Preocupados com o coronavírus até nos sonhos

2015-04-10_190211

Algumas pessoas estão tendo problemas para dormir durante o confinamento: há noites em que é mais difícil conciliar o sono e outras em que despertamos antes da hora. Às vezes até dormimos mais horas, e ainda assim acorda mais cansados. A tudo isso são adicionados, em muitos casos, pesadelos nos quais o coronavírus aparece.

Nestes dias de confinamento, dormir pior é normal, segundo a neurologista Milagros Merino, membro do comitê científico da Sociedade Espanhola do Sono. A médica observa que estamos passando por “muita ansiedade” e “estresse permanente”. Além da preocupação com a situação,ainda precisamos conviver com a incerteza: “Não sabemos quando isso terminará ou como será nossa vida quando terminar”. Diego Redolar, neurocientista e pesquisador dos estudos de Ciências da Saúde da Universitat Oberta de Catalunya, a UOC, concorda e observa que, com o confinamento, “perdemos sinais externos que ajudam nosso cérebro a regular os ritmos circadianos”. A luz e os hábitos sociais (como sair à rua para ir trabalhar ou parar para almoçar) ajudam nosso cérebro a “saber em que momento do dia estamos”. O que inclui a hora de dormir. Muitos desses hábitos se perderam nos últimos dias “e os sinais externos falham”, o que pode acabar afetando a qualidade do sono. A incerteza e a ausência de rotinas claras podem fazer com que seja mais difícil dormir ou que o sono se torne fragmentado, com mais despertares. Como lembra Redolar, podemos acordar angustiados como também é comum que em nossos sonhos e pesadelos apareça a Covid-19.

Sonhos de todos os tipos

Há pessoas que sonham que enfrentam o vírus com um exército, que vão trabalhar em um hospital, que chegam a ter 51 graus de febre e até que um aspirador de pó tipo robô pode espalhar a doença. O nosso cérebro está treinando a simular situações emocionalmente difíceis, para que ensaiemos e antecipemos as reações. Se no dia seguinte nos deparamos com uma condição semelhante, “o impacto será menor” e lidaremos melhor com o problema, tendo já nos colocado na pior situação enquanto dormíamos. O preço que às vezes pagamos em troca desse treinamento é uma qualidade de sono pior. É algo parecido com o momento em que os estudantes na época dos exames sonham que estão atrasados para a aula, sem ter estudado e sem ao menos levar um mísero lápis.