Quanto de agrotóxico está em seu corpo?

2015-04-10_190211

Muita vezes, cansados com essas discussões sobre política, deixamos esse tipo de preocupação de lado. A grande questão é a aprovação do projeto de lei apelidado de PL do Veneno, aonde ambientalistas e ruralistas discutem se a avaliação de novos produtos deve ser feita agora pelo Ministério da Agricultura em vez de Ibama e da Anvisa.
Isto coloca em riscos ambientais e de saúde, beneficiando empresários rurais e a indústria química, gerando mais facilidade na regulação e distribuição dos pesticidas. Para isso, alegam melhorar a produtividade no campo…
Em se tratando de agrotóxico, falamos de uma substancia tóxica para ser usada na agricultura, e que significa o mesmo que defensivo agrícola ou pesticida.
O produto mais usado de todos os tempos na agricultura é o glifosato, o ingrediente ativo do RoundUp, da Monsanto, aplicado desde 1974.
A empresa anunciou que o RoundUp é “biodegradável”, “ecologicamente correto”, chegando a alegar que “deixa o solo limpo”. Porém, o produto químico é realmente perigoso para o meio ambiente, aparecendo nas pessoas em níveis alarmantes, com efeitos desconhecidos sobre a saúde humana, especialmente em termos de carcinogenicidade.
O glifosato é usado em grandes quantidades em cultivos transgênicos tolerantes ao produto (RoundUp), e seu uso aumentou quase quinze vezes desde 1996.

Aumento de 1.200%
Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD) testaram em 100 pessoas vivendo no sul da Califórnia durante um período de 23 anos – de 1993 a 2016.
Avaliaram os níveis de glifosato e seu metabólito ácido aminometilfosfônico (AMPA) na urina. Foi usado intencionalmenteo ano de 1994 porque foi quando se iniciaram as culturas transgênicas nos EUA.
O professor Paul Mills, que conduziu o estudo, afirmou que muito poucos participantes tinham níveis detectáveis ​​de glifosato na urina. Mas em 2016, cerca de 70% deles apresentavam níveis detectáveis. Com isso, houve um aumento nesse período do estudo em 500%, enquanto os níveis reais da substância, em µg / ml, aumentaram em mais de 1.200%

Agrotóxico: riscos à saúde
Em 2015, a Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC), classificou o glifosato como “provável carcinógeno” (Classe 2A), com base em “evidências limitadas” mostrando que o herbicida pode causar linfoma não-Hodgkin e câncer de pulmão em humanos, e “evidências convincentes” ligando-o ao câncer em animais.
E no mesmo ano, foi reclassificado como um produto químico conhecido por causar câncer (Proposição 65), exigindo que o produto esteja no rótulo de alimentos, alertando ser um ingrediente potencialmente cancerígeno.
E pior, as pesquisas independentes mostram que o glifosato está agora aparecendo virtualmente em todos os lugares.
A análise revelou glifosato em níveis de 76 μg / L a 166 μg / L no leite materno das mulheres. Conforme relatado pelo The Detox Project, este é 760 a 1.600 vezes superior ao nível permitido pela UE em água potável (embora seja inferior ao nível máximo de contaminantes nos EUA para o glifosato, que é de 700 μg / L).
Esta dose de glifosato em todas as refeições de bebês amamentados é apenas o começo. Um estudo in vitro projetado para simular exposições humanas também descobriu que o glifosato atravessa a barreira placentária.
No estudo, 15% do glifosato administrado alcançou o compartimento fetal. O glifosato também foi detectado em vários alimentos populares, incluindo farinha de aveia, café, ovos e cereais, como soja e milho e até em pimentas.
Sem falar em todas as proteínas de animais criados em confinamentos.
Além disso, o glifosato: afeta a capacidade do seu corpo para produzir proteínas;Inibe bactérias intestinais boas; Compromete a função da enzima citocromo P450 (necessárias para a ativação da vitamina D e a criação de óxido nítrico e sulfato de colesterol); Quela minerais importantes; Compromete a síntese e transporte de sulfatos;Interfere na síntese de aminoácidos aromáticos e metionina, resultando em escassez de folato e neurotransmissores; Interrompe o microbioma intestinal humano e animal, agindo como um antibiótico; Destrói o revestimento intestinal, o que pode levar a sintomas de intolerância ao glúten; Impede vias de metilação; Inibe a liberação hipofisária do hormônio estimulante da tireoide, que pode levar ao hipotireoidismo; Promove doença hepática gordurosa não alcoólica (NAFLD) em animais.
Penetra na medula óssea, ficando estável por cerca de 10 horas, sendo que os glóbulos brancos produzidos durante esse tempo vão para o timo e amígdalas, onde amadurecem. Portanto, o glifosato realmente funciona no nível molecular, afetando não apenas as bactérias, mas também as células do sangue, regulando os genes.

Quanto de glifosato está no seu corpo?
Se realmente você quer saber os seus níveis pessoais, o Instituto de Pesquisa em Saúde (HRI) em Iowa desenvolveu o kit de teste de urina com glifosato, que permitirá determinar sua própria exposição a esse herbicida tóxico.
A boa notícia: você pode se desintoxicar do glifosato do seu corpo com bastante rapidez.
Uma vez que você decida evitar alimentos contaminados com glifosato, ele é rapidamente eliminado pela urina e pelas fezes, desde que você não esteja continuamente ingerindo mais.

Como reduzir a exposição da sua família a pesticidas
Sua carga tóxica está intimamente ligada à sua dieta, já que muitos dos produtos químicos aos quais você está exposto diariamente são contaminantes nos alimentos, como no caso do agrotóxico, e / ou em suas embalagens.
Os alimentos processados ​​não orgânicos irão expô-lo à maior quantidade de produtos químicos e potenciais toxinas, incluindo todo tipo de agrotóxico e organismos transgênicos.
Mesmo os alimentos integrais não transgênicos poderão ter um grau de contaminação.
Medidas para reduzir a exposição da sua família ao glifosato e a outros produtos químicos tóxicos:
Evite culturas dessecadas como trigo e aveia.
Consuma frutas e vegetais orgânicos.
Adicione alimentos fermentados à sua dieta. As bactérias do ácido láctico formadas durante a fermentação podem ajudar o organismo a decompor os pesticidas.
Consuma frutos do mar de água profundas. Opte por variedades de peixe com baixo teor de mercúrio, como o salmão selvagem do Alasca, anchovas e sardinhas, e evite peixes de cativeiro pois consomem rações transgênicas.
Use um filtro de osmose reversa. As fontes de água municipais podem estar contaminadas com qualquer número de toxinas em potencial, então filtrar sua água é sempre uma boa atitude.
Evite o uso de produtos químicos perigosos em seu jardim.
Consuma carne, leite e ovos de animais criados soltos, pastoreando, de preferência de propriedades ecologicamente corretas. Os animais confinados ingerem rações transgênicas, sendo, portanto, uma importante fonte de contaminação.
Fique atento e proteja a sua saúde contra todos os tipos de agrotóxico. Essa é uma atitude necessária nos tempos em que vivemos!