Pesquisa comprova: cuidar dos filhos cansa mais que trabalhar fora

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Cuidar dos filhos traz inúmeros momentos de alegria, mas também pode levar ao estresse nos tempos de hoje. Afinal, é preciso ter muita dedicação, paciência e tempo para atender às necessidades dos filhos, como levar a criança à escola, ao médico, à aula de natação, além de cuidar dos afazeres domésticos e ter um tempo para o trabalho e atividades pessoais.
Por esse motivo, não é exagero afirmar que cuidar dos filhos tem se tornado uma tarefa mais cansativa do que trabalhar fora de casa. Essa afirmação é inclusive tema de pesquisas realizadas recentemente. Nesta reportagem,  mostramos quais são as causas que levam os pais a ficarem estressados cuidando dos filhos, como notar os sinais e o que fazer para evitar que isso aconteça. Continue com a leitura e confira!

Por que cuidar dos filhos é mais cansativo que trabalhar fora?
Dizem que ser mãe é padecer no paraíso. Porém, essa afirmativa nem sempre é válida na prática, como foi apontado por pesquisas recentes. O estudo foi feito por uma universidade na Bélgica com a participação de 2 mil familiares.
Isso significa que a tarefa constante de cuidar de um bebê ou criança (preparar o cardápio, ajudar na lição de casa, comparecer às atividades extracurriculares, passar noites sem dormir, etc.), em conjunto com o ritmo atual que os pais levam nas cidades nos dias atuais podem levá-los ao limite da capacidade e ao esgotamento nervoso, consequentemente fazendo com que os pais passem a desenvolver a síndrome de Burnout.

O que é a Síndrome de Burnout parental
A síndrome de Burnout é caracterizada por um estado de exaustão mental, físico e emocional provocado por conta do estresse elevado e contínuo.
O termo “burnout” vem da união das palavras em inglês burn (queimar) e out (exterior), sendo caracterizado como um estresse que resulta em cansaço em excesso e comportamento irritadiço ou agressivo. Em geral, ele é associado a ambientes de trabalho ou profissões que exigem muito dos profissionais, levando-os a viver em constante estado de tensão. Por conta desse estresse contínuo, a pessoa começa a apresentar perda de interesse ao realizar as tarefas e irritabilidade.
Apesar de essa síndrome já ser conhecida, atualmente ela tem sido relacionada também ao alto nível de estresse experimentado pelos pais ao cuidar dos próprios filhos, o que recebe o nome de “burnout parental”. Esse esgotamento dos pais não está apenas relacionado ao fato de cuidar da criança, mas também envolve o ritmo atual que os pais vivem nas grandes cidades, onde há muitos compromissos e uma enxurrada de informações vindas de todos os lados.
O mesmo não acontecia no passado, quando as famílias viviam no campo e, apesar de terem muitos filhos, os pais não precisavam de tanto tempo e esforço para cuidar deles.
O ambiente em que viviam era mais tranquilo e sem toda a preocupação que gera o estresse dos pais modernos.
Os pais que desenvolvem essa síndrome têm uma tendência maior a desenvolver vícios ou a piorar os vícios que já possuem. Além disso, podem ainda desenvolver depressão e outros problemas de saúde.

O que fazer para evitar?
O cansaço elevado do dia a dia do bebê recém-nascido ou de cuidar dos filhos já na fase escolar pode acontecer tanto com a mãe que trabalha fora e cuida dos filhos como com as mães que não trabalham fora. É muito comum mães ouvirem o seguinte questionamento de outras pessoas “Por que você está cansada? Você nem trabalha, apenas fica em casa cuidando das crianças”.
Porém, diferente de trabalhar fora, cuidar dos filhos não é uma tarefa com horário definido, descanso nos finais de semana e férias.
Dessa forma, é preciso que as mães busquem meios de tentar evitar o esgotamento elevado, avaliando o nível de tensão e estabelecendo prioridades. Isso é imprescindível para ter condições físicas e emocionais para poder cuidar dos filhos.
Por isso, o ideal é desacelerar, evitar viver correndo atrás de muitos compromissos e fazer uma organização familiar. Quando necessário, é importante que as mães busquem por ajuda especializada de um profissional para que possam manter a saúde mental, além de contar com uma ajudinha dos tios e avós quando for possível.
Além disso, é fundamental que elas não se culpem por sentirem que não estão dando a devida atenção aos filhos, mas entender que estão passando por um momento de estresse que precisa ser avaliado e tratado adequadamente.

Como identificar os primeiros sinais
Os sinais mais comuns da síndrome é quando ocorre uma perda de energia e irritação constantes, levando a uma insatisfação que tende a aumentar. Confira a seguir os principais sintomas que precisam de atenção:
Dor de cabeça frequente; ranger dentes; irritabilidade; apatia; alteração de apetite; ansiedade; dificuldade para dormir; cansaço físico e mental extremo; evita conversar; ignora os problemas; diminui a produtividade; distanciamento afetivo e desejo de se isolar dos outros.
Em geral, esses sintomas aparecem de forma leve e depois começam a piorar com o passar do tempo, o que pode fazer com que não sejam notados a princípio. Porém, eles passam a ser notados por outras pessoas do convívio, que passam a perceber uma mudança de comportamento.
É muito importante estar atento aos primeiros sinais que indicam a síndrome de Burnout, já que ela pode levar a uma depressão profunda. Caso esses sintomas sejam notados, é preciso consultar um psicólogo para entender como deve ser feito para aliviar o estresse.
As consultas ajudam a desabafar e também melhoram o autoconhecimento, levando o paciente a entender melhor as causas e ter mais segurança para lidar com a situação.
A terapia costuma durar de um a dois meses e, em alguns casos, pode vir acompanhada de medicamentos recomendados pelo especialista, como no caso de antidepressivos. É importante que o tratamento seja seguido até o fim para a melhora dos sintomas.
Dicas para aliviar o estresse
Como já foi citado, o estresse elevado não é algo que surge da noite para o dia, mas vai se acumulando com o passar do tempo. Por isso, é possível tomar algumas atitudes simples que contribuem para evitar que isso aconteça quando se cuida dos filhos.
Além de cuidar dos filhos, é fundamental que a mãe tenha um tempo para que possa cuidar dela mesma. Ter um tempo sozinha ajuda a aliviar a tensão e a recarregar as baterias.
Pensando nisso, separamos algumas dicas que podem fazer toda a diferença e melhorar o dia a dia. Por isso, não deixe de conferir e de colocar em prática!

Pratique atividades físicas
Realizar atividades físicas ajuda a reduzir o estresse. Isso acontece porque o cérebro passa a receber um fluxo maior de sangue, causando uma redução da pressão arterial. Como consequência, provoca um alívio nas tensões musculares e aumenta a produção de endorfina, que traz uma sensação de bem-estar.
Se não tem tempo para ir à academia, pode fazer ao menos uma caminhada ao ar livre. Passar o dia todo em ambientes fechados ajuda a aumentar o estresse, principalmente quando o ambiente não recebe a luz do sol.
E não tem problema se não tem como caminhar sem levar o bebê ou as crianças, pois essa atividade pode ser feita junto a eles.

Mantenha uma alimentação saudável
Comer alimentos ricos em açúcar de forma excessiva levam o corpo a uma sensação maior de cansaço. A causa está relacionada as mudanças que isso provoca nos índices de glicemia, que fazem com que o corpo precise aumentar a produção de insulina.
Por esse motivo, o ideal é evitar comer muitos doces diariamente e preferir o consumo de alimentos conhecidos como carboidratos complexos, como é o caso dos grãos integrais. Esses alimentos contribuem para manter o nível de energia do corpo, já que liberam lentamente o açúcar na corrente sanguínea.

Procure dormir
Quando tomamos conta de um recém-nascido, não é fácil ter uma noite de sono completa e restauradora. Mesmo quando o bebê dorme, muitas vezes é preciso aproveitar esse momento para realizar as tarefas da casa.
Porém, é importante que a mãe tente ao menos tirar 10 a 20 minutos para um cochilo, o que pode contribuir para aliviar o estresse.

Tenha um momento para você
Quando for possível, tire um tempo exclusivo para você. É importante não se esquecer que, apesar de ter se tornado mãe, ainda é você. Isso significa que não deve deixar totalmente de lado os seus desejos e hobbys.
Seja para ler um livro, assistir TV ou tomar um banho mais longo, esses pequenos momentos são fundamentais para ajudar a manter a saúde mental.
Tomar um bom banho com água quentinha e produtos que trazem sensações agradáveis trazem mais alívio para o corpo e também beneficiam a mente.
Ouvir a música que você gosta e cantar junto também ajuda a relaxar. Além disso, também pode ouvir músicas instrumentais suaves ou aproveitar para meditar. A meditação ajuda a reduzir a pressão e a relaxar os músculos do corpo.
Isso sem falar que contribui para controlar a respiração e também os pensamentos, aliviando a sensação de ansiedade.

Planeje o seu dia
Planejar o dia contribui de forma significativa para diminuir os níveis de estresse. Isso porque evita que acabe se sobrecarregando com pensamentos a respeito dos inúmeros compromissos que precisa cumprir durante o dia todo.
A dica é deixar tudo programado, desde a hora do banho das crianças, o momento de ajudar com as tarefas de casa, levar ao posto de saúde, etc. Dessa forma, o cérebro não ficará sobrecarregado pensando em tudo o que você precisa fazer e se não se esqueceu de nada.

Mantenha contato com os amigos
Muitas vezes as amizades acabam sendo deixadas de lado quando chega o bebê. É normal que o ritmo de vida mude e não sobre muito tempo para sair com as amigas, mas é importante manter esse contato.
Mesmo que seja apenas contato por meio das redes sociais, conversar com amigas aumenta o bem-estar, pois ajuda o corpo a produzir hormônios que aliviam o estresse.
Quando tiver um tempo, marque para se encontrar com elas para dar boas risadas, o que com certeza vai contribuir para dar um novo fôlego no dia a dia.

Namore
Apesar da correria do dia a dia, é bom ter um momento para curtir a dois. Mesmo que seja apenas para aproveitar bons momentos de carícias com o parceiro, manter uma vida sexual saudável é uma boa maneira de relaxar.
Cuidar dos filhos não é uma tarefa fácil nos dias de hoje. Além dos compromissos e atividades, não se pode mais deixar que as crianças brinquem livremente pelas ruas como antigamente, o que faz com que muitos pais não tenham muitos momentos apenas para eles.
Por essa razão, é preciso se atentar aos níveis de estresse e buscar ajuda quando sentir que não está mais dando conta da situação.
A pesquisa revelou que 13% dos pais entrevistados afirmaram que sofrem com sintomas de esgotamento, como cansaço e abatimento, sendo que a porcentagem é de 12,9% para as mãe e 11,6% para os pais. De acordo com os pesquisadores, essa exaustão experimentada por eles é a mesma que o estresse do trabalho. Esse problema teria como causa a mudança do papel dos pais na criação dos filhos, que passaram a se tornar mais dedicados a eles.
Esse novo modelo de criação começou a partir da década de 1990 na Europa.
Psicólogos apontam que esse desgaste atual dos pais está relacionado à pressão social sobre a forma de criar os filhos e mudança das maneiras de fazer as coisas, aumentando as tarefas a serem realizadas. Como as mulheres que precisam mãe e pai ao mesmo tempo ou as que param de trabalhar para ser mãe tudo isso interfere.
Além disso, a comunicação entre pais e filhos cada vez menos frequente por conta da conexão ao mundo virtual também dificulta a criação dos filhos.
Esse esgotamento elevado dos pais em relação aos filhos pode fazer com que os pais acabem apresentando um distúrbio que recebe o nome de síndrome de Burnout parental, que acontece devido ao estresse crônico e tensão emocional que, anteriormente, estava apenas relacionado a alguns tipos de profissões.