Pesquisa da Embrapa aponta desperdício 128 quilos por família ao ano em alimentos

2015-04-10_190211

Estudo da Embrapa e FGV mostra os campeões do desperdício: arroz, carne, feijão e frango. Total ultrapassa a R$ 1 mil por família, apenas o gasto com a compra dos alimentos mais desperdiçados. Sem levar em conta o custo do preparo, que inclui gás de cozinha, óleo, água e outros recursos.
Uma família de três pessoas em um ano pode desperdiçar mais de R$ 1.000,00, com base nos valores do Instituto de Economia Agrícola (IEA), de São Paulo, em abril de 2019. Os dados são de estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que ouviu 1.764 famílias em todo o País, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 2018.
São 128 quilos de alimentos por ano desperdiçados por ano. Por pessoa, o desperdício de comida em casa atinge 41 quilos por ano – o equivalente a R$ 323. Sem considerar perdas em restaurantes, empresas, hotéis e escolas
Os produtos mais perdidos são arroz – 28,33kg -, carne, com 25,76kg, feijão, com 20,60kg, e frango, com 19,32kg. O leite completa a lista dos principais alimentos jogados fora, com 5,15 litros anuais.
Alguns hábitos apontam a esse elevado desperdício, próximo ao de nações mais ricas. A compra mensal é um deles, assim como o hábito da “fartura”. O costume de fazer uma grande compra depois de receber o salário e encher a despensa faz com que as famílias preparem porções muito grandes e não aproveitem as sobras. Esses fatores comportamentais estão associados à valorização da abundância, da preferência por uma comida ‘fresquinha’ e até por haver certo preconceito com sobras de refeição, a ‘comida dormida’.
Planejar melhor as compras e refeições, não adquirir alimentos em excesso e reaproveitar sobras é fundamental para reduzir a quantidade jogada fora.
As famílias brasileiras até percebem que o desperdício causa impacto no orçamento, mas a força da cultura é tanta que o hábito de desperdiçar permanece.

Educação
O estudo sugere ações educacionais e de comunicação realizadas por parcerias público-privadas para elevar conscientização da população sobre o problema. As estratégias para redução do desperdício podem ser direcionadas ainda para gerar novas oportunidades de negócio e incrementar a disponibilidade de alimentos saudáveis. O Brasil, por exemplo, produz muitas frutas e hortaliças mas, paradoxalmente, o consumo per capita é bem abaixo dos valores recomendados pela Organização Mundial de Saúde e as perdas e o desperdício são muito elevados.

América Latina
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a América Latina desperdiça, em média, 127 milhões de toneladas de alimentos a cada ano. Em valores, seriam cerca de US$ 97 bilhões. A entidade elencou como um dos objetivos de desenvolvimento sustentável a redução pela metade do desperdício de alimentos até 2030.