Planta da Amazônia é testada no combate ao Aedes aegypti

Monte Belo 2015-04-10_190211

A Piper aduncum é conhecida popularmente como pimenta-de-macaco, jaborandi-do-mato ou aperta-ruão

O nome científico Piper aduncum, pode se tornar a nova uma alternativa para combater o mosquito Aedes aegypti, que transmite doenças como dengue, febre amarela, chikungunya e zika vírus.
Pesquisas realizadas em Manaus com essa planta, numa parceria entre a Embrapa Amazônia Ocidental e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), têm contribuído com estratégias para desenvolver bioprodutos para controle do mosquito Aedes aegypti.
Um dos focos de interesse na Piper aduncum é seu alto teor de dilapiol, substância com efeito inseticida já conhecido. Essa substância, definida na química como um fenilpropanoide, vem sendo testada em vários estudos científicos e tem demonstrado também atividade fungicida, moluscida, acaricida, bactericida e larvicida para diversos organismos. A pesquisa com piperáceas já apresenta resultados promissores

Eficácia
No decorrer dessas pesquisas, a química isolou princípios ativos da planta e modificou a combinação de algumas moléculas, transformando-os em derivados semissintéticos, uma estratégia que permite acrescentar vantagens em relação à forma natural da substância como, por exemplo, aumentar a sua forma de ação.
A partir desses compostos foram feitos testes em larvas e em insetos adultos do mosquito Aedes aegypti e em larvas do mosquito Anopheles darlingi (que transmite malária). Os melhores resultados de Piper aduncum foram contra o Aedes aegypti, segundo Ana Pinto. De 15 substâncias derivadas de Piper aduncum, cinco foram selecionadas com melhor efeito no controle do mosquito.
Com esses derivados de Piper aduncum foram testadas várias concentrações da dosagem até perceber que com algumas delas os mosquitos adultos morriam em 15 minutos. Com o uso dessas formulações-base, foi desenvolvido um creme repelente e iniciada a elaboração de um spray para ambiente e de um produto larvicida.

Produção em larga escala
Por se tratar de uma planta bastante promissora, a Embrapa vem realizando pesquisas agronômicas com a Piper aduncum para adaptar seu cultivo em escala, assim como vem realizando estudos com o óleo essencial para seu uso contra pragas na agricultura e também para combater mosquitos transmissores de doenças.
As atividades são desenvolvidas em campo experimental e em laboratório. No campo, são conduzidos estudos agronômicos sobre técnicas de propagação, adubação, espaçamentos, época de corte, secagem e a influência dessas técnicas na qualidade química do óleo essencial de Piper aduncum. No Laboratório de Plantas Medicinais e Fitoquímica, é feita a extração do óleo essencial, que é repassado a pesquisadores de instituições parceiras para análise da atividade dos compostos químicos presentes na planta.

Cultivo
A Piper aduncum é conhecida popularmente como pimenta-de-macaco, jaborandi-do-mato ou aperta-ruão. A planta é nativa da região Amazônica, onde pode ser localizada em áreas de borda da floresta, mas também ocorre em outras regiões brasileiras tropicais. A exemplo de outras plantas, o nome popular varia nas regiões e às vezes um mesmo nome se refere a plantas diferentes, o que pode levar a erros de identificação.
Na possibilidade de vir a ser utilizada para elaboração de bioprodutos, seria necessário o cultivo para a produção em escala e para garantia da matéria-prima correta e com rendimento adequado em óleo.
Segundo esse estudo, para obter mais óleo essencial da Piper aduncum e maior porcentagem de dilapiol, o corte da planta deve ser feito aos 12 meses de idade após o plantio, com espaçamento de 1,0 m x 1,0 m a 1,0 m x 1,5 m, e outros cortes podem ser repetidos a cada quatro meses após o primeiro corte.