Pesquisa aponta que diferença entre ganhos de pobres e ricos chega a níveis recordes

2015-04-10_190211

De acordo com a pesquisa, a desigualdade aumentou porque o rendimento real do trabalho da metade mais pobre caiu ou subiu bem menos do que o dos mais ricos, sobretudo nos últimos anos

Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de geografia e Estatística- IBGE mostrou que o rendimento médio mensal de trabalho da população 1% mais rica foi quase 34 vezes maior que da metade mais pobre em 2018. Isso significa que a parcela de maior renda arrecadou R$ 27.744 por mês, em média, enquanto os 50% menos favorecidos ganharam R$ 820.
De acordo com o estudo que analisou Amostras de Domicílios Contínuas, ficou evidente que o aumento de 8,4% na renda das pessoas mais ricas e as quedas nos ganhos das classes que formam os 30% mais pobres, na comparação com 2017 contribuíram para este quadro.
A pesquisa também mostrou que os 10% da população mais pobres detinham 0,8% da massa de rendimento, enquanto os 10% mais ricos concentravam 43,1%. Já a massa de rendimento médio mensal real domiciliar per capita, que era de R$ 264,9 bilhões em 2017, cresceu para R$ 277,7 bilhões em 2018.
A média de rendimentos do trabalho do país, para pessoas de 14 anos ou mais, ficou em R$ 2.234, acima do valor inicial da série em 2012 (R$ 2.133), mas abaixo do registrado em 2014, que foi de R$ 2.279. No Nordeste, o rendimento médio era de R$ 1.479, enquanto no Sudeste, chegou a R$ 2.572.
Na passagem de 2017 para 2018, o Nordeste foi a única região onde o rendimento de trabalho diminuiu.
De acordo com a gerente da PNAD Contínua, Maria Lucia Vieira: “O rendimento do trabalho corresponde a aproximadamente três quartos do rendimento total das famílias.
O mercado de trabalho em crise, onde as pessoas estão deixando seus empregos e indo trabalhar em outras ocupações, com salários mais baixos, provoca um impacto no rendimento total”.
O índice que mede concentração e desigualdade econômica, indo de zero (máxima igualdade) até um (máxima desigualdade), chegou a 0,509 em 2018, para rendimentos de trabalho. O indicador era de 0,508 no Brasil em 2012, depois diminuiu para 0,494 em 2015 e voltou a subir. “Essas variações no índice de Gini têm muito a ver com as flutuações na renda dos mais ricos”, comentou a analista do IBGE, Adriana Beringuy.
Esse aumento na desigualdade, porém, não foi uniforme no país. No Nordeste, o índice caiu de 0,531 em 2017 para 0,520 em 2018. “No Sudeste, o 1% com maiores rendimentos de trabalho cresceu 17,8%.
Nesse mesmo período, no Nordeste, o 1% mais rico teve queda de 16,5%. Então, a redução na desigualdade no Nordeste está mais relacionada à queda nos rendimentos de trabalho dos mais ricos, do que numa melhoria nas condições de vida dos mais pobres”, disse Adriana.