Novos crachás humanizados dos profissionais de saúde tentam quebrar barreira criada pelas máscaras

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Para se aproximar dos pacientes que estão isolados nos leitos tratando o coronavírus, levando um pouco mais de empatia e segurança, os profissionais de saúde que trabalham na linha de frente no hospital estão com novos crachás com fotos maiores e sorrindo.

Em busca de uma maneira de de diminuir o sentimento de solidão e insegurança dos pacientes tratados nos leitos de isolamento, os profissionais de saúde que trabalham na linha de frente no combate ao vírus no Hospital Tacchini, agora usam crachás com fotos ampliadas e sorrindo. O acessório, que tenta levar um pouco mais de conforto, segurança e empatia, além da foto sorridente, ainda mostra os nomes e as funções de 150 profissionais que atuam na Unidade de terapia intensiva (UTI) e na unidade de internação com pacientes em isolamento. A iniciativa, para diminuir a distância criada pelos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) de uso obrigatório, surgiu em abril nos Estados Unidos e está se espalhando para hospitais de todo o mundo. Em Bento é está sendo aplicada desde a última semana de julho. “Poder enxergar o rosto e a fisionomia de quem está atendendo gera uma sensação de segurança que acabou se perdendo durante a pandemia. Precisamos lembrar que pacientes da covid-19 ficam isolados em uma unidade de internação ou entram desacordados em um leito de UTI, recobrando a consciência em um ambiente estranho a eles. Receber os sorrisos que certamente já estão embaixo das máscaras melhora a experiência de quem está internado e também de quem está realizando o atendimento. Os crachás mostram que, mesmo cobertos de equipamentos, os profissionais da saúde ainda são pessoas cuidando de pessoas” avalia a coordenadora do grupo de Experiência do Paciente do Hospital Tacchini, médica Nicole Golin.

A iniciativa foi implementada graças a uma parceria com a ONG ImageMagica, que possui sede em São Paulo (SP). Ela doou os crachás para toda a equipe do Tacchini. Fundada em 1995 pelo fotógrafo e empreendedor social André François, a ONG utiliza a fotografia como ferramenta para promover o desenvolvimento humano e a transformação social, percorrendo o Brasil e o exterior com projetos educacionais e documentais, realizados sobretudo nas áreas da saúde e da educação. “Durante a pandemia, percebemos a dificuldade dos pacientes em reconhecer por quais profissionais estavam sendo cuidados, já que estavam cobertos por todos equipamentos de proteção. Por outro lado, também notamos a necessidade dos profissionais em se conectarem com os pacientes. Sabemos que por trás de todos os equipamentos há um sorriso, uma história e uma identidade, e com os crachás humanizados buscamos revelar isso. Temos certeza de que qualquer situação fica melhor quando oferecemos a ela um novo olhar”, descreve uma das idealizadoras do projeto, Danusia Capoani, que ressalta a importância da conexão entre o profissional e o paciente.

Profissionais aprovam novo crachá

Os profissionais de saúde aprovam a nova medida. Para a fisioterapeuta Renata Monteiro Weigert, “criar novos formatos de comunicação é muito positivo tanto para pacientes quanto para os profissionais”.
“Durante a pandemia, nós, profissionais da saúde, apenas conseguimos nos expressar com os olhos e com o tom da voz. Ficamos felizes em saber que, de alguma forma, os pacientes vão ver nosso sorriso e que com ele podemos aliviar algumas das angústias e medos que muitas vezes eles demonstram durante a internação. Saber que eles podem nos conhecer melhor de alguma forma faz com que os sentimentos de empatia e humanização sejam completos” , finaliza.