O formato do corpo diz mais sobre sua saúde do que seu peso

2015-04-10_190211

Mulheres de corpo curvilíneo e que acumulam gordura na região de coxas e quadris – o corpo conhecido popularmente como “pera” – têm menos chances de desenvolver doenças como pressão alta e diabete.
Um estudo publicado no European Heart Journal, que afirma que o formato do corpo – mais especificamente onde a gordura se acumula – pode ser um maior indicador do que o índice de massa corpórea (IMC) quando o tema é problemas cardiovasculares.
A pesquisa foi feita com mulheres em período de pós-menopausa, ou seja – aquelas que já estão na faixa etária de maior risco para esse tipo de doença.
Para a médica endocrinologista Rosângela Rea, a grande novidade da pesquisa é mostrar que o peso parece não fazer diferença para determinar o risco de doenças cardíacas – e que pessoas de peso considerado saudável não estão imunes a elas, caso acumulem gordura na região abdominal.

Pera, maçã ou banana?
De acordo com os pesquisadores, mulheres de corpo curvilíneo e que acumulam gordura na região de coxas e quadris – o corpo conhecido popularmente como “pera” – têm menos chances de desenvolver doenças como pressão alta e diabete do que aquelas que acumulam na região abdominal, mas tem braços e pernas finos – o corpo “maçã”.
“O corpo ‘pera’ mostra uma tendência da mulher a estocar gordura no tecido adiposo subcutâneo, que é bem menos nocivo do que o visceral, porém mais difícil de ser queimado, causando frustrações estéticas”, afirma a endocrinologista.
Já os corpos tipo “banana” seriam aqueles magros e longilíneos, que dificilmente ganham peso. Segundo a médica, isso não significa que as pessoas com esse tipo de corpo possam ser relapsas com a alimentação, exames e exercícios físicos.
“Esta pesquisa é interessante porque faz parte de um estudo muito maior e que acompanhou um grupo de 2600 mulheres por anos”, afirma Rosângela. O estudo recrutou mulheres entre 1993 e 1998 e acompanhou a saúde delas até 2017. Durante o período, 300 mulheres desenvolveram doenças cardiovasculares, permitindo aos pesquisadores traçar pontos em comum entre aquelas que adoeceram.
Aquelas com mais gordura na área das pernas tiveram um risco 40% menor de desenvolver doença cardiovascular em comparação com aquelas com menor quantidade de gordura ao redor de suas pernas – mas com acúmulo na região da barriga.
Os pesquisadores concluíram ainda o peso corporal total tinha pouco a ver com eventuais riscos para a saúde. Ou seja: nas mulheres na pós-menopausa, aquelas com peso normal ainda podem ter um alto risco devido à distribuição de gordura do corpo, quando o acúmulo fica ao redor da cintura e barriga.
A especialista reforça que a gordura visceral não é nociva apenas para mulheres – em homens, ela se manifesta como a “barriga de chope”, que é considerada uma bomba-relógio pelos médicos.

Peso X Altura
O IMC foi usado por décadas como medida universal de classificação de obesidade, validada pela Organização Mundial da Saúde. Ele avalia o peso do paciente em relação a sua altura para a classificação das diferentes faixas de peso.
No entanto, a endocrinologista conta que a ferramenta está caindo em desuso. “Nenhum médico sério usa só IMC para fazer diagnósticos”, avalia.
Mas há esperança para quem concentra gordura visceral. “Com uma dieta específica, melhoria de hábitos de vida e medicação, é possível diminuir as chances de doenças”, explica.
E adverte: todos os “formatos” de corpo devem sempre ficar atentos à saúde, fazendo exames regularmente e mantendo hábitos saudáveis na alimentação.