Falta de segurança, iluminação, estrutura, e até mesmo de higiene, são citadas por livreiros como fatores negativos
A 32ª edição da Feira do Livro de Bento Gonçalves terminou, e mais uma vez o prefeito (repetindo o que aconteceu na abertura do evento) Guilherme Pasin não participou da feira.
O Secretário Evandro Soares representou Pasin. Entre aplausos e lágrimas, uma grave denúncia por parte da livreira de uma das principais livrarias participantes da feira. Flávia Kuwer, da Do Arco da Velha, de Caxias do Sul, afirma que na madrugada do domingo, dia 22, foi roubado R$ 3 mil reais em livros. De acordo com ela, até o momento nada foi feito por parte da organização.
“Essa foi a pior feira, não tivemos segurança e até agora não tivemos nenhuma posição da feira sobre o roubo. O secretário só foi no dia ver o que estava acontecendo, mas nada foi feito, afirma. A indignação de Flávia não é apenas sobre a falta de segurança na feira. Falta de iluminação e condições básicas de higiene também foi criticado de forma incisiva. “Os livreiros não tinham banheiro e a iluminação estava péssima, não agregando nada aos livros. A estrutura que nos venderam estava muito ruim. Recebemos tudo podre e mofado”, desabafa.
A livreira acredita que na próxima edição é preciso ter uma maior integração entre todos livreiros e a administração. “A feira não se faz com três ou quatro livreiros, mas com todos, então precisam partilhar do mesmo tipo de tratamento. Eu nem sei quem foi o patrono desta feira, ele nem veio visitar nossa banca. Tivemos ainda uma redução na venda em 50%, comparando com o último ano”, diz.
Apesar das inúmeras criticas e o prejuízo acarretado pelo roubo, Flávia afirma que a feira de Bento sempre foi uma de suas preferidas. “A Feira de Bento sempre foi uma das que mais gostei de fazer, mas esse ano foi muito estranha. Espero que volte a ser a feira bonita que sempre foi. Foi testado esse modelo e não deu certo. A mudança serviu pra vermos que o outro modelo funcionava muito melhor”, diz.
Livreiro há mais de 30 anos
Adriano Duarte é livreiro há mais de 30 anos e desde 1994 participa da Feira do Livro de Bento Gonçalves. “Na época eu morava em Esteio e era o único livreiro fora de Bento a participar da feira aqui da cidade. Graças a Deus eu sempre tive sucesso em vendas. Eu faço feiras em escolas, então sei o que o público infanto-juvenil e adolescente gosta. Hoje, principalmente o adolescente, quer ler aventura, suspense e terror”, afirma.
A lamentação de Duarte é sobre o período do mês em que aconteceu a feira, que segundo ele, não propicia boas vendas. “O ideal seria que a feira acontecesse entre os dias 5 e 15, na primeira quinzena do mês. Nestes últimos dias de outubro as pessoas já não querem gastar, então dificulta mais nossas vendas. Os pais já não trazem os filhos porque sabem que não podem gastar”, lamenta.
O encerramento da Feira do Livro contou com os shows das bandas “Bardos da Pangéia” e “Elétrika Tribo”, ambas lideradas pelo cartunista e músico, Ernani Cousandier.
A equipe de reportagem entrou em contato co o secretário de cultura, para comentar sobre o episódio do roubo de livros, porém, não obteve retorno.
