Pesquisadores brasileiros avançam no tratamento do Alzheimer

2015-04-10_190211



Substância pode abrir caminho para um tratamento mais eficaz de uma doença sem cura

Um estudo realizado por cientistas brasileiros identificou uma substância sintética que se mostrou capaz de melhorar o funcionamento do cérebro e restaurar a memória perdida devido ao mal de Alzheimer. Embora os dados se refiram a testes com animais, abre-se uma porta para um tratamento mais eficiente quando falamos de uma doença até agora sem qualquer terapia eficaz.
Publicado no prestigioso periódico internacional Science Signaling, o trabalho foi realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade de Nova York. Segundo explicam os cientistas, a substância realmente mantém o processo de formação da memória funcionando. Ela não atua sobre a causa do mal de Alzheimer, mas sobre as consequências. É como se o Alzheimer fosse uma pedra que bloqueia uma estrada. A droga não tira a pedra, mas abre um desvio seguro.

O mal de Alzheimer avança no mundo. Estima-se que 40% das pessoas acima dos 85 anos sofram de demência e o Alzheimer representa 70% dos casos. No mundo são 35 milhões de pessoas, um milhão das quais no Brasil. Ainda assim, pouco se tem conseguido para combatê-lo. A última droga aprovada é de 2003 e tem ação muito reduzida. Na melhor das hipóteses, retarda por um ano o declínio do cérebro.
A substância identificada se chama ISRIB e foi desenvolvido por cientistas da Universidade da Califórnia em 2013. A ISRIB estimula a produção de proteínas, um processo conhecido como síntese proteica. Quando aprendemos alguma coisa, os neurônios produzem proteínas específicas para guardar e consolidar a informação. Mas, estudos anteriores, inclusive um do próprio grupo da UFRJ, já haviam demonstrado que o mal de Alzheimer desregula a síntese proteica nos neurônios.
O próximo passo será ampliar os testes e investir, não na própria ISRIB, mas na identificação e reposicionamento de medicamentos já disponíveis e aprovados para uso em seres humanos que possam atuar de forma parecida com a ISRIB. Já existem pesquisas nessa linha.