Podas no sistema latada

2015-04-10_190211

O sistema latada tem sido o mais utilizado na condução das parreiras nas regiões tradicionais de cultivo no Sul do Brasil, em áreas de uvas para processamento ou consumo in natura de origem europeia, americana ou híbrida.
Nesse sistema, as principais podas são:

Poda de formação (ano do plantio ou enxertia)
Realizada no ano do plantio, a poda de formação é a responsável por dar a forma e estrutura definitiva das parreiras no vinhedo. Ela é feita em algumas etapas:
Após o plantio, o principal broto é conduzido até atingir a altura da latada, quando deverá ser feito o cegamento (retirada) das gemas ou o desbrote (retirada dos brotos), lembrando de deixar as folhas. O desponte da planta deve ser feito de 7 a 8 cm abaixo do arame. A partir deste ponto do desponte surgirão novos brotos, sendo que os dois primeiros devem ser conduzidos, um para cada lado no arame.É possível conduzir todas as plantas somente para um lado, ao invés de conduzir dois brotos para formarem os braços principais. Essa escolha dependerá da incidência, força e direção dos ventos, declividade do terreno e fertilidade do solo.
É importante observar que nesse caso, geralmente, as plantas ficam mais vigorosas.
2) Dada a importância dessa fase, no momento de escolher os ramos para condução, dar preferência para as varas mais férteis e uniformes, a fim de garantir a boa formação da estrutura principal da planta.

Poda de formação
1o ano
Na época da poda (inverno/antes da brotação), os brotos que foram conduzidos no ano anterior deverão ser podados com aproximadamente 6 a 8 gemas, mantendo um esporão para cada gema. Para manter a planta firme e evitar quebra com ventos, deixar uma vara de cada lado. As gemas dessas varas, cuja finalidade é somente firmar a planta, devem ser retiradas para não roubar energia da parreira, que deve engrossar seus braços principais, isto é, os dois primeiros ramos.
Poda de formação – 2o ano
No 2o ano, é importante alongar os braços principais e retirar as varas deixadas para fixação da planta no ano anterior. Nesse momento, então, deve-se deixar mais algumas gemas em cada braço principal, até que encontre o ramo que vem da planta vizinha, chegando a aproximadamente 70 a 80 cm. Nos vinhedos conduzidos para um lado somente, o braço pode ser alongado com mais gemas a cada ano.
Em ambas as situações, os ramos melhor localizados (não tão verticais e nem voltados para baixo) devem ser escolhidos para serem conduzidos e amarrados como varas de produção, não esquecendo de deixar, para cada vara, um esporão de 2 gemas. O total de varas e esporões dependerá do vigor da planta e da estrutura formada no primeiro ano, mas geralmente, na poda mista, deixa-se, em cada braço, 3 varas com 5 a 7 gemas cada e até 6 esporões, de 2 gemas. Em plantas mais vigorosas deixa-se menor número de varas, porém mais longas. A distância adequada entre as varas é de 30 a 40 cm nas regiões mais frias e de 20 a 30 cm em regiões quentes.

Poda de produção
3o ano em diante
A partir do 3o ano, as podas são bastante semelhantes. No caso da poda mista, será a alternância entre a seleção e escolha de varas e esporões mais sadios e melhor localizados na planta. O ideal é sempre manter a estrutura da planta até o primeiro arame da latada para concentrar a produção de cachos e evitar a tendência de gemas cegas.
Restringir o crescimento lateral das varas ajuda a concentrar a produção e localização dos cachos, que também têm a tendência de serem maiores. Dessa forma, as sucessivas podas de frutificação resumem- se em eliminar as varas que já produziram e substituí-las por outras originadas dos esporões.

Sistema espaldeira

No sistema espaldeira, mais utilizado para a produção de uvas Vitis vinifera para processamento ou em pequenas áreas domésticas, existem diferentes maneiras de poda que podem ser escolhidas conforme as variedades.
Poda de formação
A poda de formação no sistema espaldeira é praticamente igual à realizada no sistema latada. O broto principal da planta deve ser despontado quando chegar ao primeiro arame da espaldeira, sendo que as duas brotações novas devem ser conduzidas uma para cada lado, ou, escolher somente uma para condução unilateral. No 2o ano, deve ser feito o alongamento dos braços, deixando-se varas com 3 a 5 gemas no final do ramo.

Poda de produção
Na espaldeira há dois principais sistemas de poda de produção: o cordão esporonado e o Guyot:
-Cordão esporonado: nessa opção, não são deixadas varas, exceto nos primeiros anos quando se deseja alongar o braço principal da planta. Deve-se podar de modo que fiquem de 5 a 7 gemas (esporões de 1 gema) por braço e que a estrutura da planta seja somente o braço principal.
-Guyot: é a poda mista da espaldeira, ou seja, são deixados 1 esporão e 1 vara arqueada por planta (guyot simples) ou 2 esporões e 2 varas arqueadas por planta (guyot duplo). Pode ser realizadas em todas as variedades.

Poda na direção dos ventos
Essa é uma observação muito importante a ser feita desde a poda de formação: orientar os ramos na mesma direção dos ventos. Isso evita a quebra de ramos e queda de flores, ou seja, favorece a formação da estrutura da planta desde o início do vinhedo até, inclusive, às podas de formação. O produtor também deve priorizar o plantio de quebra- ventos.

Poda de renovação
A poda de renovação é um tipo de poda feita em plantas mais velhas ou que, por algum motivo, tenham muitos galhos “cegos”, isto é, sem gemas para brotação, ou com ramos doentes. Nesse caso, é interessante podar os ramos curtos e forçar a brotação de gemas basais, para renovar com galhos novos, diminuindo o tamanho da planta.
Para evitar muitos “galhos cegos”, é importante observar a localização das gemas e nunca deixar varas muito longas, que prejudicam a brotação das primeiras gemas. A madeira proveniente da poda de renovação deverá ser retirada do parreiral, pois pode ser fonte de inóculo de doenças.
Repoda em caso de granizo e geada tardia
Em algumas situações é necessário fazer a “repoda”, para retirar ramos prejudicados por intempéries como geadas e granizo.
Nessa prática, a planta somente refará sua estrutura e dificilmente haverá colheita na mesma safra; mesmo assim, é importante que seja feita para garantir à planta um reequilíbrio vegetativo e a fertilidade de gemas para a produção nos anos seguintes.
A repoda deve ser feita logo após o dano de granizo ou geada, especialmente se ocorrerem no início do ciclo (antes da frutificação).

Número de gemas brotadas
O número de gemas que brotam em determinadas cultivares varia conforme a genética, mas é influenciado principalmente pelo clima do local e as condições meteorológicas do ano. Em situações com invernos amenos e sem acúmulo uniforme de frio, a brotação tende a ser mais irregular, com dominância de brotação nas gemas mais apicais.
Portanto, nesses casos, recomenda-se uma poda mais curta, com maior número de esporões por planta e varas com menos gemas, ou a indução com produtos químicos para quebra de dormência. A contínua baixa brotação pode ser indicativo de que a variedade cultivada não é adaptada ao local.

Poda em : Y e Lira
A lira é um sistema também chamado de espaldeira dupla, dessa forma, cada um dos lados da lira pode ser podado da mesma forma que uma espaldeira simples. No caso do sistema Y, que pode ser considerado como uma latada vertical, a poda segue as recomendações do sistema latada, conduzindo as varas até o segundo arame no máximo e tomando o cuidado para os braços não ficarem muito verticalizados (no máximo 45o).
Em ambos, lira e Y, é importante evitar que os bro