Morre aos 109 anos a agricultora Nona Lydia

2015-04-10_190211

Lydia Zaffari Parmegiani era a idosa mais velha da Linha Colussi, localidade do interior de Monte Belo do Sul

A mulher mais velha da Linha Colussi, em Monte Belo do Sul, morreu neste final de semana, com 109 anos. Conhecida pela comunidade como uma pessoa carismática e caridosa, Lydia Zaffari Parmegiani, não resistiu a uma complicação pulmonar agravada nos últimos dias. Roselina Parmegiani, uma das filhas de dona Lydia, mesmo emocionada, conversou com a Gazeta nesta segunda-feira, 15.
“A minha mãe sempre foi uma pessoa alegre, contente, que gostava de passear, ir em festas da comunidade. Havia uma missa por mês, e ela sempre estava presente, porque realmente gostava de estar com as pessoas. Ela foi, durante toda a vida, uma pessoa muito comunicativa”, lembra.
Roselina, que não esconde a emoção, afirma que sua mãe nunca se queixou da vida, e mesmo com as dificuldades, lutou para conseguir criar os seis filhos. “Ela sempre dizia que quando era mais nova tinha dificuldade, porque recebia pouco dinheiro. Com muita fé e confiante, ela era bem católica. Sempre trabalhou na roça com dificuldade, porque tinha os filhos para criar e trabalhar”, se emociona.
O Secretário de Cultura e Turismo de Monte Belo do Sul, Álvaro Manzoni, destaca as qualidades de Lydia, assim como a importância que ela exercia na comunidade em que morava.
“Nona Lydia foi um exemplo de humildade, trabalho, superação e fé, não só para a comunidade em que vivia, mas para o município de Monte Belo do Sul e região, deixando o exemplo de que sempre devemos lutar pelos nosso objetivos, embora, as vezes, a realidade seja de dificuldade e limitações”, destaca.

A homenagem na Câmara de Vereadores
Em outubro do último ano, Nonna Lydia (como era conhecida), foi homenageada pela Câmara de Vereadores de Monte Belo do Sul com uma Portaria de Louvor e Agradecimento pelos 109 anos completados no dia 21 de junho de 2017.
Nascida em 21 de junho de 1908, Lydia era a moradora mais velha de Monte Belo do Sul, município com aproximadamente 2,80 habitantes. Nasceu na Linha Fernandes Lima. Depois que casou foi para a Linha Colussi. Ela era o ponto de referência na pequena comunidade e muito requisitada em entrevistas para pesquisas a nível acadêmico, quanto para fins históricos e culturais. Mas, mais do que se impressionar com a idade que ela tinha, chegando próximo aos 110 anos, o que comove mesmo era a lucidez, força de vontade e a fé. Ela se locomovia sozinha, escutava sem grandes problemas.
Ainda jovem, com 33 anos casou-se com Pedro Antônio Parmegiani. Tiveram seis filhos, dois homens e quatro mulheres. Egídio Inocente, Avelino Luiz, Umbelina Maria, Roselina, Íria e Rosa Maria.
Dona Lydia era viúva há 22 anos, e desde a morte de seu marido, passou a morar apenas com os filhos. Ficaram casados mais de 50 anos. Tanto o pai, Luiz Zaffari, como a mãe, Estéfana Brausi Zaffari de Lydia nasceram na Itália, e vieram quando crianças para o Brasil. Tiveram sete filhos, quatro homens e três mulheres. Dona Lydia foi a primeira filha. Estudou até os 14 anos, na escola da Linha Armênio. Dona Lydia sempre foi agricultora hoje com 109 anos é aposentada.

A história
Dona Lydia sempre foi agricultora, profissão que herdou de seus pais oriundos da região do Vêneto, na Itália. Ela lembra, a todo o momento, dos momentos de dificuldades que passou para chegar a essa idade. Contudo, Lydia não reclama, celebra. Sua casa é próxima ao Rio das Antas, importante rio da região. E foi justamente por esse meio que chegaram as primeiras tábuas para a construção da casa de seus pais, que chegaram ao Brasil sem saber aonde ir. “Eles (seus pais) falavam que ficavam no mato, com uma fogueira acesa a noite inteira para os tigres não atacarem”, conta.
A nonna, que significa avó em italiano, estudou dos seis aos quatorze anos em uma escola na Linha Armênio, interior de Monte Belo, porém o processo de aprendizado não foi contínuo.
Quando era necessária sua presença na propriedade da família para o auxílio nos afazeres domésticos e na agricultura, os estudos se tornavam coadjuvantes. Mas esse fato não impediu a longa trajetória de Lydia na vida.