Livreiros criticam falta de segurança e estrutura das bancas

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Com público abaixo do esperado, maior reclamação, no entanto, é quanto a distribuição das bancas, além da falta de segurança no período da noite

Os primeiros dias de Feira do Livro foram de movimentação intensa, mas, foi no sábado e domingo, que o público realmente lotou os espaços divididos entre as bancas. A maioria dos livreiros, no entanto, se mostram pessimistas quanto ao sucesso na venda de livros, além, de mostrarem descontentamento com a distribuição das bancas.
A livraria Do Arco da Velha, de Caxias do Sul, participa da feira há mais de 10 anos e Flávia Kower, responsável pela banca, participa do evento há pelo menos oito anos. Para a livreira, a edição 2017 é uma das mais fracas dos últimos anos. Flávia critica o formato da organização das bancas. “A Feira do Livro está com menos pessoas, menos gente circulando. O maior problema da feira é a questão da estrutura que deixou ela (a feira) meia perdida, não está com cara de feira do livro. Não tem ligação entre um bloco e outro de livreiros. As estantes também estão bem espremidas, com pouco espaço”, critica.
Com cerca de 3000 mil livros disponibilizados para comercialização, Flávia teme que a venda deste ano seja inferior a de 2016. Gostava mais da feira da Centenário, era mais bonita. Fazer a feira é conquistar quem não tem o hábito de ler também, conquistar novos leitores. “Não temos expectativa quanto o número de vendas, mas com certeza vai cair, porque o problema é da economia mundial, e todas as feiras que estamos fazendo está tendo uma queda no faturamento”, lamenta.
A casa espírita Cacique de Barros participa há mais de 20 anos da feira de Bento Gonçalves. Para Ana Rosa Gobato, livreira responsável pela banca, a Via del Vino é um lugar excelente para realização do evento, mas, segundo ela, falta segurança. “A única coisa que percebemos é que parece que não está tendo muita segurança à noite”, lamenta.
Com foco na literatura voltada à doutrina espírita, a livraria espera superar a expectativa de vendas do último ano. “No ano passado vendemos pouco mais de 700 livros, mas já tivemos feiras que vendemos mais de 1000 livros. Para uma livraria pequena, vender mais de 1000 obras em menos de 15 dias é ótimo”, afirma.
Para Tânia Castro, responsável por outra livraria local, o público é ainda tímido, mas aos poucos tem a expectativa de aumentar o volume de vendas. “Estamos participando pela primeira vez, e está sendo uma oportunidade muito boa. A venda dos livros está devagar, mas está muito bom. A intenção realmente é que as pessoas conheçam nossa literatura. São livros relacionados à palavra de Deus”, diz.

A alegria do patrono
Christian David, escritor de livros com a temática da fantasia, e que tem como público alvo, jovens leitores, comemora o fato de participar de uma feirado livro na função de patrono. David é o atual presidente da Associação Gaúcha de Escritores – AGES para o biênio 2017-2108. “É bacana participar de qualquer feira do livro, e participar de uma feira que é patrono tem um gosto especial, porque nos sentimos mais próximo das pessoas, da vida delas. Quando os jovens) leram o livro antecipadamente o papo foi muito rico. Eles tem perguntas muito inteligentes, além de muita curiosidade”, conta.
O autor já publicou mais de 10 livros, dentre eles, “Filme Proibido e outros minicontos” e “O Centauro Guardião”, lançados recentemente. Ainda neste ano, o autor lança também o livro intitulado, “Naquele Ano”.

O homenageado
O escritor, cartunista, pintor e músico bento-gonçalvense, Ernani Cousandier, é o artista homenageado da 32ª edição da Feira do Livro de Bento Gonçalves. Descrito como um dos maiores artistas em atividade no município, além de estar entre os melhores cartunistas do Estado, Cousandier não esconde a satisfação de ser o artista homenageado da edição 2017 da Feira do Livro. Com ampla bagagem cultural, o artista já participou de inúmeros eventos escolares, despertando o interesse dos alunos pela arte do desenho.
“O trabalho do professor é bem interessante, um trabalho de base, e isso muda o aspecto da obra na comunidade, ganhando outra dimensão e tornando importante. Somente a arte salva e neste momento a arte tem esse papel, justamente porque a cultura vive um momento muito difícil”, comenta.
Cousandier, conhecido também por traços arrojados, que marcam sua história como cartunista, desenvolve caricaturas também na Feira do Livro. “Estamos aguardando até que aqueça as vendas da feira. O tempo instável sempre inibe um pouco a circulação das pessoas. Estou fazendo caricaturas e vendendo pôster e o público está muito bom e circulando bastante”, comemora.
Os organizadores da feira, assim como o Secretário de Cultura, Evandro Soares, informaram no final da tarde de domingo, que ainda não haviam contabilizado o número de frequentadores nos primeiros dias de feira.