Pesquisa aponta que setores do comércio e serviço são os principais responsáveis pelo crescimento da economia

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Apesar de a indústria ser o segmento que mais fatura (60,2%), foram o comércio e os serviços os responsáveis pelo crescimento da economia

Bento Gonçalves está reagindo de forma positiva a crise financeira que nos últimos anos tem afetado empresas de diversos segmentos. Dados colhidos por pesquisadores da UCS mostra que o município está crescendo economicamente, mesmo com um cenário de dificuldades. Na revista Panorama Socioeconômico, foram divulgados números de 2017 que, comparados aos de 2016, apontam para aumento do faturamento (2,5%), criação de empregos (504 vagas) e acréscimo nas exportações (17,2%), conforme a revista.
A 47ª edição da publicação do Centro da Indústria, Comércio e Serviços (CIC-BG), apresentada dia 26 de novembro no Bento Gonçalves Centro Empresarial, mostra que, apesar de a indústria ser o segmento que mais fatura (60,2%), foram o comércio e os serviços os responsáveis pelo crescimento da economia.
Enquanto a indústria manteve praticamente o mesmo desempenho do ano anterior (-0,4%), os outros segmentos cresceram 5,5% e 9,4%, respectivamente. O total faturado chegou a R$ 8,5 bilhões – R$ 206 milhões a mais do que em 2016 –, com a indústria sendo responsável pelo aporte de R$ 5,1 bi. Mesmo que os moveleiros venham tendo queda em sua participação dentro da indústria, ainda é o setor com maior valor adicionado fiscal (VAF), com 35,4%, seguido pelos setores metalmecânico e material elétrico (18,6%), vinícola (17,2%) e de alimentos (13,6%), que respondem por 85% do total. Todos eles tiveram pequenas quedas, enquanto os setores de embalagens e plásticos e de borrachas e pneumáticos experimentaram um incremento de participação, pulando de 4,1% para 5,9% no primeiro caso e de 3,6% para 4,4% no segundo.
No comércio, quem teve as maiores representatividades foram os ramos de alimentos e autosserviço (supermercados), com quase 25%, e matérias-primas e insumos, com 15%. Nos serviços, com base na arrecadação de ISSQN, a maior participação das atividades são as associadas à saúde e estética e aos serviços industriais, o que inclui a subcontratação, que respondem por 10,8% e 10,7%, respectivamente.
A arrecadação de impostos federais no município apresentou uma queda de 2,58%, caindo de R$ 961,7 milhões em 2016 para R$ 936,9 milhões. Porém, houve acréscimo de 7% na arrecadação dos tributos estaduais, passando de R$ 331,4 milhões para R$ 354,6 milhões. “Tal aumento ocorreu em função do principal tributo, o ICMS, que teve um acréscimo de 9,3%”, observa uma das responsáveis pelo estudo, a professora da UCS Cíntia Paese Giacomello. Quanto às receitas municipais, também houve acréscimo, na ordem de 6,09%, indo de R$ 337,6 milhões para R$ 351,8 milhões. Embora houve crescimento de 11% nas despesas, o superávit foi de R$ 30 milhões.

Mão de obra
Esse crescimento, tanto no faturamento das empresas quanto na arrecadação de impostos, reflete a criação de vagas de trabalho. Entre dezembro de 2016 e dezembro de 2017, foram gerados 504 postos, um crescimento de 1,2% na quantidade de empregos. “É um aumento importante, principalmente se comparado com o resultado obtido no período anterior, que teve redução de 3,6% entre 2015 e 2016”, observa Cíntia.
Ao todo, Bento Gonçalves tinha 43.389 trabalhadores espalhados em 10.067 estabelecimentos em 31 de dezembro de 2017. Quase 40%, ou 17,3 mil, estão alocados no setor de serviços, e 38,1%, ou 16,5 mil, estão empregados na indústria. Quanto às atividades econômicas, as principais empregadoras são as indústrias de móveis (5.962) e o comércio varejista (5.071).
De maneira geral, 81,2% das empresas do município são de pequeno porte, com até nove funcionários. Se somadas empresas com até 19 funcionários, essa margem cresce para 91,6%. Do total dos empregados, 21% trabalham em empresas de grande porte – com mais de 500 funcionários. No outro extremo, considerando empresas com até nove funcionários, elas são responsáveis por 21,2% dos empregos.
A maioria dos trabalhadores, 52,2%, é formada por homens. As mulheres estão mais presentes nos setores de serviços e de comércio, respectivamente com 59,5% e 54,2%. Quanto às faixas etárias, a que apresenta o maior contingente de empregos é a de 30 a 39 anos, com mais de 31%. Os empregados com até 39 anos correspondem a 63,5% da quantidade de trabalhadores.

Balança comercial
Além do número de vagas criadas em 2017, outro dado contribui para o crescimento econômico do município: o saldo positivo da balança comercial – ou seja, Bento está exportando mais do que importando. No ano passado, o município registrou o maior valor desde 2008, atingindo um saldo de US$ 42,9 milhões.
O crescimento nas exportações, na ordem de 17,2% – de US$ 69,2 milhões para US$ 81,1 milhões –, fez o município subir três degraus entre as cidades que mais exportam no Estado, abandonando a 29ª posição e atingindo o 26º lugar. Ao todo, são 91 empresas exportadoras, sendo 37 moveleiras, oito metalúrgicas e seis vinícolas – as demais são de diferentes setores. Uruguai, Colômbia, Japão, Argentina, Paraguai, Peru, Chile, Bolívia, Estados Unidos e Equador formam os 10 países que mais compram de Bento Gonçalves, representando 74,1% das exportações.
Já as importações, realizadas por 93 empresas de Bento, totalizaram US$ 38,3 milhões em 2017, 28,5% a mais do que em 2016. As principais compras foram para fontes de matéria-prima (53%) e para investimentos produtivos (34,4%).

Outros dados
O polo moveleiro de Bento Gonçalves representa 23,2% do faturamento do município (RS 1,76 bilhão)
O PIB per capita é de R$ 46,4 mil (2015)
Os sucos de uva representam 58% das vendas das vinícolas no mercado interno
A rede de ensino da cidade tem 96 estabelecimentos que empregam 3.217 pessoas
Bento Gonçalves possui 10,2 mil estabelecimentos (PJs), ou seja, uma empresa para cada 11,2 habitantes
Somadas, as poupanças dos bento-gonçalvenses alcançam R$ 1,33 bilhão (2016)