“Quanto custa o Outfit”? Meme do momento viraliza expondo jovens que ostentam produtos de marcas caras

2015-04-10_190211
Em poucos dias, jornais, revistas e Youtubers repercutiram os vídeos que mostram jovens ostentando peças de até R$ 40 mil

Em poucos dias, jornais, revistas e Youtubers repercutiram os vídeos que mostram jovens ostentando peças de até R$ 40 mil

 

Há algumas semanas a web foi bombardeada com memes, paródias, textões problematizadores e até mesmo campanhas publicitárias sobre o viral do momento, “Quanto custa o Outfit”, postado pelo canal Hyped Content BR, do carioca Fellipe Escudero,27 anos, e do paulista Caio Kokubo, 28. Em poucos dias, inúmeras páginas começaram a pipocar o conteúdo na rede. BuzzFeed, Vice, Jornal O Dia, RevistaVersar, além de uma série de canais do YouTube começaram a compartilhar o assunto. A dupla de youtubers tem mostrado nos vídeos uma galera que não poupa dinheiro na hora de se vestir e ostenta sem cerimônia peças exclusivas, que chegam até R$ 40 mil, de grifes de moda urbana como: Supreme, Bape, Nike, Yeezy, Off-White, Gucci e Balenciaga.
Escudero é advogado e Kokubo é videomaker. Eles criaram o canal com o intuito de documentar a cena do street wear, mas também com o objetivo de se posicionar no mercado de produção de conteúdo trends. Os jovens começaram a andar de skate na adolescência e foi assim que se interessaram pelo street wear.
Os vídeos que viralizaram no Brasil, principalmente entre adolescentes, foi inspirado no quadro “How Much IS Your Outfit”, do canal britânico The Unknown Vlogs. Os dois únicos vídeos compartilhadios por Escudero e Kokubo bateram a casa dos milhões de visualizações. Em entrevista para o jornal carioca, O Dia, a dupla se mostrou surpresa com o sucesso repentino.
“Somos um canal de street wear, a gente não imaginava que se tornaria um viral. A gente imaginava que teria alguma repercussão entre pessoas que se interessam por este cenário da moda”, comenta.
Sobre os valores altíssimos em peças como tênis, moletons, jaquetas e acessórios, Escudero descarta o rótulo de consumista e se define como um colecionador de roupas. “Meu objetivo é aumentar o meu acervo pessoal. É muito bom abrir o meu armário e ver as peças que eu sonho lá dentro”, revela.
As inspirações para a galera do street wear, segundo Escudero, vem do hip-hop. “O Kanye West é um dos rappers que mais ditam tendência”, acredita o advogado. Porém para conseguir um ‘outfit’ legal e exclusivo, o morador da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, conta que está sempre nas buscas dos lançamentos nacionais e mundiais das marcas, além de participar de eventos de compra, venda e revenda de roupas.
“As lojas recebem o lançamento e as pessoas compram em grandes quantidades para revender, porque tem desconto. Então, as peças acabam muito rápido. Uma camisa de R$ 2, 5 mil, eu já consegui pagar R$ 700”, comemora o jovem, que também revende as marcas queridinhas da galera.
Quando saiu o segundo vídeo muita gente se surpreendeu porque eles não têm receio de serem apontados como elitistas, tiram é onda e mergulham de cabeça na oportunidade viral. Dessa vez, procurei a dupla na mais pura curiosidade.
“Ter estilo é saber se vestir independentemente de quanto custam as peças que você está usando. Com a repercussão do vídeo “Quanto Custa o Outfit”, as pessoas associaram o hype à ostentação, o que não é a ótica correta para se observar esse movimento. A cena é composta por pessoas que cultuam o design de moda, a exclusividade das peças e a história por trás delas”, disse Escudero.
No segundo capítulo do “Quanto vale um Outfit”, o destaque é uma criança que aparece no final e que tem feito muito sucesso entre os apreciadores dos vídeos. Em entrevista para a revista Vice, a dupla explicou sobre a escolha do menino fazer parte do vídeo.
“Este garotinho é super conhecido na cena, não há uma pessoa que não saiba quem ele é, a diferença é que sua fama tomou proporção nacional. Já conhecemos ele há um tempo, e sempre achei que ele não tinha o reconhecimento que merecia. Como produtores de conteúdo, sabíamos que dado o seu estereótipo e o fato dele ser muito jovem, isso sem dúvida chamaria atenção das pessoas e ampliaria o alcance de nossos vídeos. Sem contar que conhecemos ele e sabíamos que ele queria ficar famoso, ele é muito maduro para idade que tem”, explica a dupla.

A cena no Brasil

Na opinião da dupla, o grande problema é que no Brasil as pessoas têm aversão a tudo que fica famoso, “enquanto está na margem eu gosto, mas agora virou modinha.” O brasileiro faz muito isso, é uma certa soberba de se achar gringo demais pro Brasil. “No exterior, a cena do street wear já é febre, você encontra com facilidade no YouTube e Instagram crianças vestidas dos pés à cabeça com peças das marcas de street wear e high fashion. Aí que está a diferença entre nós e as pessoas que usam este argumento. Nós, de fato, amamos o street wear, continuaremos consumindo o que nos agrada e trazendo conteúdo para nossos inscritos”, argumentam.
Ainda de acordo com a dupla, o que foi feito foi despertar o interesse das pessoas nos produtos, para chamar atenção das grandes marcas como Nike e Adidas para que tragam os lançamentos para o Brasil, que, na opinião deles, são muito escassos.

A aversão aos vídeos “ostentação”

Ao viralizar na internet, os vídeos causaram uma série de reações, desde estranhamento e até mesmo de repulsa e indignação. A maioria das pessoas, no entanto, levou para o lado da descontração, recriando postagens dizendo como se vestiriam.

O evento SOLD OUT

Os meninos e meninas que apareceram nos dois volumes de vídeos com o tema “Quanto custa o outfit” estavam frequentando um evento chamado “SOLD OUT”, que ocorre em São Paulo. Nesse evento, diversas pessoas, principalmente jovens, revendem e trocam itens do estilo street wear.
Porém, como pode ser observado no vídeo, todos os itens são itens de marcas famosas e bastante renomadas entre o público, com preços caríssimos e muito difíceis de conseguir. Essas três características só agregam ainda mais o valor e o hype em cima dos produtos, trazendo consigo uma legião de fãs.

Burger king recria o meme

O Burger King filmou às pressas uma campanha para suas redes sociais onde alguns jovens, imitando bem o estilo de falar e se comportar daqueles que aparecem no vídeo da Hyper Content, descrevem os seus combos e lanches.
Como nas piadas feitas nos Stories do Instagram ou no Twitter, a piada da peça da rede de fast food funciona em cima do contraste entre ostentação e acessibilidade. Por mais que os jovens do comercial apresentem suas refeições como as coisas mais exclusivas do mundo (para não dizer “top”), todos os combos mostrados no vídeo não ultrapassam o valor de 25 reais e contam com um bom número de componentes. A cereja do bolo vem no final, que enuncia “Não é o que você veste, é o que você é.”.

A cultura do “hype” e da ostentação

Nenhuma das pessoas que aparecem no vídeo parecem demonstrar qualquer tipo de vergonha ou receio em contarem os valores que pagaram. Pelo contrário: apreciam e muito toda essa ostentação.
Ao contrário do que se costuma ver habitualmente entre fãs de moda e afins, a ostentação não diz respeito a nenhum item clássico, como jóias, casacos de couro legítimo e similares. Mas sim itens de uma moda mais moderna, urbana, descolada, casual, sport, street, enfim, a chamada street wear.

Governos incentivam outfit solidário

O Governo do Rio Grande do Sul viralizou com a propaganda da Campanha do Agasalho 2018. Usando o mais novo meme das redes sociais, a página valoriza o Outfit solidário.
A postagem, com a frase “Melhor outfit do inverno”, ainda resume “se for ostentar, ostente solidariedade”. A imagem mostra um menino e, ao redor, os valores das peças de roupa que ele usa. Todas de segunda mão ou tricotadas, ou seja: R$ 0,00. A descrição ainda incentiva a doação: “Que tal ajudar a montar um look do dia para alguém que precisa? Apostamos que tem muita coisa legal no seu guarda-roupa =)”. A postagem agradou os internautas e, em 24h, já teve mais de 16 mil compartilhamentos.
Os pontos de coleta da campanha do agasalho do Estado são órgãos públicos estaduais, quartéis da Brigada Militar e Corpo de Bombeiros Militar, Sesc e Senac do Rio Grande do Sul.
Quem também pegou carona foi a queridinha das redes sociais, a prefeitura de Curitiba. A foto traz uma mulher e seu cachorrinho. Entre os preços altos do que ela vestia e usava, uma diferença gritante com o animal: ele está ali para adoção. Afinal, como salienta a publicação: “animais não são mercadoria! Não compre, adote!”, relata o post.

A dupla de youtubers tem mostrado nos vídeos uma galera que não poupa dinheiro na hora de se vestir e ostenta sem cerimônia peças exclusivas, que chegam até R$ 40 mil
Os vídeos que viralizaram no Brasil, principalmente entre adolescentes, foi inspirado no quadro “How Much IS Your Outfit”, do canal britânico The Unknown Vlogs
No segundo capítulo do “Quanto vale um Outfit”, o destaque é uma criança que aparece no final e que tem feito muito sucesso entre os apreciadores dos vídeos
A postagem, com a frase “Melhor outfit do inverno”, ainda resume “se for ostentar, ostente solidariedade”
Quem também pegou carona foi a queridinha das redes sociais, a prefeitura de Curitiba
O Burger King filmou às pressas uma campanha para suas redes sociais onde alguns jovens, imitando bem o estilo de falar e se comportar daqueles que aparecem no vídeo da Hyper Content, descrevem os seus combos e lanches