Segundo eles, interrupção de energia elétrica por longos períodos é recorrente
Cerca de 30 moradores do interior participaram de uma reunião no Sindicato dos Trabalhadores Rurais na tarde de segunda-feira (18) para pedirem melhorias na rede de energia elétrica. O encontro aconteceu depois que mais de 80 famílias ficaram sem luz por seis dias na última semana. Estiverem presentes dois representantes da Rio Grande Energia (RGE), além do secretário adjunto de Desenvolvimento da Agricultura, João Carlos da Silva e André Bianchi, da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos(Agergs).
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Cedenir Postal, as linhas mais afetadas são: Linha Demari, Veríssimo de Matos, Natividade, São Valentim, São Valentim 96, São Luís, Linha Ferri, Linha jabuticaba Linha Tomasi, Rosário, Linha 40 (Pinto Bandeira) e 6 da Leopoldina (Vale dos Vinhedos).
A maioria dos presentes relatou péssimas condições nos postes de energia no interior. “O que a gente vê é falta de manutenção. Caso fosse feita a prevenção, evitaria 80% de problemas. São árvores batendo na rede elétrica, postes apodrecendo”, ressalta Postal.
Problema recorrente
Morador da Linha Ferri, o produtor rural Roberto Parisotto chegou a decorar o código de cadastro na RGE dele, do pai e de um vizinho, depois de inúmeras tentativas de ligar para o 0800 da concessionária. “Fui mal atendido pelas telefonistas. A gente tenta explicar e elas dizem para a gente aguardar. Na minha linha o que revolta é que a equipe foi até lá e colocou como serviço restabelecido, mesmo não tendo retornado a luz”, lamenta o agricultor, que só teve a energia restabelecida de fato na quinta-feira (14).
Parisotto acrescenta que este não é um problema novo enfrentado pela comunidade do interior. “De um ano para cá ficamos três vezes sem luz. Sempre em períodos acima de 24 horas”, comenta. “Mas se atrasamos um dia para pagar a conta, já somos multados”.
O mesmo fato foi mencionado por Marcelo Postal, de São Luís do Rio das Antas. “Tem árvore no meio dos postes. A luz sempre cai, em qualquer vento. Em caso de tempo bom é só 24 horas, caso contrário demora mais”, pontua.
Medicamentos de R$21 mil perdidos
O caso de Marli Speranza, da Linha Demari, emocionou os presentes. O enteado é portador da Doença de Crohn, que é uma doença inflamatória séria do trato gastrointestinal. Para o tratamento adequado, ele faz uso da medicação Adalimumabe, fornecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), uma vez por semana. No entanto, o medicamento deve ser conservado dentro da geladeira e, como ficou de fora, estragou. “A médica já disse que ele não pode ficar sem tomar. Só vou conseguir a medicação no SUS no dia 7 de julho e duas caixas que estragaram custam R$21 mil. Quem vai me dar este dinheiro?”, indaga.
Com esclerose múltipla, o marido de Marivete Schievine morador de São Valentim 96, não pode ficar um dia sem tomar uma vacina também fornecida pelo SUS e que na rede privada custa R$7 mil. “Vou ter que botar fora estas doses da vacina. Vamos ver se conseguimos retirar outras no SUS, se não só no próximo mês. Meu esposo não pode ficar um dia sem tomar, mas já está há uma semana sem”, revolta-se.
Região turística afetada
Mesmo em uma região turística, a Linha 6 da Leopoldina, no Vale dos Vinhedos, André Carraro não teve sorte e ficou três dias sem energia. “Tenho loja e precisei mantê-la fechada durante dois dias, inclusive no feriado de 13 de junho, que deu muito movimento por lá. Perdi produtos como capeletti e sorvete orgânico”, comenta o empresário, citando ainda as condições de um poste de um vizinho. “Fizeram uma gambiarra no poste e no dia que ele cair atingirá uma casa. É preocupante”.
Comprometimento da RGE
A RGE se comprometeu a fazer uma vistoria nos locais mencionados num prazo de 30 dias e que num futuro muito próximo planeja a substituição de todos os postes de madeira por postes de concreto, por fornecerem mais confiabilidade.
A partir da reunião, foi criada uma comissão, com um representante de cada localidade para acompanhar os trabalhos da concessionária. A ata da reunião e o assunto tratado foram repassados para o promotor Alécio Nogueira, do Ministério Público, ainda na tarde de ontem.
