Quase três meses por uma vaga em escola do município

2015-04-10_190211

Pais desabafam sobre demora para matricular filhos em educandários municipais

A população de Bento Gonçalves continua implorando por vagas em educandários públicos municipais. A filha de 15 anos da garçonete (estudante do 9º) Denise Fernandes, moradora do São Roque, foi contemplada com uma vaga apenas na última quinta-feira, 23, após a Gazeta entrar em contato com a Smed. Foram mais de dois meses esperando por uma resposta e nesta semana recebeu a proposta de estudar na Escola Mestre. O desespero de Denise ecoou na Smed por mais de 60 dias, porém, conforme ela conta, durante todo esse tempo foi ignorado.
No início da conversa Denise lembrou de um episódio que aconteceu na Escola Caique em 2012, fato, segundo ela, ignorado pela Smed. No relato da garçonete, a filha, então com 12 anos, quase foi violentada por três adolescentes. “Três alunos tentaram violentar a minha filha no horário do recreio. Eles pegaram ela pelo pescoço, mas pelo fato dela ser grande, conseguiu se defender chutando eles e saiu correndo”, lembra. De acordo com Denise, a direção da escola foi informada do fato, e a polícia foi chamada. A menina, conforme a mãe relata, foi levada para exame de corpo de delito acompanhada apenas pelos policiais.
“O diretor chamou a guarda municipal e a levaram para exame de corpo de delito sem ninguém da escola acompanhar. Na época não aconteceu nada com o menor que tentou abusar dela. Eu relatei o episódio para a Smed, que não tomou providências, apenas conseguiram uma vaga numa outra instituição”, conta. A menor havia sido contemplada com bolsa de estudo, porém, após três anos, perdeu esse recurso, e desde então está sem escola.
“Eu entrei em contato nas últimas semanas e ela me disse que não tinha uma escola para minha filha e que eu teria que aguardar”, conta. A adolescente vai começar o ano letivo atrasada, em virtude da falta de vaga, e caso não conseguisse uma escola ficaria em casa. “A partir de março uma empresa pode encaixar minha filha no Menor Aprendiz, mas se ela não estivesse estudando não seria aceita no programa. O sentimento como mãe é de revolta porque todo ano é a mesma coisa, de ter que esperar”, protesta. Denise garantiu que iria fazer o encaminhamento dos documentos e ir até o Mestre fazer a matrícula.
A auxiliar de cozinha Tais Maciel, no entanto, não teve a mesma sorte. Desde o final do último ano ela busca uma vaga numa creche para sua filha de três anos. “Eu fui na escolinha e disseram que não tem vaga, e na Smed disseram a mesma coisa, mesmo eu explicando que estava trabalhando e não tinha onde deixar. Eu já fui no Ministério Público, que me mandou ir na Defensoria Pública, mas fui informada que apenas após o dia 6 de março eu conseguiria um advogado”, lamenta.
Tais, que recebe um salário mensal de R$ 1100 reais, questiona o fato de uma escolinha do bairro Progresso aceitar crianças de classe média, enquanto não consegue uma vaga para sua filha. “Eu não tenho condições de matricular minah filha numa creche particular, e quando passo em frente a essa escolinha vejo famílias estacionando seus carros para deixar os filhos. Eu só quero uma vaga para minha filha, ela tem esse direito”, protesta.
Uma outra mãe que não quis se identificar, afirmou que a espera por uma vaga perdurou por mais de dois meses.“Foi complicado conseguir vaga numa escola do município, a cidade tira todas nossas esperanças. Consegui a vaga na última semana, mas foi bem difícil”, afirma.
Ainda segundo ela a justificativa do município foi sempre de falta de vaga e que era preciso esperar. “Por sorte consegui essa vaga para meu filho, mas e se ele não tivesse conseguido, o que iria fazer”, indaga.

Explicação da Smed
A Secretária de Educação, Iraci Luchese Vasques informou que não existe excedente de 9º ano e que todos os pais que procuraram a Smed foram atendidos. Em relação a criança de três anos, Iraci disse que a família pode procurar a Smed para obter maiores informações, pois segundo Iraci, no registro de atendimento não consta o nome de Tais Maciel.