Países europeus não querem dar vacina de Oxford para idosos

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França, por exemplo, não recomendam o imunizante para maiores de 65 anos

Depois que a Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) aprovou a vacina Oxford-AstraZeneca, em 29 de janeiro, para uso em todas as faixas etárias na União Europeia, o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que o imunizante era “quase ineficaz” para pessoas com mais de 65 anos.

Segundo ele, “os primeiros resultados que temos não são encorajadores para pessoas de 60 a 65 anos em relação à AstraZeneca”. Mas, o governo do Reino Unido e o órgão regulador de saúde britânico discordam veementemente.

Na esteira dos comentários de Macron, a Autoridade de Saúde da França fez uma recomendação oficial em 2 de fevereiro de que a vacina não deveria ser usada por pessoas com mais de 65 anos. O órgão disse que mais estudos eram necessários de o imunizante ser implementado em grupos de idade mais avançada.

O Reino Unido e vários outros países, incluindo Brasil, Índia, México e Argentina, aprovaram seu uso para todas as faixas etárias.
“As evidências atuais não sugerem nenhuma falta de proteção contra a covid-19 em pessoas com 65 anos ou mais que receberam a vacina AstraZeneca”, disse a executiva-chefe da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA) do Reino Unido, June Raine, por meio de um comunicado.

Em nota, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pela importação e pela fabricação da vacina Oxford-AstraZeneca no Brasil, afirmou que “as evidências apresentadas até o momento e publicadas em revistas científicas especializadas confirmam a segurança e a imunogenicidade (produção de anticorpos) da vacina Oxford-AstraZeneca em idosos”.

O que as evidências mostram?

Em última análise, as decisões se resumem às interpretações individuais dos dados disponíveis. Durante os ensaios clínicos, as vacinas são administradas a milhares de pessoas de diferentes grupos etários, etnias e condições de saúde. Outros recebem um placebo – que é efetivamente uma injeção que não contém vacina – para comparação.

Os cientistas então esperam que um certo número de participantes contraia o vírus para ver quem foi infectado. Se a maioria deles for do grupo que recebeu o placebo, isso sugere que a vacina é eficaz.

O problema, para alguns reguladores europeus, é que eles acham que poucos participantes do ensaio com mais de 65 anos contraíram o vírus para tirar conclusões sobre a eficácia da vacina. Isso ocorre porque apenas duas das 660 pessoas nessa faixa etária foram infectadas.

Resposta imune

Aqueles que estão mais confiantes na eficácia da vacina em pessoas com mais de 65 anos estão olhando para outras partes dos dados. Por exemplo, durante um estágio inicial de testes clínicos, a vacina demonstrou estimular uma resposta imunológica em grupos de idade mais avançada, semelhante à observada em pessoas mais jovens. Isso significa que os exames de sangue em pessoas vacinadas encontraram evidências de anticorpos que ajudam a combater a doença causada pelo vírus.

E o mais importante: não há desacordo entre os reguladores de saúde sobre a segurança da vacina, que se provou segura para uso por pessoas com mais de 18 anos.