Mais de 20% dos jovens de Bento com idades entre 7 e 14 anos são obesos

2015-04-10_190211

Os dados foram registrados pela Sisvan, que afirmou ainda que 6% de crianças de educação infantil estão com peso elevado para a idade

O aumento dos índices de excesso de peso é uma realidade de praticamente todos os países ocidentais, em todas as faixas de idade e em ambos os sexos. De acordo com os dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) e do Programa de Saúde na Escola (PSE) de 2016, Bento Gonçalves registra que 6% das crianças de educação infantil encontram-se com o peso elevado para a idade. Enquanto que 37% dos estudantes do ensino fundamental estão com excesso de peso, destes 21% já na faixa de obesidade.
Por meio do Programa de Saúde na escola, alunos de 21 escolas municipais e estaduais realizam anualmente avaliação de peso além de outras avaliações de saúde. “Aqueles identificados com excesso de peso são orientados a buscar a unidade mais próxima para acompanhamento com nutricionista, e outros profissionais da rede de saúde quando necessário”, explica a nutricionista Érica Fiorin.
Ainda conforme a nutricionista, “é importante a introdução da alimentação complementar adequada e em tempo oportuno, para formação de hábitos alimentares saudáveis e prevenção da obesidade e de doenças como diabetes e hipertensão. Afinal, a alimentação da família é determinante para a formação dos hábitos alimentares da criança”, aponta.
Para embasar as orientações, são utilizados os 10 passos para alimentação saudável para menores de dois anos, elaborado pelo Ministério da Saúde e disponível na caderneta de vacinas da criança.
O Secretário de Saúde, Diogo Siqueira admite que não são dados positivos, mas afirma que a secretaria de saúde está trabalhando forte para combater o problema da obesidade, mas que a melhor forma de combater isso é a longo prazo e que a educação alimentar começa em casa.

“As mães precisam mudar os hábitos alimentares para que possam em casa fazer o melhor para os seus filhos. O principal responsável de mudança de hábitos ainda são os pais. O interessante é fazer isso ainda com os bebes em gestação”, afirma. Siqueira diz que é realizado testes para analisar a nutrição e índice de obesidade em cada aluno. O secretário alerta ainda sobre os riscos do sobrepeso e a obesidade infantil.
“Na nossa região existe um paradigma antigo que criança gordinha é bem alimentada. É difícil mudar a cultura e um pensamento bem enraizado, mas é algo que temos que fazer aos poucos. Uma criança gordinha não quer dizer que é saudável. Temos que identificar os dados, pegar o sobrepeso, fazer exames nas crianças e trabalhar como um todo”, afirma.
Os dados do Sisvan sobre o consumo alimentar de crianças menores de dois anos do município mostraram um alto consumo de alimentos ultraprocessados, como por exemplo, refrigerantes, sucos artificiais, biscoitos recheados e macarrão instantâneo. A maioria das Unidades de Saúde, bem como o Centro de Referência Materno Infantil contam com nutricionista para orientar os pais sobre os alimentos que devem ser oferecidos a partir do 6º mês de vida, e também sobre quais os alimentos que devem ser evitados.

Sobrepeso e obesidade em alta
A obesidade e o sobrepeso vêm aumentando no Brasil assim como em toda a América Latina e Caribe, com um impacto maior nas mulheres e uma tendência de crescimento entre as crianças, aponta relatório conjunto da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Pan-americana de Saúde (Opas) divulgado recentemente.
De acordo com o levantamento, intitulado “Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe”, mais da metade da população brasileira está com sobrepeso e a obesidade já atinge a 20% das pessoas adultas no país, enquanto 58% da população latino-americana e caribenha estão com sobrepeso, num total de 360 milhões de pessoas, e a obesidade afeta 140 milhões, ou 23% da população regional.
Segundo o documento, elaborado com base em dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o sobrepeso em adultos no Brasil passou de 51,1% em 2010, para 54,1% em 2014. A tendência de aumento também foi registrada na avaliação nacional da obesidade.
Em 2010, 17,8% da população era obesa; em 2014, o índice chegou aos 20%, sendo a maior prevalência entre as mulheres, 22,7%. Outro dado do relatório é o aumento do sobrepeso infantil. Estima-se que 7,3% das crianças menores de cinco anos estão acima do peso, sendo as meninas as mais afetadas, com 7,7%.