Quantidade de tempo ou tempo de qualidade: do que seus filhos precisam mais?

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Atividades de lazer, como um jogo, a leitura de um livro, assistir a uma série juntos ou mesmo uma brincadeira no quintal podem finalizar

Não adianta querer compensar os filhos com mais horas de convivência: sem qualidade as relações se tornam cada vez mais vazias

 

O pleno desenvolvimento de uma criança decorre de uma série de fatores. Um deles é uma rotina adequada que envolva estudo, atividades de lazer, auxílio nas tarefas domésticas e, principalmente, um tempo de convivência com os pais.
O problema é que muitos pais se perdem um pouco na dose desse tempo. No anseio de tentar compensar o período em que ficam longe dos filhos – no caso dos pais que trabalham fora o dia todo, por exemplo – alguns pais se esforçam para passar uma maior quantidade de tempo com as crianças, mas nem sempre se atentam à qualidade desse tempo.
Quando o tempo em família é vivido pelos pais com desatenção e falta de exclusividade, os filhos crescem mais inseguros e têm dificuldade de amadurecer. Em muitos lares, essa espécie de compensação que, de certa forma, alivia a consciência de pais ausentes, também vem disfarçada de presentes, excesso de zelo e permissividade, fazendo com que essas crianças se tornem também excessivamente mimadas. Definitivamente, não é disso que as crianças precisam.

Aproximação através da rotina
Não significa que este tempo será só de lazer. Tarefas domésticas, por exemplo, podem ser realizadas com a colaboração de todos os integrantes da família. A preparação do jantar, a arrumação da mesa, a limpeza do espaço, tudo isso pode ser vivido como uma oportunidade de aproximação entre os filhos e os pais.
Após a refeição, os pais podem solicitar às crianças os materiais escolares e a agenda para tomarem conhecimento de como foi o dia na escola. Atividades de lazer, como um jogo, a leitura de um livro, assistir a uma série juntos ou mesmo uma brincadeira no quintal podem finalizar esse curto período de tempo dos pais com seus filhos.
Muitos pais podem dizer: ‘Ah! Mas é tão pouco tempo!’ Mas, se usado com produtividade e estabelecendo regras e limites de convivência será o tempo suficiente e necessário para que a criança perceba que ela é importante, que pessoas como seu pai e sua mãe valorizam sua ajuda, sua presença e aquilo que elas produzem longe deles, na escola, afirma a diretora.

Tecnologia como obstáculo
É preciso que os pais estejam atentos também aos fatores que atrapalham a convivência familiar. Nos últimos tempos, a tecnologia tem se tornado uma verdadeira vilã dessas relações. A criança aprende mais pelo que ela observa do que pelo que a mandam fazer. Se em casa, ela vê os próprios pais distanciados pelo uso excessivo da tecnologia, consequentemente, ela irá repetir esse padrão de comportamento. Esse tipo de atitudes dos pais negligencia seus filhos emocionalmente e o resultado no futuro é uma geração nada resiliente, sem tolerância alguma à frustração, ou seja, pessoas que não conseguirão colaborar para uma sociedade saudável.
Melhor uma ou duas horas diárias com atividades compartilhadas, diálogo sobre o dia de cada um, uma atividade lúdica, como algum jogo, pintura, massinha, etc., cumprimento de tarefas escolares, do que quatro horas juntos no mesmo ambiente nos quais a criança é colocada diante de um aparelho eletrônico para jogar, assistir vídeos e não é envolvida em nenhuma situação que a fortaleça e a ensine o valor das ações de cada um naquele ambiente.
O ideal é que cada família aprenda a organizar sua rotina diária pensando no desenvolvimento das crianças e principalmente no fortalecimento do vínculo familiar. Estabelecer e cumprir horários tais como hora de comer, de estudar, de tomar banho, de dormir e de levantar são imprescindíveis.
Mas a dica principal para os pais é ser presente com verdade e intensidade. Filhos não querem os presentes mais caros, nem os melhores celulares, nem as viagens aos lugares mais incríveis. Esses desejos são uma tentativa de suprir um espaço que está vazio dentro delas e que elas, por sua pouca idade, não conseguem definir o que falta ali. Esse espaço vago no sentimento dela deve ser ocupado pela presença da família.