Nasa confirma pesquisa da Embrapa de que apenas 7,6% do território brasileiro é cultivado

2015-04-10_190211

Pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho destacam papel dos produtores agrícolas na preservação ambiental do país

Em 2016, a Embrapa Territorial calculou que 7,8% do território brasileiro (65.913.738 hectares) é ocupado pela produção agrícola.
Os dados foram reforçados agora pela agência espacial norte-americana, a NASA, que divulgou que apenas 7,6% do país é composto por lavouras. Segundo o chefe geral da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda, doutor em Ecologia, é normal a pequena diferença de 0,2% entre as duas pesquisas.
A NASA confirma que o Brasil protege e preserva a vegetação nativa em mais de 66% de seu território. O percentual é oposto a vários países, tais como a Dinamarca, que cultiva 76,8%, dez vezes mais que o Brasil; a Irlanda, 74,7%; os Países Baixos, 66,2%; o Reino Unido 63,9%; e a Alemanha 56,9%.

O estudo da Nasa
Miranda explica que o trabalho conjunto da NASA e do Serviço Geológico (USGS) dos Estados Unidos fez amplo levantamento com o mapeamento e o cálculo das áreas cultivadas do planeta baseados em monitoramento por satélites. Durante duas décadas, a Terra foi vasculhada, detalhadamente, em imagens de alta definição por pesquisadores do Global Food Security Analysis, que comprovaram os dados antecipados pela Embrapa.
As áreas cultivadas variam de 0,01 hectare por habitante – em países como Arábia Saudita, Peru, Japão, Coréia do Sul e Mauritânia – até mais de 3 hectares por habitante no Canadá, Península Ibérica, Rússia e Austrália. O Brasil tem uma pequena área cultivada de 0,3 hectare por habitante, e situa-se na faixa entre 0,26 a 0,50 hectare por habitante, que é o caso da África do Sul, Finlândia, Mongólia, Irã, Suécia, Chile, Laos, Níger, Chade e México.
De acordo com o estudo, a área da Terra ocupada por lavouras é de 1,87 bilhão de hectares.
A população mundial atingiu 7,6 bilhões em outubro passado, resultando que cada hectare, em média, alimentaria quatro pessoas. Na realidade, a produtividade por hectare varia muito, assim como o tipo e a qualidade dos cultivos.
“Os europeus desmataram e exploraram intensamente o seu território. A Europa, sem a Rússia, detinha mais de 7% das florestas originais do planeta. Hoje tem apenas 0,1%. A soma da área cultivada da França (31.795.512 hectares) com a da Espanha (31.786.945 hectares) equivale à cultivada no Brasil (63.994.709 hectares)”, explica o especialista da Embrapa.

Agricultor reconhecido
Para o chefe geral da Embrapa Uva e Vinho, Mauro Zanus, a divulgação da NASA é muito interessante. “O governo obrigada todo o agricultor a ter uma área de preservação associada ao bioma na qual ela está inserida. Na Amazônia, por exemplo, o produtor tem que resguardar 80% da sua área. O entrave é na responsabilidade desta área de preservação, que é do próprio produtor, porque o governo não entra com contrapartida”, explica.
Segundo ele, na Europa e nos Estados Unidos o governo preserva a natureza através de parques nacionais, então os custos são arcados pelo poder público, o que não ocorre no Brasil. “Isso demonstra que o agricultor brasileiro deve ser mais reconhecido pela sociedade porque ele está preservando a natureza”, salienta.

Tecnologia agrícola
O pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Klecius Ellera Gomes, relata que ambos os estudos da Embrapa Territorial e da NASA levaram em conta os dados do Cadastro Agrícola Rural (CAR) que todos os produtores agrícolas são obrigados a realizar.
“A NASA confirma que há uma preservação grande da vegetação nativa. Isso indica que o produtor está conseguindo aumentar a sua produtividade por meio de tecnologias. Ou seja, ele está aumentando a sua eficiência porque na mesma área ele consegue produzir mais”, pontua.
Para Gomes, o agricultor está fazendo um excelente trabalho. “Para que isso aconteça, ele faz o uso de novas tecnologias. Por isso é importante a pesquisa agropecuária, e não somente da Embrapa, assim como instituições de ensino”, comenta.
O pesquisador analisa que além de aumentar a produtividade, e consequentemente, diminuir o desmatamento, os produtores, através da tecnologia estão conseguindo satisfazer o consumidor.
“Tem muito trabalho a fazer. Os consumidores estão buscando a redução de agroquímicos, mas não qualquer produto. Hoje em dia existe mais informação. Além de aumentar a produção, o produtor precisa ter qualidade e isso é relacionado à colheita na melhor época, com mais sabor e com as características que o brasileiro mais exige, como frutas adocicadas”, registra.
Gomes relata que a Embrapa Uva e Vinho, por exemplo, oferece programas para os produtores que ajudam neste aumento de produtividade. Ele cita o programa de melhoramento, pesquisas de manejo de pragas, entre outros.
Ele acrescenta, ainda, que a queda na inflação foi puxada pelo setor de Alimentos e Bebidas. “Ninguém mencionou em bater palmas para os agricultores, responsáveis por isso. Eles que aumentaram a oferta. Por uso de tecnologia”, conclui.