Quase 200 animais foram resgatados das ruas de Bento em 2017

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Número baixo de voluntários e ineficácia do poder público estão entre as principais reclamações de Ongs, que trabalham apenas cm recursos próprios

Aproximadamente 200 animais foram resgatados das ruas de Bento Gonçalves em 2017. O número elevado de resgates de cães e gatos refletem o trabalho incisivo de Ongs e entidades da cidade. A Ong Patas e focinhos tem seis anos, e atualmente conta com 15 voluntários. De acordo com a voluntária Simone Lunelli, em 2017 foram recolhidos 64 cães, destes, 54 foram doados, sendo que três morreram. O número de gatos é ainda maior. Segundo Simone, somente este ano as voluntárias recolheram 90 gatos, sendo que 77 foram doados.
Ongs e entidades que protegem os animais tiveram um ano de 2017 trabalhoso. Simone reforça o trabalho realizado. “A ONG é uma instituição de voluntários sem vínculos com empresa ou prefeitura, e a renda para custear o tratamento vem de doações e venda de matérias da própria ONG. Hoje a maior dificuldade é de ter um espaço para o animal recolhido, o que chamamos de lares temporários, além de leis mais rígidas para maus tratos”, comenta.
Ainda de acordo com a voluntária, o processo de adoção funciona através de feiras de adoção, realizadas todos os meses ou por Facebook. “Após o primeiro contato realizamos uma entrevista, em que tem um termo de adoção e compromisso do adotante em zelar pelo animal adotado. É preciso ressaltar ainda que a Ong necessita de lares temporários e também de voluntários”, afirma.
A comunidade Grãozinho de Areia também trabalha apenas com recursos próprios, sem ajuda financeira do poder público. De acordo com a voluntária, Denise Fernandes, 2017 foi marcado, principalmente, pela dificuldade em conseguir voluntários. “Este ano foi bem trabalhoso, e quando achávamos que íamos terminar bem, só surgiram novos casos de abandono. Chegamos a resgatar um cachorro de uma boca de fumo que teve oito filhotes”, conta.
Denise lamenta ainda a falta de ajuda da prefeitura. “Nós não temos ajuda do poder público. Quando pedimos ajuda por três vezes, uma pessoa ligada a prefeitura disse que não havia onde deixar os animais, e nem o que fazer por eles”, lamenta. Ainda de acordo com a voluntária, em 2017 foram realizados 46 procedimentos de castração em cães e gatos, além de atendimentos como consulta, vacinas, tratamentos, internação cirúrgicos terapêuticos, eletro quimioterapia, Raios X e exames, totalizando 74 animais atendidos.

Animais presos em correntes
Está em análise, na Câmara de Vereadores de Bento Gonçalves, um projeto de lei que prevê a proibição de animais presos em pátios com coleiras e correntes. A fiscalização seria realizada pela Secretaria Municipal de Saúde e também pela comunidade, que faria denúncias por telefone. Tutores que infringissem a lei estariam sujeitos a notificação, multa e, por fim, perda da guarda do animal.
Um dos objetivos do projeto é incentivar os moradores do município a cercarem os terrenos para que os animais fiquem livres, sem que seja realizada a prática cruel de prendê-los em correntes para que não fujam.
Os valores arrecadados com multas seriam, segundo o projeto, aplicados em ações de conscientização a respeito da guarda responsável e em programas municipais de bem-estar animal.
A proposta ainda precisa passar pelas comissões técnicas da Câmara para que possa prosseguir para discussão e votação no Plenário. Caso seja aprovada, entrará em vigor 30 dias após a sua publicação.

Maus tratos no Santa Marta
Na última segunda-feira, dia 18, cinco cães foram resgatados no bairro Santa Marta. Segundo relatos de Marcia Manuel, também voluntária da comunidade Grãozinho de Areia, os animais estavam em situação de maus tratos, sendo necessário a presença da Brigada Militar no local. Márcia não poupa críticas a Secretaria do Meio Ambiente, que segundo ela, não tem ajudado em casos envolvendo maus tratos.
“A secretaria de meio ambiente esteve duas vezes no local, e eles constataram superficialmente que estes animais estariam bem. Não fizeram nada para ajudar. A própria secretaria rompeu relações com a gente, porque nós apontamos erros e falhas, e eles não aceitam. Nos viramos sozinhas, sem apoio nenhum do órgão municipal”, explica.
De acordo com a voluntária, os animais resgatados estavam doentes, necessitando de ajuda clínica. Um policial militar, ainda segundo Márcia, foi mordido duas vezes por um dos cães.