O gosto do poder

2015-04-10_190211

Na edição da última terça-feira a Gazeta denunciava o excesso de emendas dos vereadores ao Plano Diretor. Interesses particulares e políticos escancarados, somados à intenção de tirar o poder do Conselho Municipal de Planejamento Urbano, transformando-o em mero consultor, fez com que os vereadores exagerassem na dose provocando uma briga aberta.
Depois de quase dois anos de discussão em cima do estudo da UFRGS, os representantes de várias entidades que formam o Complan, enviaram para a Câmara de vereadores, o que entendiam como perto do ideal do conjunto de regras que serviria de para o planejamento futuro de Bento Gonçalves. De setembro à dezembro, os vereadores – nenhum deles com conhecimento técnico em engenharia , arquitetura ou afim – acharam por bem dar pitacos e mudar muitas regras desde recuos a número de pavimentos e até autorizar instalação de indústrias nas margens da bacia de captação de água.
Emocionados com o poder que tem em mãos, resolveram que eles e, somente eles, poderiam fazer alterações no Plano Diretor, colocando o Complan apenas como órgão consultivo. O Complan reagiu, pediu audiência conciliatória com os vereadores no final do dia desta quinta-feira.
Não deu em nada: os vereadores enrolaram os membros do Conselho dizendo que iriam analisar, mas a realidade é que a emenda que tira o poder deliberativo do Complan e os dá aos vereadores vai à votação na segunda-feira. Sempre há a possibilidade de um pedido de vistas para aumentar a agonia e demorar mais a degola. Também há a possibilidade de Pilatos (Pasin) se sensibilizar e vetar a emenda depois de votada.
Enfim, a novela em que os interesses do município não é o personagem principal, ainda vai ter alguns capítulos.