Professores da rede estadual optam pela greve a partir do dia 15 de março

2015-04-10_190211
Há cinco anos, Bento Gonçalves não presencia adesão em massa dos professores à greve

Decisão, segundo Cpers, condiz com a paralisação nacional convocada pela CNTE, mas diretoria do 12º núcleo do sindicato teme a pouca adesão da categoria em Bento Gonçalves

A opção pela greve por parte dos professores estaduais já era esperada e a decisão aconteceu durante a assembleia geral na tarde da última quarta-feira, dia 08. A paralização tem início marcado para o dia 15 de março, e segue por tempo indeterminado. Conforme informações do Cpers – sindicado da categoria – a mobilização acompanha a paralisação nacional convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação.
A assembleia da categoria aconteceu no ginásio Gigantinho, em Porto Alegre e reuniu cerca de dois mil professores vindos de diversas regiões do estado. A greve já havia sido aprovada pelo conselho do sindicato, fato que levou o tema para votação nesta quarta. Mas segundo a diretora do 12º Núcleo do Cepers em Bento Gonçalves, Juçara Borges, existe um receio de que a adesão no município não seja significativa.
Ela explica que um dos motivos para essa falta de engajamento da categoria no município está relacionado, principalmente, com o alto poder aquisitivo da região. “Aqui, em geral, o salário dos professores estaduais não é a única fonte de renda das famílias. Por isso, os educadores acabam não se mobilizando de forma significativa quando o assunto é greve”, explica. A diretora do núcleo ressalta que há quase cinco anos, Bento Gonçalves não presencia uma adesão em massa da categoria.

Reivindicações da categoria
Juçara reafirma a importância das reivindicações da categoria e chama a atenção para a preocupação com projetos que incluem a retirada de obrigatoriedade do pagamento do servidor público no último dia do mês e do pagamento do 13º salário no dia 20 de dezembro. Segundo ela, a luta pede soluções para questões cruciais como o cumprimento da lei do piso salarial nacional e o reajuste salarial. “Desde que o governo assumiu não tivemos nenhum reajuste no nosso salário e não podemos simplesmente aceitar essa situação”, afirma.
Juçara explica que a classe também está mobilizada contra as reformas da previdência, reformas trabalhistas, e do ensino médio. Segundo ela, as condições de trabalho para os professores estão piorando cada vez mais e é lamentável que o governo ao invés de investir, siga cortando recursos para uma área tão relevante. Em nota oficial, a Secretaria da Educação classificou como “inoportuna” a decisão de greve, alegando que essa medida vai afetar diretamente a comunidade escolar.

Estado complementa folha de pagamento para 82% dos servidores
O governo estadual efetuou na última terça-feira, dia 07, o depósito dos valores (até R$ 1.000,00, líquidos) que complementam a folha de pagamento dos servidores vinculados ao Poder Executivo.
O crédito, referente aos rendimentos de fevereiro, integraliza os salários para quem tem rendimento de até R$ 4.500,00. Segundo a Secretária da Fazenda, isso representa 82% do funcionalismo – aproximadamente 95% do magistério.
Ainda segundo informações divulgadas pelo Governo do Estado, a previsão de complementação dos salários até o próximo dia 13 segue, de acordo com ingresso de receita. No dia 02 de março, foram pagos integralmente os rendimentos dos servidores vinculados às fundações. O montante para a folha de pagamento de mais de cinco mil funcionários chega a R$ 27,4 milhões.
Em fevereiro, a folha líquida do Executivo, mais encargos, alcançou R$ 1,070 bilhão – já contabilizados os cerca de R$ 40 milhões para o pagamento das férias (1/3) da parte restante dos professores (sendo que uma grande parcela já havia recebido as férias em janeiro). Até o momento, a Secretaria da Fazenda reuniu cerca R$ 930 milhões da parte líquida da folha.