Mais de 80 famílias, ficam seis dias sem energia elétrica na área rural

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Por causa de um raio num único poste moradores dos distritos de Faria Lemos e Tuiuty sofreram prejuízos

Famílias relatam perdas de produtos, alimentos, além do descaso da RGE que só foi fazer o reparo na tarde de ontem ( 14)

Cerca de 80 famílias que vivem em localidades de Tuiuty e Faria Lemos ficaram de sábado (09) até quinta-feira (14) sem energia elétrica. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, Cedenir Postal, morador da Linha São Luiz, e também sem luz em casa, as áreas atingidas foram: Veríssimo de Matos, Linha Demari, Linha Ferri, Linha São Valentim 96, entre outras. Na próxima segunda-feira (18), está marcada uma reunião às 14 horas na sede da entidade (Rua General Góes Monteiro, 232), com a presença do jurídico do sindicato, para tratar sobre o assunto.

Indignação

O agricultor Marcio Mezadri se demonstra indignado com a situação e relata que tentou entrar em contato inúmeras vezes com a Rio Grande Energia (RGE) para ter uma posição. “Isso é uma vergonha. A desculpa deles é que deu temporal, mas a luz foi desligada antes do sinistro. Se tivesse sido do temporal, eu entenderia”, conta. “Dizem que vão resolver e até hoje não fizeram nada. Eu não sei a quem recorrer. Precisei levar minha vizinha idosa na quarta-feira no escuro até o médico e ela caiu da escada. Tenho um monte de capeletti e mandioca para fazer entrega, mas não consigo sem luz, e nisso já perdi mais de R$500. A gente vê um carro passar e acredita que são os funcionários da RGE, fica até ansioso. Estou sonhando com o momento que volte a luz”, pontua Mezadri, que revela que não é a primeira vez que a comunidade passa por esta situação. “Várias vezes já ficamos sem luz. Pedimos melhorias na rede, eles passaram no meu vizinho, trocaram o poste. O poste na frente da minha casa está chacoalhando e velho e só dão desculpa que vão arrumar”.

Sem previsão

O morador da Linha Ferri, Roberto Parisotto, contava as horas do período em que ficou sem energia elétrica. Segundo o produtor agrícola, foi próximo à sua propriedade que o problema começou. “Nosso caso foi antes do temporal. Os funcionários da RGE vieram no sábado por volta das 22h30 para atender ao chamado. Eles tiraram a chave do poste e tiraram os fios da estrada, mas deixaram tudo em cima das minhas parreiras e foram embora. Nós ligamos para lá, mas disseram que não há previsão de retorno”, diz o agricultor, que precisou guardar comidas em casas de familiares para evitar que estragassem. “Minha esposa faz capeletti por encomenda e na terça-feira tivemos que colocar fora 20kg do alimento”, destaca.

Parisotto se compadece da situação de um vizinho, que tem a mãe de 88 anos que necessita de nebulização por problemas de saúde e teve que adquirir um gerador.” Também tenho meu pai e minha mãe, com 75 anos cada um, que estão passando por isso. Certo que tem o fogão a lenha, mas eles ficam no escuro de noite. É perigoso”.

Perdas na agroindústria

A falta de energia elétrica afetou a produção da agroindústria de massas da moradora da Linha São Valentin 96, Fernanda Meotti, que classifica a posição da RGE como de “descaso total” e diz que a situação enfrentada pela localidade é frustrante. “No local se encontram microempresas que estão todo este tempo paradas, sem produzir. Tenho uma agroindústria de produtos congelados onde o prejuízo com produtos estragados e a quebra na produção já passa dos R$ 2.000,00”, lamenta. “Qualquer alegação da parte da RGE sobre o temporal não é válida, pois a falta de energia ocorreu antes, e logo foi informada”, acrescenta.

A moradora da Linha Ferri, Diva Flaumia, que tem uma agroindústria de vinho colonial, relata que precisou comprar um gerador para amenizar as perdas. “Aqui em casa estragamos muitas coisas. Tínhamos ovos na chocadeira que faltava poucos dias para nascer e perdemos tudo”, comenta.
Volta do serviço
Às 17h de quinta-feira (14), a concessionária respondeu que estaria no local fazendo atendimento. Ainda, segundo a RGE, a interrupção foi causada por descarga atmosférica.
De acordo com Cedenir Postal, até o fechamento desta edição, as Linahs São Luiz e Natividade continuam sem energia.

 

Fios de luz caidos ainda estão energizados e oferecendo risco
Prejuízo incalculável das agroindustrias de alimentos e dos moradores da área rural