Obesidade infantil atinge dados alarmantes

2015-04-10_190211
É fundamental que haja acompanhamento profissional para realização do diagnóstico de sobrepeso ou obesidade nas crianças e orientação quanto ao tratamento mais adequado

Dados revelados por um estudo realizado pela Imperial College de Londres em parceria com a Organização Mundial de Saúde (OMS) revelaram que a obesidade infantil atinge atualmente dez vezes mais crianças e adolescentes do que na década de 1970. Isso significa que nos últimos quarenta anos o número de crianças e adolescentes obesos – entre 5 e 19 anos – aumentou dez vezes, correspondendo a 124 milhões de pessoas.
A Organização também estima que em 2022 existirão mais crianças obesas do que abaixo do peso em todo o mundo.
A estatística de crianças obesas no Brasil também é muito elevada. Um em cada três brasileiros apresenta sobrepeso ainda na infância. O Ministério da Saúde estima que 33% das crianças brasileiras entre 5 a 9 anos, hoje já estejam acima do peso.
O índice de meninos obesos alcança 16,6% e dentre as meninas a taxa chega a 11,8%, segundo informações contidas nas Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE 2008-2009. Já entre os jovens com idades de 18 a 24 anos, o percentual de obesos aumentou em 110% nos últimos dez anos no país. Os números são bastante preocupantes e apontam para uma grande possibilidade de que esses indivíduos se mantenham obesos ou com sobrepeso durante a vida adulta.

Problemas de saúde
Os quilos extras podem ter consequências para as crianças até a sua vida adulta, mesmo que a obesidade seja revertida nesse período. Doenças como diabetes, hipertensão e colesterol alto são algumas consequências da obesidade infantil não tratada. A condição também pode levar a baixa autoestima e depressão nas crianças.

Causas
Diversos fatores podem causar obesidade infantil. Entre as mais comuns estão fatores genéticos, má alimentação, sedentarismo ou uma combinação desses fatores. Além disso, a obesidade em crianças também pode ser decorrente de alguma condição médica, como doenças hormonais ou uso de medicamentos a base de corticoides.
Apesar de ser uma condição com influência genética, nem todos os pais e mães com obesidade também terão filhos com o problema, assim como aqueles pais e mães com peso recomendado podem gerar filhos com obesidade. Isso porque a obesidade infantil também tem ligação com os hábitos alimentares da criança e da família, bem como a realização de atividades físicas.

Qual o primeiro passo para ajudar uma criança obesa ou com sobrepeso?
É fundamental que haja acompanhamento profissional para realização do diagnóstico de sobrepeso ou obesidade nas crianças e orientação quanto ao tratamento mais adequado. Os pais e cuidadores devem estar sensibilizados para o problema, no entanto, é imprescindível que não haja culpabilização nem da criança e nem dos pais nesse momento. Deve-se buscar estratégias efetivas e sustentáveis no âmbito individual, familiar, escolar, comunitário e nos demais espaços em que a criança está inserida, de forma que a adoção de hábitos de vida mais saudáveis seja facilitado e promovido.

Reino Unido proibiu exposição de guloseimas
Para combater a obesidade infantil, o governo do Reino Unido proibiu a exposição de guloseimas nos caixas dos supermercados para evitar que as crianças sejam impulsionadas pela vontade de consumir comidas calóricas e com poucas vitaminas. Em 2014, a rede de supermercados Lidl também já havia banido dos caixas todo tipo de produto insalubre.
O Reino Unido tem uma das maiores proporções de crianças obesas e com sobrepeso da União Europeia. Ali, 22% das crianças apresentam excesso de peso ou obesidade quando a escola começa aos quatro ou cinco anos de idade, aumentando para 34% durante o ensino fundamental.
Dados recentes mostram que 1 a cada 25 criança entre 10 e 11 anos está gravemente obesa. No País de Gales, 26% das crianças entre quatro e cinco anos de idade têm excesso de peso ou são obesas e, na Escócia, 14% das crianças com menos de 16 anos correm risco de obesidade.

Instituto Alana lançou campanha “Abusivo Tudo isso”
Um cidadão brasiliense denunciou ao Ministério Público a estratégia do McDonald’s de direcionar publicidade às crianças. O Criança e Consumo, do Instituto Alana, foi procurado pelo órgão para contribuir com informações e, inspirado nessa ação, resolveu ajudar outros cidadãos a replicar a ação.
Em julho, o programa lançou a campanha “Abusivo Tudo Isso”, nas redes sociais, que propõe a assinatura de uma petição com denúncia para a Secretaria Nacional do Consumidor, do Ministério da Justiça, com cópia para o SAC do McDonald’s, que trata dos principais argumentos pelos quais a prática da empresa de anunciar e comercializar brinquedos com o intuito de promover seus produtos alimentícios para crianças é abusiva, ilegal e deve acabar.
O McDonald’s enviou uma resposta oficial sobre o assunto para uma reportagem do site Exame em que declara que a “nossa comunicação com os consumidores é feita com responsabilidade e segue rigorosos critérios internos e práticas do setor”. A empresa disse que em 2016 reafirmou um compromisso público iniciado em 2009 e definiu “entre outras restrições, que não anunciamos em programas, veículos e/ou canais que tenham 35% ou mais de sua audiência composta por crianças menores de 12 anos”, disse em nota.

 

Campanha lançada em julho pelo Instituto Alana, contra o abuso da publicidade infantil