Livro sobre Cancro Europeu é lançado pela Embrapa

2015-04-10_190211

O cancro europeu é uma doença causada pelo fungo denominado de Neonectria Galligena. Foi detectada pela primeira vez em um viveiro comercial no RS no ano de 2002

Estando entre as piores doenças que ataca os pomares de maçã no mundo, o cancro europeu ganha evidência na fabricação científica do Brasil. A publicação foi elaborada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O cancro europeu é uma doença causada pelo fungo denominado de Neonectria galligena. Foi detectada pela primeira vez em um viveiro comercial no RS no ano de 2002. Naquele ano realizou-se um trabalho de erradicação oficial das plantas doentes visando evitar a disseminação da doença para as demais regiões produtoras. Apesar deste esforço, houve ressurgência da doença em pomares do RS, SC e PR. Trata-se de uma doença muito agressiva que causa cancro profundo no tronco e nos ramos podendo causar a morte das plantas. É uma doença que se transmite por esporos liberados no ar e principalmente, pelas mudas infectadas. O fungo cresce no tecido lenhoso, atingindo as camadas mais internas, formando um calo e, posteriormente, expõe o tecido dos vasos condutores de seiva, criando um cancro. Esses cancros podem afetar ramos de um ou mais anos, além de levar mudas à morte, causando estrangulamento.

Além disso, o fruto também pode ser infectado pelo cálice ou outro ferimento, onde desenvolve uma podridão firme e de cor marrom-escura que deprecia o fruto diversas plantas são afetadas pela doença que se dissemina com rapidez. As pereiras, salgueiros, papoulas, e espécies de árvores ornamentais, estão entre os hospedeiros.
O período crítico de infecção começa na fase de queda das folhas, no outono. A cicatriz deixada no ponto de abscisão das folhas é o ponto ideal de infecção pelo fungo. Além dos ferimentos naturais, todo o tipo de dano mecânico é considerado como porta de entrada para o fungo, cujo desenvolvimento é lento, podendo os sintomas se manifestar dentro de 3 meses até 3 anos após a infecção do fungo. Os esporos do fungo põem ser disseminados pela corrente de ar até 10 km de distância Segundo Silvio André Meirelles Alves, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho e um dos editores da obra, essa é a primeira publicação a tratar exclusivamente da temática do Cancro Europeu no Brasil. Nas palavras do pesquisador: “Nossa ideia foi reunir neste livro informações obtidas desde a entrada da doença ao Brasil, em 2011, até às principais orientações para o seu controle até o momento, as quais foram definidas ao longo da realização de Projetos de pesquisa que contaram com o aporte financeiro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento”.  Ao longo das 190 páginas, organizadas em treze capítulos, os 26 autores de diferentes instituições de pesquisa, extensão rural, universidades públicas e privadas, dividiram-se na tarefa de relatar a história recente do Cancro no Brasil. Ainda, segundo a pesquisadora da Embrapa Uva e Vinho e também editora da publicação, Ana Beatriz Czermainski, o livro traz mais subsídios para pesquisas e ações futuras na continuidade do enfrentamento do problema do Cancro.

Medidas de Prevenção e controle em pomares
Pulverização das macieiras com fungicidas protetores (Dithianon, Captan e cupricos) antes do início de cada poda e ate sete dias após; Quando necessária à poda verde, executá-la até o final de Janeiro. Em Unidades de Produção – UPs, com incidência de até 1%, as plantas com sintomas deverão ser arrancadas e incineradas.  Nas UPs com incidência superior a 1% de plantas com sintomas de Neonectria galligena, deverão ser realizados os seguintes procedimentos:

Eliminação e incineração dos ramos menores de 3 (três) cm de diâmetro que apresentarem cancros, sendo realizadas no mínimo duas intervenções no período vegetativo e outras duas no período de repouso.
Limpeza e tratamento de cancro em ramos maiores de 3 (três) cm de diâmetro, sendo realizadas no mínimo duas intervenções no período vegetativo e outras duas no período de repouso e os segmentos retirados dos cancros cobertos com solo.
Quando o tronco estiver comprometido em até 50% do perímetro pela doença, este deverá ser limpo e desinfetado com álcool 70% seguido da aplicação de pastas fungicidas;
As plantas que apresentarem o tronco comprometido com cancros maiores de 50% do seu perímetro deverão ser arrancadas e incineradas.
As plantas tratadas e/ou podadas deverão ser identificadas para que nos ciclos seguintes, possa se verificar a eficácia das práticas. – As plantas identificadas que apresentarem novas lesões deverão ser removidas e incineradas.
Todas as ferramentas utilizadas na remoção dos ramos com cancros e na retirada dos tecidos afetados pelos cancros deverão ser limpas com um desinfetante.
As Plantas com menos de três anos que apresentarem sintomas deverão ser eliminadas.
No período de queda das folhas (outono) deverão ser realizados os seguintes procedimentos para as pulverizações dos pomares:
Tratamentos com fungicidas protetores (cúpricos) durante as fases: 10% da queda de folhas, 90% da queda de folhas e 30 dias após.
Na fase de 50% de queda de folhas deverá ser realizado um tratamento com fungicida curativo (tiofanato metilico) associado um protetor.
No início da brotação as plantas deverão ser pulverizadas com fungicidas protetores.
Para os pomares que tenham sido afetados por granizo, deverão ser realizadas duas pulverizações com intervalo de sete dias com uma combinação de fungicida protetor, curativo o e fosfito.
Para o controle da podridão dos frutos causada por Cancro Europeu, deverá ser pulverizado fungicida curativo (tiofanato metilico) no estádio fenológico de queda de pétalas e até dias antes da colheita.
Medidas de Prevenção e controle em unidades de produção de mudas (viveiros) Os viveiros de macieira deverão obedecer aos seguintes procedimentos:
Estar localizados a pelo menos 10 km de distância de pomares com registro de ocorrência da doença Neonectria galligena.
O Responsável Técnico do viveiro deverá solicitar ao ministério da Agricultura (OEDSV) a inscrição da UP com antecedência mínima de noventa dias antes do plantio.
As mudas deverão ser pulverizadas, no mínimo, mensalmente com fungicidas protetores alternados com uma combinação de fungicidas protetores e curativos.
Sempre que realizada uma prática que cause ferimentos, as plantas deverão ser pulverizadas com fungicidas protetores antes do início da prática e até sete dias após a mesma.
As mudas deverão ser imersas durante uma hora numa calda constituída de uma associação de fungicidas protetores e curativos antes de serem armazenadas em câmara frigorífica ou plantadas.
A obra rural “O Cancro Europeu no Brasil” está sendo comercializado ao custo de R$ 20,00 na Sede da Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves.