Pesquisador da Embrapa avalia índices pluviométricos de janeiro como dentro da normalidade

2015-04-10_190211

Dr. Henrique Pessoa acredita que a qualidade das uvas desta safra está se alinhando às mesmas de 2005. Apesar do estado do Rio Grande do Sul estar em alerta para a estiagem, para a serra gaúcha, principalmente para o cultivo de uvas o volume de chuvas está dentro da normalidade, segundo o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho Henrique Pessoa.

Para o pesquisador ” se considerarmos que a média climativa é de 144mm de precipitação para janeiro e dividirmos para os 10 primeiros dias do mês, estamos dentro da média, já que entre as duas chuvas que ocorreram nestes primeiros dias no ano teve 45 mm de precipitação”, destaca o pesquisador lembrando que em dezembro teve 74% de menos chuva do que o normal, muito abaixo do esperado. “Se considerarmos que estamos vindo de um déficit de chuvas , sendo que no início do último semestre teve 50% menos chuvas, já no bimestre outubro/novembro , recuperou e teve 40% a mais de chuvas e dezembro houve então um déficit grande, pois choveu 74% a menos dos ideia 144mm. ” Se considerarmos este histórico pluviométrico, tivemos um impacto na produção no período de floração, quando afetou em 10% a produção final, já no mês de dezembro a baixa pluviometria coincidiu com o amadurecimento da uva, no tamanho da baga, diminuindo, por um lado em 15% a produção, o que soma uma perda em volume de 25%.” O pesquisador destaca, por outro o pesquisador compara que a safra 2020 está repetindo o desempenho da safra 2015, que foi a melhor safra em qualidade de vinhos do Brasil.

“Quando falamos em perdas, estamos falando em volume e não qualidade, lembrando sempre que o problema se dá onde o solo tem baixa profundidade e tem pedras, quando não consegue reter a água, então estamos falando em problemas de solo e não de qualidade, de produção”, destaca o pesquisador acrescentando que ” na condição climática, havendo bom solo, estará tendo condições de atingirmos a melhor qualidade enológica da uva”. Seguindo esta condição normal de chuvas não haverá prejuízos qualitativos, mesmo havendo outras pequenas estiagens, vai propiciar uma excelente maturação, com uvas com mais cascas, que significa maior acúmulo de pigmentos, açúcares e aromas, resultando em vinhos de excelente qualidade”, destaca Henrique Pessoa.

Presidente de Sindicato Rural avalia a estiagem no campo

Cedenir Postal, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves avaliou a falta de chuvas para a produção agrícola na região. Existe uma faixa de terras que sofreu mais com a falta de chuvas neste início de ano. A região que compreende a Linha Paulina, uma parte da sede do distrito de faria lemos, indo para o Vale Aurora chegando até a comunidade de Nossa Senhora de Caravággio no município de Monte Belo do Sul sofreu bastante a estiagem e teve a produção de uvas bastante afetada, principalmente nas uvas precoces e de mesa, quando os agricultores tiveram que colher sem que ela alcançasse um bom preço de mercado”, avaliou o sindicalista.

“Nas outras áreas que visitei,em geral já tinham contabilizado perdas de 20 a 25% em decorrência do frio tardio de 2019 que resultou em brotamentos ruins dos cachos decorrentes de falhas na polinização somado a uma primavera extremamente chuvosa que derrubou muitas flores impedindo das bagas se formarem”, destacou Postal. Isto somado a esta estiagem, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais acredita que deva acrescentar mais uns 10% em perdas, “mas, em compensação, a qualidade das uvas depois desta chuva de sexta-feira (9), está excelente”,destacou.

Na região mais perto do Rio das Antas não teve muitos problemas de estiagem, e a agricultura não foi depreciada, informou Cedenir Postal, destacando que “ nos arredores de São Luiz do Rio Das Antas fomos abençoados com chuvas no Natal, no final do ano, no sábado anterior ( 4), ena quinta e sexta desta última semana. Então, fora o calor intenso, a lavoura de hortifruti não sofreu.
A perspectiva de chuva para esta semana, a partir desta quinta-feira “é muito bem vinda,pois garante uma safra de uvas de qualidade”, destaca o sindicalista.

Agricultor perde 2 mil novos pés de caquis com a estiagem

Renato Benvenutti, agricultor, contabiliza perdas de 20% da produção com a estiagem em sua plantação de 44 hectares de caquis da variedade Kioto (caqui chocolate preto) 35 ha na Linha Palmeiro no distrito de São Pedro e 9 ha no município de Santa Tereza. Com uma produção anual média de 400 mil quilos da fruta, Benvenuti avalia que na plantação com árvores adultas é difícil sentir reflexos de estiagem, mas existem áreas com bastante pedras e pouca terra nas propriedades que refletiram em perdas de frutos. “Algumas árvores chegaram a murchar e os frutos também, pois falta menos de 45 dias para a colheita, mas na maioria não teve muita influência, pois os pés de caquis são árvores resistentes à estiagem”.

Tivemos perdas maiores em uma nova área de terras onde a família Benvenutti plantou quatro mil novas mudas no último ano, onde 50% das novas árvores pereceram “ estas duas mil árvores que perdemos nos dariam uma produção de 50 mi, quilos em três anos, mas como eram plantas novas, mais sensíveis, mais da metade do que plantamos não resistiu.” destacou o empresário rural.
“A chuva da última semana foi uma bênção, pois ajudou muito os frutos que estão para amadurecer”, finaliza Benvenutti.

Produtor de uvas para suco avalia perdas de 30 a 40% na produção

André Giusti, produtor de uvas para suco na localidade de Santo Antônio, no distrito de São Pedro, analisa a diferença entre áreas dos seus parreirais, enquanto em algumas há cachos com a média de 60 grãos, e uniformes, o que é considerado bom. Em outras áreas, o parreiral de uvas apresenta cachos ralos e com grãos finos e não uniformes.  “A chuva que aconteceu na época de floração, quando os cachos deveriam estar cheios, derrubaram a floração, o que resultou em cachos ralos, com uma média de 30 a 40 grãos por cachos. Nós já havíamos previsto, nestas áreas uma quebra de 20 a 25% da produção.

Assim que iniciou esta estiagem, estes grãos ao invés de crescer eles pararam. Estão miúdos por causa do pouco vigoramento dos galhos, destaca o agricultor. “Esta chuva desta semana foi muito boa, recuperou bastante, mesmo assim a estiagem vai dar mais uma quebra de mais 10%, no final, somando as chuvas da época de floração, estimamos uma quebra total na produção entre 30 e 40%”, revela Giusti que trabalha num parreiral de 6,2 hectares de uvas. Na sua avaliação em volume, esta safra pode chegar a 130 mil quilos de uvas colhidos, diferentemente do ano anterior que a produção foi de 180 mil quilos.” A nossa média, em anos bons é colher 30 ton por hectare, mas este ano acho que deveremos colher 20 toneladas por hectare, pois os cachos estão ralos e as bagas estão pequenas”, finaliza o agricultor.

Renato Benvenutti
Renato Benvenutti
Renato Benvenutti
Cedenir Postal
Cedenir Postal
Cedenir Postal
Cedenir Postal
Renato Benvenutti
Andre Giusti
Andre Giusti