Os riscos de ingerir ansiolíticos de forma exagerada e a comparação com efeitos da cocaína

2015-04-10_190211

Em uma série de estudos realizados, medicamentos da classe dos tranquilizantes têm sido associados a taxas de mortalidade mais altas do que drogas ilegais

Clonazepam composto químico, cujo nome fantasia mais popular é o Rivotril, tem sido usado para tratar ansiedade e distúrbios do sono. Pertence a uma classe de drogas chamadas benzodiazepinas. Em uma série de estudos realizados em Vancouver, as benzodiazepinas têm sido associadas a taxas de mortalidade mais altas do que as drogas ilegais, como a heroína ou a cocaína.
Benzodiazepina (BZD) representa uma classe de medicamentos psiquiátricos conhecidos como “tranquilizantes” que podem reduzir a capacidade do corpo para respirar e são usados para tratar a ansiedade, distúrbios do sono, convulsões entre outras condições. Neste grupo se incluem drogas comumente prescritas, como Valium, Xanax e Rivotril. O primeiro dos estudos, que envolveu pesquisadores do Centro de Excelência em HIV e da Universidade de Vancouver, analisou o impacto do uso dos benzodiazepínicos sobre as taxas de mortalidade, e estabeleceu que o seu uso foi associado a um maior risco de morte do que as drogas ilegais.
O Dr. Keith Ahamad é um dos vários pesquisadores dos estudos realizados em Vancouver que estabeleceram que o uso de benzodiazepínicos está ligado a uma maior taxa de mortalidade do que as drogas ilegais.
O estudo pesquisou um grupo de 2.802 usuários de drogas entre 1996 e 2013. Os participantes foram entrevistados semestralmente durante uma duração média de pouco mais de cinco anos e meio cada. Ao final do estudo, 527 (18,8 por cento) dos participantes haviam morrido.
Os pesquisadores descobriram que a taxa de mortalidade foi 1,86 vezes maior entre os usuários de drogas que usaram benzodiazepínicos, em comparação com aqueles que não usavam. Ahamad observou também que mesmo depois que os pesquisadores isolaram outros fatores que poderiam influenciar a mortalidade, como o uso de outras drogas, infecções e comportamentos de alto risco, a taxa de mortalidade permaneceu alta entre os usuários de benzodiazepínicos.
Um segundo estudo conduzido em um grupo menor, mas dentro do mesmo grupo citado acima, examinou a ligação entre o uso de benzodiazepínicos e a infecção de hepatite C (HCV). Dos 440 indivíduos negativos ao HCV que participaram do estudo, 158 relataram uso prescrito ou ilícito de benzodiazepínicos e 142 participantes contraíram HCV durante o curso do estudo.
O estudo concluiu que o uso de benzodiazepínicos está associado a uma taxa mais elevada de infecção de HCV: As taxas de infecção eram 1.67 vezes mais alta entre os participantes do estudo que usaram benzodiazepínicos, comparados com aqueles que não.

Possíveis efeitos colaterais dos medicamentos ansiolíticos
Como outros medicamentos, ansiolíticos podem causar efeitos colaterais. Alguns destes efeitos e os riscos são graves. Os efeitos colaterais mais frequentes dos benzodiazepínicos são sonolência e tonturas. Outros possíveis efeitos colaterais incluem náusea, visão embaçada, dor de cabeça, confusão, cansaço, pesadelos.

Ansiolíticos e Alzheimer
O uso prolongado de ansiolíticos e tranquilizantes por idosos pode estar associado ao surgimento do mal de Alzheimer em idosos, alerta artigo publicado no “British Medical Journal”.
Segundo a pesquisa, o consumo frequente destes remédios, de uma classe conhecida como benzodiazepínicos e usados para tratar distúrbios como ansiedade e insônia, foi relacionado a um risco até 51% maior de desenvolver a doença, uma das principais formas de demência, problema que afeta cerca de 36 milhões de pessoas atualmente e cujo número deve dobrar a cada 20 anos, chegando a 115 milhões em 2050.
Embora ressaltem que o estudo não permite ainda estabelecer uma relação causal entre o uso de tranquilizantes e o mal de Alzheimer, os pesquisadores consideram que seu levantamento reforça a antiga suspeita de que exista uma associação entre os dois. Com base em dados do sistema de saúde de Québec relativos ao consumo deste tipo de remédio pela população idosa desta província canadense nos últimos seis anos, os cientistas das universidades de Montreal e de Bordeaux, na França, identificaram 1.796 casos da doença.
Quando comparados com um grupo de controle de 7.184 indivíduos ajustado por idade, sexo e duração do acompanhamento médico, estes casos revelaram que o uso anterior de benzodiazepínicos por três meses ou mais eleva as chances do aparecimento do mal de Alzheimer em até 51%. A força desta associação foi maior quanto mais frequente era o consumo destes remédios, assim como quando eram de ação prolongada. Além disso, ajustes posteriores a outros fatores que poderiam indicar que os indivíduos doentes já começavam a apresentar algum sintoma de demência, como ansiedade, depressão e desordens no sono não alteraram significativamente os resultados.
Ainda de acordo com os pesquisadores, a possível associação requer maior atenção justamente pela prevalência do uso de ansiolíticos e tranquilizantes entre idosos, em especial nos países desenvolvidos, onde varia entre 7% e 43% da população na faixa etária de mais de 60 anos. “Agora é fundamental encorajar os médicos a calcularem cuidadosamente os benefícios e riscos ao iniciarem ou renovarem um tratamento com benzodiazepínicos e produtos relacionados em pacientes idosos”, recomendam.

Misturas perigosas
A falta de conhecimento das propriedades químicas dos fármacos e a automedicação podem gerar interações perigosíssimas. Para quem usa ansiolíticos, por exemplo, é expressamente recomendável que não se faça ingestão de álcool, pois os dois agem no mesmo tipo de receptor, podendo o uso conjunto causar sonolência, perda de consciência e até riscos à vida.
Outro problema pouco conhecido é a mistura entre o cigarro e os remédios. Poucos sabem que quem fuma acelera o fígado e as enzimas que metabolizam as substâncias, fazendo então com que a dose do remédio do fumante precise ser maior que a do paciente comum. O médico tem ciência disso, porém quem se automedica não, ingerindo quantidades erradas e correndo o risco de não ter o efeito esperado.
A mistura de ansiolíticos benzodiazepínicos com bebida alcoólica, que pode levar a pessoa a graves problemas médicos, pois o álcool é um depressor do sistema nervoso central e potencializa os efeitos dos ansiolíticos. Em longo prazo, a utilização inadequada dos ansiolíticos traz prejuízos nos processos de aprendizagem e memória do indivíduo, e nas funções psicomotoras.
As intoxicações agudas por ansiolíticos são encontradas com alguma frequência nas salas de emergência. A sedação é o achado mais comum, mas pode haver casos de desinibição comportamental, com agressividade e hostilidade. Tal efeito é mais comum quando os benzodiazepínicos são usados combinados com o álcool.
Para pessoas que têm doenças psiquiátricas, como as depressões e os distúrbios de ansiedade, estas drogas são extremamente importantes, pois o tratamento adequado atenua o mal-estar e permite que o indivíduo leve uma vida normal. No entanto, só um médico é capaz de identificar quem deve usar e em que dosagem.
Como o próprio nome indica, os antidepressivos aliviam a ansiedade e a tensão mental, mas causam danos à memória, diminuição dos reflexos e da função cardiorrespiratória, sonolência e alterações na capacidade de juízo e raciocínio.
A conduta do usuário é muito parecida com a do dependente alcoólico. Em pouco tempo, estas drogas causam dependência, confusão, irritabilidade e sérias perturbações mentais.