Procon alerta sobre riscos de fraudes em compras de produtos na black friday

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Algumas lojas da cidade prometem até 50% em promoções, mas segundo órgão, é preciso cuidar com promessas falsas

A oitava edição da Black Friday, que ocorre nesta sexta-feira (24), deve consolidar o evento como uma das principais datas de vendas do comércio brasileiro. A equipe do Jornal Gazeta entrou em contato com o Procon, além de comerciantes de Bento Gonçalves. Algumas lojas afirmaram que o Black Friday será de cinco dias (Black Week), com produtos de até 50%, já outros estabelecimentos disseram que o máximo de desconto será de 30%, sendo realizado apenas no dia oficial.
De acordo com o coordenador do Procon, Maciel Giovanella, o consumidor deve pesquisar determinado produto antes de realizar uma compra. “Para o consumidor ter um bom êxito na Black Friday é importante que ele faça um acompanhamento no preço do produto que quer adquirir. O ideal é que esse monitoramento ocorra no mínimo seis meses antes da compra, para saber se tem realmente uma promoção verdadeira”, afirma. O trabalho do Procon, segundo Giovanella tem sido incisivo e importante, orientando da melhor forma consumidor. “No último ano não recebemos tantas reclamações em relação a Black Friday, mas no ano passado pelo menos três pessoas que reclamaram foi em relação à compras pela internet”, diz.
A crise econômica tem afetado o poder de compra dos consumidores nos últimos anos. De acordo com o fiscal do Procon, Thiago Duarte dos Santos, no ano passado, foi baixa a procura por produtos da Black Friday, cenário, que segundo ele, deve se repetir este ano. “O consumo das pessoas está mais consciente do que de outros anos, muito em função da crise. Este ano, assim como no ano passado, não devemos ter uma grande procura por produtos”, acredita. O fiscal alerta ainda para páginas falsas na internet. Segundo ele, o Procon de São Paulo fez uma lista com quase 600 sites não confiáveis para compra. Ele ainda informa no momento da escolha do pagamento do produto.
“Indicamos pagamento no cartão de crédito, que é mais seguro. Se o consumidor passar por algum problema, fica mais fácil ajudar se ele pagou no cartão. Na maioria das vezes o banco se nega a fornecer informações ou devolver valor do consumidor quando o Procon solicita”, explica.

Expectativa do comércio
Lojas de diferentes segmentos da cidade estão se preparando para o Black Friday, algumas delas, inclusive, já estão com promoções. Mesmo, com pouco movimentação, os comerciantes acreditam que o número de vendas deve superar o que foi vendido no último ano.
Faltando quatro dias para o Black Friday, uma loja de roupas do centro da cidade já está com descontos. “A promoção é válida por toda semana e com preços variados, dependendo do produto. Na sexta-feira, então, provavelmente ficaremos abertos até às 22 horas. Geralmente não fazíamos a semana toda, mas nesse ano será durante todos os dias”, afirma a gerente do estabelecimento, Denise Bernich.
Os descontos, segundo ela, podem superar os 50%. Com isso, a expectativa é de superar às vendas do ano anterior. “Temos a expectativa de superar no mínimo 10% a mais o número de vendas, comparando com o ano passado. Isso a cada dia, então no final de semana, pretendemos fechar em 50% a mais de vendas”, aposta.
O gerente de uma loja de eletrodomésticos do centro, Jordani Gaio, também acredita num número bom de vendas. Nesta terça-feira será liberado algumas promoções. A loja deve ter até 30% de desconto. Os produtos entram em promoção no decorrer da semana”, comenta. Segundo Gaio, a meta de vendas é de até 3 vezes mais, quando comparado a um dia de vendas sem promoção”, pontua.
Para a gerente de outra loja de eletrodoméstico, o Black Friday é uma grande oportunidade para o consumidor aproveitar promoções. “Vamos ter dois dias de Black Friday e queremos aumentar as vendas. Essa promoção com certeza ajuda a melhorar as vendas. O pessoal vem na loja e já pergunta sobre a promoção especial, com certeza para depois pesquisar valores. Isso é muito bom”, comemora Juçara Valtrich.

A desconfiança do consumidor
As estimativas nacionais apontam um volume de negócios próximo de R$ 2,2 bilhões, 20% a mais que em 2016. No entanto, o consumidor brasileiro ainda demonstra desconfiança com a Black Friday, como revela pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL).
Segundo o levantamento, que ouviu 1.616 pessoas nas 27 capitais brasileiras, 39% dos consultados planejam fazer compras durante a promoção, enquanto 43% também querem comprar, mas vão analisar os preços antes. O índice reflete a dúvida surgida nas edições anteriores de que parte das lojas simulava descontos e, na verdade, cobrava os mesmos preços de antes, ou oferecia reduções muito pequenas.
Apesar da desconfiança, em geral, o consumidor gosta da promoção. Numa escala de 1 a 10, a satisfação com a Black Friday do ano passado foi de 7,3. Em 2015, havia sido 8,5. E 85% dos consultados consideram que valeu a pena comprar na liquidação.
A pesquisa revela também que os consumidores consideram gastar cerca de R$ 1 mil este ano. Smartphones (29%), roupas (28%) e eletrodomésticos (25%) lideram o desejo de compra. Os ambientes preferidos são os sites de lojas nacionais (56%) e os shopping centers (23%). Os consumidores que pretendem comprar apenas no dia da Black Friday somam 40%, enquanto 26% calculam que vão adquirir produtos ao longo de novembro.

‘Black Fraude’
Não por acaso a data acabou sendo apelidada nas redes sociais de “Black Fraude”: a data em que, segundo a piada, os produtos “custam a metade do dobro”. Muita gente também se queixou de produtos que se esgotaram nos primeiros minutos da sexta-feira, mostrando que o produto em oferta era apenas um chamariz para os sites”, diz Diego Campos, diretor de operações do Reclame Aqui.
Outro problema recorrente foram as falhas técnicas nos sites, responsáveis por 21% das mensagens enviadas ao Reclame Aqui no ano passado. Consumidores protestaram, porque os sites ficavam lentos, ou eles eram colocados em filas de espera sem que nunca chegasse sua vez. Para combater a maquiagem de preços e o clima de desconfiança gerado por ela, a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico lançou em 2013 um selo para dar credibilidade às promoções realizadas na Black Friday.