Moradores criticam falta de segurança em praças públicas e ação ineficaz do poder público na manutenção da iluminação

2015-04-10_190211

Centenário, Vico Barbieri e Praça das Rosas são apontadas por população como as mais perigosas

A segurança das praças de Bento Gonçalves tem gerado preocupação por parte da população. O medo e a sensação de insegurança impossibilitam que famílias frequentem os locais para lazer. As praças Centenário, Vico Barbieri e das Rosas são apontadas por moradores como as mais inseguras, sendo que a Centenário e a Vico Barbieri (por terem pouca iluminação) afastam frequentadores.
Drogadição e assaltos estão entreos problemas mais graves apontados por moradores.
Em abril deste ano, o capitão do 3º Batalhão de Policiamento em áreas Turísticas (3ºBpat), Diego Caetano, admitiu para a Gazeta que houve um aumento no consumo de drogas na praça Centenário e que a Brigada Militar estava trabalhando em abordagens, constatando situação de posse de entorpecentes. Segundo o Comandante as abordagens são importantes para reduzir o número de usuários de drogas na praça.
Na época, Caetano também aponou um ponto polêmico que é a proximidade da praça com a instituição de ensino. “Na escola Bento, também recebemos denúncia de alunos que fazem uso de drogas na praça e depois entram na escola. É uma situação complexa, mas de conhecimento de todos, e a BM tem realizado abordagens diariamente, visando combater o consumo e traficância” garantiu.
O industriário, Luiz Aiolfi, mora dor da Rua Maceió, próximo à praça Centenário aponta que a insegurança é agravada pela falta de policiamento na região. “O fato da praça ser escura gera preocupação porque vira um esconderijo para os dependentes químicos. Nos últimos meses têm acontecido um movimento maior de policiais, mas era algo que não acontecia há bastante tempo”, afirma.
Na opinião do industriário, o ideal seria existir um policiamento contínuo. “Como temos um posto fixo, seria interessante voltar a ter um movimento maior de PMs”, comenta.
A utilização da praça por dependente químicos e a consequente violência nas proximidades assusta e revolta comerciantes, que afirmam terem que encerrar mais cedo o expediente, em virtude da violência e falta de iluminação. O funcionário de um bar, localizado na esquina da praça Centenário, denunciou que a ação de dependentes químicos é liberada.
“A praça é muito escura e quando anoitece fica muito perigoso passar nas proximidades. Não tem policiamento de dia e nem de noite. Saímos às 19 horas e todos os dias encontro drogados fumando. Ninguém fica na parada do terminal de ônibus porque o cheiro da maconha é forte. Eles fumam até mesmo nas escadarias”, lamenta.
A estudante Stéphanie Ohlweiler Santos mora na Rua Visconde de São Gabriel, próximo a Igreja Cristo Rei e a Praça das Rosas. e reclama: “é lamentável sentir medo e insegurança ao frequentar todo e qualquer lugar nesta cidade, inclusive as nossas belas praças. Ao sair de casa, precisamos estar preparados para tudo. Eu procuro não levar meu aparelho de telefone celular, por exemplo. Já deixei de frequentar a praça por medo, pois em uma ocasião quase fui assaltada de tarde, quando retornava do mercado, mas consegui correr”, recorda.
A designer Karina B. Ludvig mora entre a praça Centenário e a Praça das Rosas. O medo é constante, e segundo a jovem, e ainda pior após o anoitecer. Ela, que diz não caminhar pela região à noite, e revela que já foi vítima da violência, há aproximadamente três anos. “eles me pediram cigarro e eu ignorei, então saímos andando. Na volta, os mesmo nos abordaram novamente, pegaram no braço do meu namorado e apontaram com moletom na barriga dele, como se tivesse uma arma”, relata. Ainda de acordo com Karina, a praça Centenário é ainda mais perigosa.
“Depois das 18h não saímos a pé de casa. Essas duas praças são perigosas, mas a Centenário não tem iluminação suficiente. Quando preciso sair prefiro sempre ir de táxi”, conta.

A escuridão da Vico Barbieri
A praça Vico Barbieri, também localizada no centro da cidade, é citada como uma das praças mais escuras e perigosas. Moradores e comerciantes das proximidades convivem com o medo, principalmente, após o anoitecer. “Hoje vivemos em uma constante insegurança em residir aos arredores da Praça Vico Barbieri, devido a falta de iluminação. Percebe-se que à noite as lâmpadas se apagam sozinhas e depois de algum tempo elas se religam, isto é, as que funcionam, pois grande parte não funciona”, protesta Rubia Corrêa Lobo.
A revolta de Rubia é também em relação ao fato do local ser frequentado por dependentes químicos. O agravante, segundo Rubia, é que a praça é frequentada por crianças, que muitas vezes escutam palavrões proferidos por dependentes químicos. “O local é frequentado o dia inteiro por moradores de rua, que consomem de álcool e drogas e blasfemam na frente de crianças no parquinho. Costumo frequentar a praça com minha filha de 4 anos nos finais de semana. No sábado passado enquanto eu brincava com ela, furtaram o chinelo de dedo que deixei em cima do banco. Fiquei assustada e retornei para casa”, relata.
“Acredito que deveria haver mais dedicação por parte do poder público em consertar o que esta estragado e mais fiscalização e abordagem destes indivíduos por parte da Brigada Militar para melhorar o local e até por se tratar de um espaço público destinado ao lazer.”
Já a administradora Jaqueline Nicheti, moradora da Rua 13 de Maio também diz ter deixado de frequentar a praça Vico Barbieri em virtude da violência e da falta de iluminação. “Meu filho quando tem que ir ao supermercado faz todo o contorno pela calçada em frente aos prédios por medo de ser assaltado. Acredito que para melhorar o local é necessário mais cuidado, como manutenção por parte do poder público, segurança e que arrumem um local para que estas pessoas possam ser alojadas e não ficarem usando a praça como se fosse suas casas. É visível o descaso com a falta de iluminação. Eu gostava de passear com meu cachorro na praça, mas nem isso tenho feito por medo e insegurança”, lamenta.
Moradores dos prédios do entorno da Vico Barbieri têm muito medo de chegar em casa à noite de carro, pois as garagens dão de frente para a praça e sempre tem transeuntes no escuro.
“Chegar e sair à noite das garagens é um risco incalculável” revela uma moradora. “Ficamos na sacada monitorando a rua e avisando por telefone se meus fihos podem ou não entrar na garagem. É horrível”.

Gastronomia nas praças
O governo municipal (em meio a onda de violência) sinaliza a oficialização de projeto de concessão de espaços públicos para construção de complexos gastronômicos nas praças Achyles Mincarone, Centenário e Dr. Walter Galassi, que se darão por meio de Parcerias Públicas Privadas (PPP), tem prosseguimento com a aprovação do Projeto de Lei nº 176/2017 que institui as PPP´s, na Câmara de Vereadores.
O próximo passo será a abertura do chamamento público para que os interessados em participar das concessões entreguem a documentação necessária de acordo com os termos de referência, que já estão elaborados. O edital que será lançado em breve estará aberto para participação de qualquer pessoa física ou jurídica que queira empreender nos locais. Após, as propostas serão analisadas pela Prefeitura para decidir a mais viável para contratação.
O projeto consiste na concessão do espaço pelo Poder Público, e em troca, o comércio ficará responsável pela manutenção, limpeza e administração do local, por um período mínimo de 5 e máximo de 30 anos. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Sílvio Pasin, “já existem interessados no projeto, já fomos contatados por empreendedores de revistarias, cafeterias, sorveterias, e produtos coloniais, entre outros segmentos”.