Pesquisadores avaliam fim do coquetel diário da Aids

2015-04-10_190211

A aids não tem cura, no entanto consegue ser controlada com o coquetel antirretroviral, um conjunto de três ou quatro comprimidos que o portador do vírus HIV precisa tomar diariamente, permitindo que ele tenha uma vida longa e com qualidade.
Este tipo de tratamento pode mudar em breve, com a chegada de opções que funcionam por um ou até dois meses. Durante o último Congresso Brasileiro de Infectologia, que aconteceu no Rio de Janeiro, especialistas brasileiros discutiram o estudo Latte-2, realizado por instituições dos Estados Unidos, Espanha, Bélgica, Alemanha, França, Canadá e Reino Unido.
O experimento, que tem patrocínio das farmacêuticas Janssen e GSK, avalia a eficácia das drogas cabotegravir e abacavir-lamivudina aplicadas por meio de uma injeção intramuscular mensal ou bimestral. O teste envolveu 309 voluntários que tomaram os fármacos diariamente por três semanas antes de partir para as picadas na pele. Após dois anos de experiência, 87% dos pacientes que receberam a injeção mensal ficaram com o vírus suprimido, ante 94% daqueles que tomaram a dose bimestral.
Entre os indivíduos que permaneceram no esquema diário, 84% continuaram com o HIV controlado. A maioria dos pacientes não sofreu efeitos colaterais dignos de nota: alguns experimentaram dor ou reações na pele no local em que a agulha foi inserida.
Os autores concluíram que esse tratamento intervalado é seguro e efetivo. Porém, antes de virar realidade, precisa passar por uma nova fase de pesquisas com um número bem maior de voluntários para se certificar que os achados se repitam.