Macacos não são transmissores de febre amarela

2015-04-10_190211

Os macacos podem representar um alerta às autoridades quanto à incidência de febre amarela em áreas silvestres. Isso porque esses animais também são vulneráveis ao vírus, e a detecção de infecções em macacos ajuda na elaboração de ações de prevenção da doença em humanos.
“Eles servem como anjos da guarda, como sentinelas da ocorrência da febre amarela”, explica Renato Alves, gerente de vigilância das Doenças de Transmissão Vetorial, do Ministério da Saúde. “É importante que a gente mantenha esses animais sadios e dentro do seu ambiente natural porque a detecção da morte de um macaco, que potencialmente está doente de febre amarela, pode nos dar tempo para adotar medidas de controle para evitar doença em seres humanos”, defende Renato Alves.
O pesquisador e presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia (SBP), Danilo Simonini Teixeira, também alerta que os macacos não são responsáveis pela transmissão da doença, que ocorre pela picada de mosquitos.
“Esses animais estão sendo mortos por conta de medo da população humana em relação à transmissão do vírus. Se você mata os animais, vai haver um prejuízo, porque a vigilância não vai ser feita devido ao óbito daquele animal por uma pessoa.”

Denúncias
A ativista dos animais Luisa Mell, postou em seu Facebook na terça-feira (16) sobre denúncias que tem recebido de agressões e assassinatos à macacos “tudo por causa da desinformação das pessoas em relação a febre amarela. O macaco não transmite a febre amarela. Ele é vítima, como nós humanos do vírus”. Na publicação, que atinge mais de 16 mil compartilhamentos, ela orienta que as pessoas parem de culpar os primatas pela propagação da doença e que protejam-se, vacinando-se.
É possível denunciar a matança ou maus tratos de macacos pela Linha Verde do Ibama (0800 61 8080). Na denúncia, podem ser encaminhados vídeos e fotos que auxiliem na identificação do crime e de quem o cometeu, por meio do e-mail linhaverde.sede@ibama.gov.br.

Legislação
Matar animais é considerado crime ambiental pelo Art. 29 da Lei n° 9.605/98. De acordo com a legislação, “matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente ou em desacordo com a obtida” pode gerar pena de seis meses a um ano de detenção, mais multa.

Casos recentes
No último fim de semana, dois macacos foram encontrados mortos em Munhoz (MG). No Rio de Janeiro, quatro macacos-prego foram encontrados mortos na tarde de domingo na Rua Alves Câmara, via de acesso para a Floresta da Tijuca.
Em Petrópolis, na região serrana do Estado, outros macacos foram encontrados mortos também. Em São Paulo, desde o início do ano, já foram registradas seis óbitos dos primatas. Os casos podem estar atrelados ao surto de febre amarela no sudeste. No entanto, a população deve estar atenta que eles não causam a doença.