada à redação – , a Secretária não respondeu às investidas e a assessora Cibele Zardo, que atendeu ao telefone, disse que a informação da secretária estava errada e que não faltavam tantos professores assim, mas não passou a ligação para Iraci Vasques.