Passagem de ônibus intermunicipal tem reajuste superior a 20%

2015-04-10_190211
O valor total é de 18,9% para as linhas que utilizam as estações rodoviárias e 22,2% para as modalidades comuns com embarque ao longo do percurso

O bilhete para o trajeto entre Bento e Porto Alegre está sendo vendido por R$ 44 reais

As passagens de ônibus intermunicipal sofreram um aumento superior a 20%. O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) fez o anúncio do amento no final da última semana. O valor total é de 18,9% para as linhas que utilizam as estações rodoviárias e 22,2% para as modalidades comuns com embarque ao longo do percurso. Com o aumento, uma passagem com destino a Porto Alegre, que até a última semana era comprada por R$ 38 reais com seguro e R$ 36 sem seguro, agora está custando até R$ 44 reais quando é comprada com seguro e R$ 42 sem seguro.
Para o economista Mosar Ness, o aumento tem um impacto direto no custo de vida da população, principalmente para os trabalhadores que necessitam diariamente o transporte intermunicipal.
“Esse impacto de 20% sobre o transporte intermunicipal deve corresponder a uma contribuição do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de quase 25%. Proporcionalmente sobre o salário o impacto é maior. Se não há maneira de compensar a situação, se as empresas não podem compensar, as famílias terão que cortar gastos em outras áreas para compensar aumento”, explica.
Ainda de acordo com o economista “o combustível geralmente pesa no custo final em torno de 40%. Não haveria um argumento concreto para um aumento tão expressivo. É bem verdade que no último aconteceu um aumento expressivo no combustível. Para a população é extremamente penoso porque o usuário é penalizado e acaba tendo uma perda líquida de salário”, afirma.
No anúncio do aumento dos mais de 20%, o diretor do Daer, Lauro Hagemann explicou que “os conselheiros entenderam a importância de acatar a revisão tarifária da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do RS (Agergs), porém entraram em consenso quanto a necessidade de minimizar os impactos do aumento na vida dos usuários”.
Hagemann destaca ainda que a iniciativa da agência é prevista em lei e resulta de um estudo feito por um corpo técnico multidisciplinar que considerou todo o cenário do sistema de transporte. “Os números são expressivos, mas esse tipo de análise não era feita desde 2000, por isso muitos insumos e indicadores estavam defasados. Não cabia ao Conselho de Tráfego grandes questionamentos e sim ajustar da melhor forma possível esses índices”, resume.
O jornalista Róbber Galiotto classifica o aumento como sendo abusivo. “Eu acho esse aumento abusivo demais. Eu viajo pouco, mas penso nas pessoas que fazem esse tipo de deslocamento diariamente. Acredito que o aumento seja necessário, em virtude do aumento do combustível, porém o justo seria, na minha opinião, de 3 a 5% no máximo”, comenta.
Para Thiago Pellizzaro, o aumento é desproporcional. “Olha eu não ando de ônibus, mas por esse preço imagino que sejam todos ônibus acessíveis, com distribuição de lanche e wifi pq né. Quem é que tem 44×30 dias por mês?? um cara q precisa estudar/ trabalhar não tem condição pra isso”, diz.
Para a estudante Camila Melo, que depende de ônibus para viagens para Porto Alegre, o aumento é encarado como um desrespeito com a população. “Eu estudo em POA e costumo viajar com frequência. Infelizmente não tenho descontos como estudante, então pago o valor integral. Eu já achava caro o valor de antes, agora então nem se fala. Muito ruim saber que vou ter que desembolsa quase R$ 50 reais por viagem”, lamenta.

O aumento de 2017
Em outubro do último ano as passagens já haviam sofrido um reajuste de 7,76%. Na época o Daer chegou a propor um reajuste de 4,69%, mas o órgão fiscalizador do estado entendeu que era necessária uma correção maior no valor. A justificativa da Agergs levou em consideração a elevação do preço dos combustíveis no último ano e o reajuste de salários, plano de saúde e vale-alimentação dos funcionários. O aumento de 2017 influenciou também nos despachos e encomendas vis ônibus. Além disso, a mesma publicação determinou que a taxa de embarque de 11% deve ser paga apenas pelos passageiros que embarcarem nas estações rodoviárias.
O aumento ocorreu em meio à confirmação do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), de que iria acatar a decisão do Tribunal de Contas do Estado (TCE) para cessar a cobrança indevida a passageiros que não são usuários de estação rodoviária. O Daer detalha que serão implementadas duas tabelas até novembro: uma cobrando as passagens com embarque em estações e a outra com desconto de 11% para os usuários que utilizem paradas ao longo do trajeto. Havia sido afirmado ainda que viagens feitas de forma direta, semi-direta e executiva permaneceriam taxadas, enquanto os usuários das linhas da categoria comum deixarão de pagar a alíquota se embarcarem fora de uma rodoviária.
Em outubro do ano passado foi afirmado pelo Daer ainda que a revisão dos valores é prevista em lei e calculada de acordo com os custos do serviço, como combustíveis, manutenção e mão de obra. A tabela proposta pelo Daer alcançou um acréscimo de 4,69 por cento no preço das passagens. O índice foi submetido à análise da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do RS (Agergs), que homologou o reajuste em 7,76 por cento.

Com o aumento, uma passagem com destino a Porto Alegre, que até a última semana era comprada por R$ 38 reais com seguro e R$ 36 sem seguro, agora está custando até R$ 44 reais quando é comprada com seguro e R$ 42 sem seguro