Polícia apreende 68 máquinas caça-níqueis no primeiro semestre

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A Polícia Civil realizou Mandados de Buscas e Apreensão em maio deste ano na Operação Cassino

Combate a crimes dessa natureza tem sido intenso desde o último ano em Bento Gonçalves

A Polícia Civil de Bento Gonçalves já apreendeu 68 máquinas caça-níqueis no primeiro semestre deste ano. Em 2016 foram 116 máquinas apreendidas, quase o triplo de 2015, que teve 49 apreensões. As informações são do delegado da Polícia Civil, Arthur Reguse, que reforça o empenho da polícia no combate a crimes dessa natureza.
“Pode-se dizer que este tipo de crime tem uma atuação relativamente estabilizada, mas levado em conta que as ações da polícia civil tem se intensificado, temos notado uma incidência menor deste tipo de delito”, afirma. De acordo com Reguse, a diminuição de ações exitosas dos criminosos é também pelo fato das pessoas estarem cientes que se trata de jogos ilusórios.
“A população também está aprendendo que este tipo de jogo é completamente manipulado e com a finalidade única de obter lucro aos criminosos. Os laudos periciais dos programas de computador têm demonstrado que o sistema de jogo é totalmente exploratório, com uma taxa de retorno ao jogador de apenas uma parcela irrisória do dinheiro investido”, destaca.

A operação Cassino
Em maio deste ano, policiais civis da 1a e 2a Delegacia de Polícia (DPs) e Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Bento Gonçalves deflagraram a operação Cassino, com cumprimento de três mandados de busca e apreensão na cidade. Foram apreendidas, no total, 18 ceduleiras de máquinas caça-níqueis, 6 pendrives com códigos de jogos, uma arma calibre .38 municiada, e um homem foi conduzido preso até a DPP.
Ainda em 2017, policiais civis da DPPA cumpriram três mandados de busca e apreensão, em continuidade à Operação Cassino com o apoio da 1a e 2a DPs de Bento Gonçalves. Em um dos locais, no bairro Centro, foram apreendidas 19 máquinas caça-níqueis e dois pendrives contendo a programação dos jogos de azar. Em outro local, na Cidade Alta, dez máquinas e um pendrive de programação. Segundo o delegado Reguse, uma pessoa foi detida neste local e conduzida à delegacia.
Em dezembro do último ano, policiais civis das Seções de Investigação da 1ª e 2ª DPs de Bento Gonçalves e da delegacia de polícia de Farroupilha, cumpriram 5 mandados de busca e apreensão.
Em duas residências nos bairros Cidade Alta e Progresso, foram destruídas 28 máquinas caça-níqueis e apreendidas suas respectivas “ceduleiras”. Também foram encontrados papéis com a contabilidade da contravenção. Na ação um homem foi detido.

Dependência de jogos de azar é considerada doença comportamental
Segundo a psicóloga Claudia Guarnieri, a dependência por jogos de azar (que inclui carteado, pôquer, bingo, cassinos, corrida de cavalos, etc) é entendida como uma doença comportamental de adição, semelhante à dependência química dos usuários de drogas e álcool, cleptomania, compulsão alimentar, entre outros.
Entretanto, jogar eventualmente qualquer um destes como momento lúdico/de distração, é reconhecido como normal. “No entanto, sentir necessidade de jogar todos os dias; ter dificuldade para parar de jogar; deixar de realizar outras atividades para jogar acarretando em prejuízos sociais e, tendo possibilidade de perder o que tem e, muitas vezes o que não tem; jogar para recuperar o dinheiro perdido, levando o indivíduo a aumentar a quantidade de apostas; supervalorização dos êxitos e minimização dos resultados negativos; intolerância para perder o jogo; mentir para continuar jogando, etc., é entendido clinicamente como uma compulsão irrefreável de jogar e, por isso, patologia”, explica a psicóloga.
“Normalmente os comportamentos aditivos estão ligados a uma atitude impulsiva e compulsiva, ânsia irresistível de repetir o comportamento pela sensação de prazer, perda de controle sobre si, negação da gravidade do transtorno, entre outros. Estes, por sua vez, refletem uma tentativa do indivíduo de preencher vazios existenciais. É uma busca de sentir-se vivo, uma sensação ilusória de recuperação da autoestima”, avalia.
Para Claudia, alguns aspectos internos que levam para a formação do vício: ânsia para fugir da solidão. “Mesmo que o jogo seja online, o indivíduo está ‘acompanhado’ de outros jogadores, além da expectativa de que será contemplado pela sorte e, por isso, a persistência em continuar tentando; pensamento mágico de que irá enriquecer e, como consequência, terá o prestígio de outras pessoas; e sensação de poder e de felicidade”.
Claudia orienta que o ideal é que os familiares e o próprio jogador patológico assumam a perda de controle pelo jogo e procurem orientação de profissionais especializados em saúde mental.
“O tratamento consiste predominantemente em psicoterapia, uma vez que se trata de uma dependência comportamental. Através de técnicas, o profissional irá ajudar o jogador a desenvolver habilidades de enfrentamento e autocontrole, reestruturação de crenças, mudanças de hábitos, entre outros. A doença muitas vezes está associada a outros transtornos, como depressão, transtorno de humor bipolar, fobias e transtorno obsessivo compulsivo. Nestes casos, a psicoterapia deverá estar associada com avaliação psiquiátrica”, indica a profissional, concluindo que a orientação familiar, também é imprescindível, uma vez que eles são considerados co-terapeutas neste tratamento.