Presidente da OAB nacional pede que procurador responda ao Conselho Nacional do Ministério Público por ofensa à jornalista

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Alexandre Schneider publicou mensagem misógina contra jornalista que foi difamada em CPMI, foi motivo de reunião entre OAB e PGR

Felipe Santa Cruz que é presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil solicitou ao procurador-geral da República, Augusto Aras, “para tratar de ataques de membros do Ministério Público contra jornalistas” e pedir que um procurador que ofendeu a repórter da Folha Patrícia Campos Mello, nas redes sociais, responda por sua declaração.
Schneider postou no seu instagram :“Cuidado para você que quer ser jornalista: não confunda dar furo de reportagem com dar o furo pela reportagem”, em clara alusão a declaração leviana e sem provas de um investigado na CPMI da Fake News.

A acusação do investigado que trabalhava numa empresa que disparava notícias falsas promovendo a campanha de Jair Bolsonaro tem repercutido na imprensa, depois de vários comentários sexistas de e desabonadores do presidente da República e seus filhos. Claramente as declarações do clã Bolsonaro é para levantar cortina de fumaça para desviar a atenção do foco da investigação da CPMI .

Estas declarações incentivaram vários partidários a promoverem nas redes sociais uma enxurrada de ofensas à mulheres que exercem a profissão de jornalistas. “Comuniquei ao dr. Aras nosso inconformismo especificamente com o ataque do procurador Schneider. Eu disse que o corregedor no CNMP já tinha sido informado e disse também da minha expectativa que esse procurador responda por uma declaração sexista, machista, terrível contra uma jornalista, mãe, mulher”, afirmou Santa Cruz em entrevista ao jornal Folha de São Paulo nesta quarta-feira, 19.

Como procurador-geral, Aras preside o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), órgão que fiscaliza a conduta de membros do Ministério Público e é composto por representantes da própria instituição, do Congresso, do Judiciário e da OAB.

Para o presidente da OAB justificou que “se a ele [procurador] cabe a defesa da Constituição, ele não pode usar esse poder que alcançou, via concurso, para ser um elemento de violência, um elemento de ruptura, de ataque”. No entendimento de Santa Cruz, um membro do Ministério Público não pode fazer declarações dessa natureza e alegar que essa é sua posição pessoal.

“Quando ele faz um ataque machista a uma mulher que exerce uma função protegida pela Constituição, protegida pela liberdade de imprensa, ele ali não tem como se separar da função de procurador da República”, afirmou à Folha.

“Nossas instituições terão que evoluir, ainda que nós tenhamos que discutir uma mudança na composição tanto do CNJ [Conselho Nacional da Justiça, que fiscaliza a conduta de juízes] como do CNMP, que são majoritariamente corporativos.”

Ponto importante da reunião do Presidente da OAB , na reunião que teve com o Procurador geral da República foi a decisão de realizar um seminário conjunto entre Ministério Público, OAB e profissionais da imprensa para debater, em maio, a liberdade de imprensa.

Entre os temas, Santa Cruz propôs que se discutam episódios de violência contra profissionais da imprensa e disseminação de fake news. Procurado pela reportagem, o procurador mandou entrar em contato com assessoria do MPF, que não tinha declaração a dar.