Como iniciar uma criação de abelhas

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A criação de abelhas (apicultura) demanda técnica e sabedoria. O criador deve sempre buscar novas técnicas de manejo e produção. Há um curso básico no mercado de apicultura, no qual são apresentadas noções de segurança, técnicas e equipamentos adequados para a realização das atividades.
Os vários tipos de mel – laranjeira, eucalipto, girassol, rosas, alecrim, etc. – variam em função das características e localização geográfica das plantas de onde é extraído o néctar e dos tipos das abelhas produtoras. Por esta razão, o mel pode apresentar consistências e cores diferentes. Para a começar a criação de abelhas, é necessário conhecer os tipos de colmeias.
Existem as colmeias de madeiras amarradas a arvores e em forma cilíndrica. A vantagem desse tipo de colmeia é que são simples e baratas, podendo ser fabricadas com material disponível no local e é o tipo de colmeia em que mais se produz própolis. A desvantagem é que pode dificultar a inspeção da colmeia, sendo difícil também de controlar a qualidade do mel, de fazer a separação de favos de mel e a produção de mel é baixa, em torno de 6 a 10Kg por ano.
Este tipo se parece com dois cestos um em cima do outro, feitos em madeira e fechados. A produção do top-bar é de baixo custo com materiais que podem ser encontradas no próprio local. Além disso, esse tipo de colmeia permite inspeção e controle da qualidade do mel. Outra vantagem é que este formato produz cerca de 20 a 40Kg de mel por ano e mais cera e para completar, o tempo de vida da colmeia top-bar chega a 10 anos. A desvantagem é que devem ser construídas cerca de 10 colmeias top-bar para se ter uma boa produção, o que acaba ficando dispendioso.
O terceiro tipo de colmeia bastante usado é a Langstroth que é mais cara que as outras colmeias, mas possui como vantagem a fácil separação dos favos de mel e melhor monitoramento da qualidade do mel, com produtividade de 50 a 60kg por ano.
A desvantagem desse tipo de colmeia é que é preciso um extrator especial para a extração dos favos de mel e a opção por esse tipo de colmeia é recomendada para apicultores mais experientes.
A escolha do local para começar a criação de abelhas também é muito importante. Deve-se escolher uma área rural para a sua alocação, por questões de segurança.
Para colher o mel de forma eficiente use vestuário próprio, com proteção de luvas e botas e siga os procedimentos de abrir a colmeia suavemente. Comece por favos cheios de mel e não colha favos com abelhas. Para colher o favo use fumo; é só soprar o fumo em ambos os lados e as abelhas entrarão nas colmeias. Depois é só cortar o favo e o mel deixando cerca de 1 cm de favo na travessa superior. Separe os favos maduros dos favos recentes e feche as colmeias.
O mel recolhido deve ser colocado em um recipiente limpo e seco e coberto com tampa. Depois basta colocar um rótulo
Para separar os favos de mel, utilize uma faca ou vara quente. O favo separado do mel deve ser colocado em uma peneira com recipiente plástico embaixo. O favo com mel deve ser posto de cabeça para baixo, deixando que o mel pingue pela peneira até que as células estejam vazias.
Depois de recolhido o mel é posto em uma centrífuga, para depois ser filtrado e decantado por um período de 48 horas. Só depois está pronto para o envaze e comercialização.
Benefícios do mel
O mel contém cálcio, cobre, ferro, magnésio, fósforo e potássio, aminoácidos, ácidos orgânicos e vitaminas B, C, D e E. O uso mais comum do mel é como adoçante. Entretanto, o produto vem sendo reconhecido e amplamente usado pelas suas propriedades terapêuticas, devido às suas características digestivas, analgésicas, anti-inflamatórias, anti-microbianas e antissépticas. Além disso, o mel também é matéria-prima para a indústria cosmética que aproveita suas propriedades em cremes, máscaras de limpeza e de hidratação.
Na produção apícola, o produtor poderá ainda rentabilizar outros produtos como a cêra, utilizada nas indústrias de cosméticos, medicamentos e velas, o própolis, que cobre a parte de dentro da colmeia, e a geleia real, nas indústrias de cosméticos e farmacêutica.
Até o pólen, usado pelas abelhas para alimentar as suas larvas, é usado como suplemento alimentar, devido a seu alto valor nutritivo. Por fim, a apitoxina, o veneno das abelhas purificado, pode ser utilizado como medicamento anti-reumático.

A importância das abelhas na polinização

Quando uma abelha transmite o pólen de uma flor de estrutura masculina para outra feminina, o nome do processo chama-se polinização. A ação pode ser entre espécies de flores iguais ou diferentes e exerce uma função importante na natureza, pois permite a formação de frutos e sementes, garantindo a reprodução botânica.
No trigo, milho e arroz, a polinização é através do vento. Mas 80% das vezes, é feita somente através das abelhas. As abelhas sem ferrão (meliponíneos) são ótimas polinizadoras e exercem função ecológica essencial para os ecossistemas e a agricultura. Outro benefício é a geração do mel, remédio natural e excelente fonte de nutrientes.

Abelhas sem ferrão

As abelhas sobrevivem nas colônias com a quantidade de pólen armazenado durante o período de menor oferta de alimentos. O pólen é a principal fonte de proteínas para o desenvolvimento dos insetos. As abelhas sem ferrão continuam em seus ninhos até em épocas desfavoráveis, já as africanas migram para locais mais propícios.
As abelhas sem ferrão garantem a cria e manutenção de colônias perenes e ainda diminuem a reprodução, reduzindo a quantidade de alimento necessária. Elas se reproduzem apenas quando a quantidade de alimento estocada é suficiente.

Primeiras abelhas no Brasil chegaram no século XIX

Segundo o apicultor Delmiro Dallé, que trabalha há 54 anos com a criação de abelhas em Monte Belo do Sul, o primeiro enxame de abelha chegou no Brasil em 1870, trazido em uma chaminé de um navio. “As abelhas chegaram através dos jesuítas no século XVIII”, explica. “Elas começaram a procriar na Ilha das Cobras, no Paraná”. O objetivo era produzir cera para as velas. Além das colmeias, os religiosos trouxeram também o conhecimento de como extrair cera e mel dessa espécie em particular. A espécie trazida se chama apis, por isso o termo apicultura.
As Apis são se mostraram extremamente bem adaptáveis e conseguiram produzir, colhendo o néctar e o pólen das florestas brasileiras, em larga escala. Na década de 1950 pesquisadores levaram para o interior de São Paulo algumas abelhas da África, também do tipo Apis, que tinham bastante produtividade. Operárias e algumas rainhas dessas abelhas escaparam do laboratório e, seguindo seus instintos de formar mais colmeias, cruzaram com outras abelhas do tipo Apis – ou seja, com as abelhas europeias. Desse hibridismo surgiu a abelha Apismelliferas ou africanizada, hoje a principal produtora de mel do Brasil e popularmente conhecida pelo o poderoso ferrão que possui.